Passeio Noturno
A tarde chega e me aqueço
em outras paisagens
e vou registrando terras não-conhecidas,
que vivem às escondidas,
mas que se revelam ao meu sensor.
Anoiteço e obedeço
os sinais de outros sensores,
que passam a registrar
a Terra que passa...
Amanhecer, entardecer, anoitecer
são as rotas que sigo,
persigo em cada órbita que faço.
Aqui do alto sinto
os calores dos desertos africanos
e vou me refrescando por Europas
e outras terras frescas.
A tarde chega e me aqueço
em paisagens coloridas,
cheias de vida,
até que eu anoiteço.
Aí então me sinto entre dois céus,
o de verdade, cheio de estrelas,
e o da Terra
que virou céu,
azul-escuro,
com suas mil milhares de luzes
a piscar,
a brilhar
e a me saudar
quando passo...
Imagem da Terra à noite, feita a partir de uma série de imagens de satélites, de 27 de novembro de 2000, preparada pela NASA (Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço dos Estados Unidos), que mostra as regiões habitadas e desabitadas da Terra (mais iluminadas e menos iluminadas).
Águas Amazônicas
Á guas amazônicas,
irmãs icônicas.
Águas entrelaçadas,
entrecortadas por terras,
que erram em ilhas,
longas linhas andarilhas,
misturam-se com outras águas,
se arrebentam e levam o chão...
São águas amazônicas,
cheias de fertilidade,
várias tonalidades aladas.
São centenas de azuis irmãos,
Azul-verde, azul, branco-azulado,
águas e mais águas espumadas,
águas enormes ou delicadas,
águas grandes ou pequenas,
que o sensor corre para ver.
São águas amazônicas,
carregando emoções caboclas,
águas que se balançam ao vento,
e batem nos pés do barqueiro,
barco frágil em seus braços.
Águas históricas,
em reviravolta,
carregando tudo o que viram,
guardando enredos e segredos,
sagradas presenças sem volta.
Águas amazônicas,
se despedaçam, entrelaçam,
águas longínquas, estilhaçam
gotas, notas sinfônicas no ar.
Águas com e sem parentesco,
procurando um destino comprido,
se encontram, cheias de adereços,
confraternizam-se estrondosamente
na foz, veloz, em alta voz...
É a voz de todas as águas
trazendo segredos para o mar...
Há Tempos que Planejo...
H á tempos que planejo o melhor
para suas muitas vias,
veias, fios, tecidos para
formar sua teia, seu corpo todo.
Há tempos que
descobri muitos de seus segredos,
de seus recantos mais belos,
desde o Banhado,
aconchego redondo,
sempre pronto a nos abraçar,
até seus muitos nós,
que procuro desatar.
Há tempos estudo seu corpo,
suas trilhas, idas e vindas,
lugares marcados,
riscados no chão,
em Planos, Projetos, Idéias,
segredos segredados a poucos,
sobre seus ouros, louros,
suas raízes, tréguas de dores,
amores novos,
esperanças de tantos...
Há tempos venho descobrindo o melhor
de seu corpo, de suas belezas,
fraquezas que sei posso corrigir.
Há tempos que quero lhe dizer
que o verdadeiro remédio está
em unir as culturas,
ligar os fios dessa teia joseense
compromissada com a vida dos que andejam
por seus caminhos
sentindo as boas graças
de morar por aqui...
Imagem de satélite - SPOT PAN+XS - São José dos Campos. Região do Banhado. 2 set. 1997.
A área edificada da região próxima ao Banhado aparece em tons azulados e o Rio Paraíba, em preto.
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