MARIA DO CARMO LOBATO
Poeta amazonense, bacharel em Direito pela Universidade Federal do Pará, ex-procuradora autárquica federal. Poesia erótica, sensual.
Verbos
Cobre, agasalha, protege;
Descobre, expõe, oferece;
Olha, espia, procura;
Fala, grita, disserta;
Limpa, disseca, analisa;
Sintetiza, resume, sinoptiza, unifica;
Reivindica, esculhamba, escandaliza;
Ironiza, escarnece, blasfema;
Reza, ora, extasia-te;
Compadece-te, penaliza-te, abranda-te;
Recrudesce, luta, batalha;
Aguarda, não te entrega, segura;
Cobre, agasalha, protege;
Apazigua, acalenta, ama;
Oferta, oferece, evoca;
Alberga, acolhe, aceita;
E que passe, traspasse e repasse,
No impasse atual,
A VIDA por ti.
O meu pedaço de ti
Por que será
Que só consigo
Te ver muito mais
Da cintura
Para baixo?
Isso me deixa intrigada...
Será que é essa
A tua parte
Que me pertence mais
E que por isso mesmo
Me deixa as pernas trôpegas,
Quando a entrevejo
Sôfrega,
Me sacia exaustivamente,
Por alguns instantes,
Na sua sofreguidão
Benfazeja?
Será que é essa
A tua parte
Que me mata o desejo
E que por isso mesmo
É que, quando procuro
Te vislumbrar
Na mente,
Só consigo
Te ver nitidamente
Da cintura para baixo?
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Extraídos de Conto de Fada. 2. ed. São Paulo: Edicon, 1991. 96 p.
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