Home
Sobre Antonio Miranda
Currículo Lattes
Grupo Renovación
Cuatro Tablas
Terra Brasilis
Em Destaque
Textos en Español
Xulio Formoso
Livro de Visitas
Colaboradores
Links Temáticos
Indique esta página
Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


MAIARA GOUVEIA

 

MAIARA GOUVEIA

 

 

nasceu em 1983, em São Paulo. Possui poemas e artigos sobre cinema e literatura publicados em sites da internet, revistas e jornais. Entre eles, o ensaio "A Plasticidade na Poesia de Cesário Verde", publicado em agosto de 2006, na revista eletrônica Agulha e o artigo intitulado “A Exuberância & o Requinte”, publicado no suplemento cultural O Augusto, do Jornal da Paraíba, acerca da poesia dos poetas paulistas Rodrigo Petronio e Dirceu Villa.

 

Foi vencedora do 3º lugar do I Festival de Música e Literatura das Faculdades de Filosofia Letras e Ciências Humanas da USP, na categoria poesia, e finalista da 15ª edição do Prêmio Nascente, realizada no ano de 2006, com o livro de poemas,

ainda inédito, O Silêncio Encantado. A obra inaugural sofreu alterações e hoje se chama Pleno Deserto (à espera de editor).

 

 

OUTRA VEZ O CORPO

 

O fruto da bondade

não explodiu nesse solo rude.

Somos o Corpo e outra vez o corpo.

Animal divino que saqueia e fere,

cobre de lírios esse ventre estrangulado.

 

 

TURBA

 

Da saliva quente, o primeiro vulto.

Ao redor das omoplatas sibila o segundo.

Ascende da nuca.

 

Do baixo-ventre o terceiro pula.

Num volteio ímpar constrange a cintura.

 

No instante em que o quarto surge do artelho,

sob o frêmito, vem a turba.

 

Os olhos sucumbem nas dobras do corpo.

A língua, na frincha.

E a face turva.

 

 

A  MORTE CANTA. O CORPO SONHA.

 

Horas em chamas

Bebe a chama escura das horas,

o sangue do tempo.

Deita na sombra que estiola

no corpo sedento.

 

Cada segundo é uma porta aberta

Vejo seu dorso.

Quero tapar todas as frestas.

Mas você foge entre os dedos, nos seios,

no meio das pernas.

 

Enquanto a morte canta

Esse sopro de gelo na espinha é a morte que canta:

Não se retém o amor na concha das mãos.

Não se retém.

O amor, não se retém. Fica.

Enquanto puder.

 

O corpo sonha

Não vive a despedida com afinco.

Mas suga o primeiro pasmo até a última gota.

 

Há tanto mistério a ser capturado em pleno dia.

Há tanta noite umedecida no sonho do corpo.

 

 

NO SUMIDOURO

 

Ao redor do quarto

migra um cortejo de aves. Não vemos

pois estamos fechados.

 

Ao redor do quarto

um barco repousa em um mar sem ondas. Não vemos

pois estamos partindo.

 

Ao redor do quarto

baleias abertas e peixes mortos cobrem a angra. Não vemos

pois estamos sangrando.

 

Porque estamos sozinhos não vemos

suicidas engolfados nas brânquias tóxicas

dos cardumes. Não vemos

 

a morte solitária dos corais. Não vemos

a embarcação vazia permanecer

no silêncio das águas. Não vemos:

 

pois estamos no escuro.

 

 

POLIEDRO

 

Ao meio-dia, a praia queima,

o mar verdeja, a sombra rubra,

o sol golpeia as ondas e

as águas, líquidas fagulhas,

 

virando onda, e, de repente,

como se a areia crepitasse,

feito de um vidro incandescente,

espalhasse o brilho, estilhaços;

 

e ao mar, a língua de fogo

do vento laranja subindo,

trouxesse o ímpeto dos fortes

e a aparência dos guerreiros,

 

e como um elmo prateado,

o cintilar sobre o cardume,

e a vivacidade das cores,

compondo um quadro impressionista.

 

E a praia, como um espelho,

um poliedro envidraçado,

a batalha de rubro e prata,

e o enorme incêndio nas águas,

 

como reflexos de tinta.

 

====================================================

 

De
Maiara Gouveia
PLENO DESERTO
Desterro, SC: Edições Nephelibata, 2009

 


"Tessitura de música e imagens e, ao mesmo tempo, negação do esteticismo, Pleno Deserto devolve a linguagem à sua foz e à sua nascente: o corpo."
 RODRIGO PETRONIO

 

 

Fetiches

 

Olhos feito mãos dentro das coxas
as pupilas vibrantes entre as frestas
roçando o rendilhado branco
no meio túmido entre as pernas.

Ai, quanta deselegância
eu provocar tanto constrangimento!
mas depravada ainda sinto o grão prazer
daquele breve erguer das sobrancelhas.

 

 

Inerme Desencanto

 

depois de tudo, a cintura entre os dedos

absorvo o silêncio encantado

 

ela ainda pulsa, não entende,

quando calado sorvo todo encantamento

 

porque a palavra nesse instante é vã,

e a resposta no suor desfalecido

é, sem dúvida, mais válida

 

— deixa o corpo descansar sorrindo

deixa o silêncio ecoar bebendo

a rosa cálida de sabor divino

 

mas ela, aflita, pousa em mim uma vontade

ainda tesa e retesada e até no rosto

a vontade repetida reitera.

 

 

Desencanto

 

As mesmices cotidianas desmoronam

quando estamos juntos.

 

Parece que o tempo pára e averigua

que cintilamos de volúpia.

 

Consumidos pela alegria de trazer à tona

um prazer legítimo

que não se repete em mil eras.

 

De repente, depois da viagem,

voltamos a nos ver entre os limites das paredes:

 

nossos corpos não vêm mais com paisagens,

ou entre nuvens de luz furta-cor e néon.

 

Já não somos deuses.

 

 




Voltar para a página de São Paulo Voltar para o topo da página

 

 

 
 
 
Home Poetas de A a Z Indique este site Sobre A. Miranda Contato
counter create hit
Envie mensagem a webmaster@antoniomiranda.com.br sobre este site da Web.
Copyright © 2004 Antonio Miranda
 
Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Home Contato Página de música Click aqui para pesquisar