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M. A. AMARAL REZENDE

 

M. A. Amaral Rezende é escritor, estudioso de Pintura, fotógrafo e consultor de Branding. Discípulo dos poetas do grupo Noigandres, no Brasil, e de Maurice Roche, na França. Em suas obras, concentrou-se em encontrar uma resposta estética à questão “o que é o desejo de um homem por uma mulher?” Esta busca o levou aos mistérios da relação entre o amor e o desprezo – a coluna central de Mulheres de Passagem, histórias de amor e morte. Sempre com o prazer de uma escrita sádica e rigorosa, lição de Thomas Mann, via Haroldo de Campos: “Meisterludi, rigor!”, 1967.

 

REZENDE, M. A. AmaralTodos os corpos Corpus.  São Paulo: Editora
Perspectiva, 1988.    75 p    22 x31.5cm.     capa dura, sobrecapa. 
Imprimatur Haroldo de Campos.   ISBN 85-273-0006-0 

(“livro de textos eróticos, prazer do corpo, dos corpos, do corpus escrito. Exercícios de mímesis, do corpo a corpo com os corpos e com os corpus de leituras —jogos de cama e mesa, de mulheres e de páginas. Umas abrindo outras”...)

Texto da apresentação: www.atelie.com.br

***

 

Curvas plúrimas — em dupla, com V,
por preciso — te viam ortogonal, em
campos de brilho, o brilho? Pele de
couro, querer de tato, superfície sem
geometria ao corte transversal. Após
o olhar, deslize de passos no brilho,
desfoque de toque. Me esmago e comprimo,
sem vista à memória; volume uno, sem
convexa na côncava, ressurgem orquídeas.
Muito antes, após as rendas de corte
oblíquo, pólen no veludo, respiros.
Aqui me corto, teus lábios entre pêlos,
frio de quente. Dedos e lábios sobre a
garganta, voltavam as orquídeas, entre
vermelho mais claro, tremor sem afastar.
Ou tremer? Lábios em pêlos, inexistentes
por microscópicos. Dedilhas de línguas
em centro único, véspera de dentes,
entre peles e dentes.

 

***

 

No centro, reencontra-se o círculo, signo do texto.
Presente o passado, inscreve-se a palavras, a
véspera dos dedos maquiados e sob medida de
lábios verticais, em navalhadas nos pentelhos,
ao Sol. Algo oval versus o cilindro interno, preso
entre letras versus o livre do tecido: nomes que
se querem corpos, sonho de transparência. Em
horizontal, tua mão cobria e corria a largura da
coxa, o círculo salta em semicírculo, em perfil
de onda às inversas. Ao fundo, colunas rebatem
silhuetas erectas, lívidas prometem corpos; além
de coluna, apenas curvas e, à volta, o círculo
em movimento. Dentro e fora, puro acidente/ mais
dentro que fora. Pulsas concreto: o signo do texto
se faz desenho, curvas da letra ao aperto final: 0.

 

 

Que (se) quer corpo: coxa por coxa.

 

 

Página publicada em agosto de 2019

 

 

 


 

 

 
 
 
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