LUIZ ROQUE
REVISTA DE LITERATURA BRASILEIRA – LB 48 – São Paulo, SP: 2007. Direção: Aluysio Mendonça Sampaio. Ex. bibl. Antonio Miranda
AGARRE A VIDA
Poema de Luiz Roque
Agarre a vida, meu filho.
Crendo ou não crendo, agarre a Vida.
Como você pega o ônibus lotado
e força e penetra, rasgando caminhos.
Enfrente a Vida,
como Anchieta enfrentava,
a pé,
as picadas da Serra do Mar.
E como Raposo Tavares,
rústico e cruel,
percorria as matas do Brasil,
cortando-o de Sul a Norte.
Abra as veredas com facão, com foice,
ou, simplesmente,
amassando o mato sob os pés.
Mas não pare. Avance sempre.
Vida: compre essa briga,
aceite esse desafio.
Não balance os ombros, jamais.
A nada seja indiferente.
E você irá acreditar e terá uma opinião,
um desejo, e lutará por eles.
É como você quer o seu time em campo.
Com garra. Na ofensiva. Brioso.
De que outra forma poderá ele
manter a tradição? Fazer jus ao nome?
É isso: agarre a Vida.
Como à direção de um Fórmula 1,
Como à mulher na cama.
Respeite os homens que competem
pelo amor dessa dama.
Porém, leve-a você.
Não fique à margem, lamentando-se.
Não se deixe derrotar.
Agarre a Vida,
Segure-a, domine-a, vença-a
Arraste-a pelos cabelos.
Página publicada em setembro de 2019
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