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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Foto: eba.ufmg.br

 

LUIZ NAZARIO

 

 

Luiz Nazario (São Paulo, 1957) é um historiador e professor brasileiro, especialista em cinema, autor de diversas obras de referência neste tema.

De origem italiana, Luiz Nazario graduou-se em História pela Universidade de São Paulo (1975-1979), colaborou, como crítico de cinema em diversos veículos de comunicação, nomeadamente nos jornais Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo; nas revistas Set e IstoÉ; nos periódicos Filme Cultura e Cultura VOZES.

Em 1989 conclui seu Mestrado em História Social na USP, sob a orientação de Anita Novinsky, sobre o tema Autos-da-fé como espetáculos de massa.

Em 1994, após três anos de pesquisas nos principais arquivos de filmes da Alemanha com uma bolsa DAAD-CAPES, conclui sua tese de Doutorado, sob a orientação brasileira de Anita Novinsky e supervisão alemã de Michael Prinz, sobre o tema Imaginários de destruição: o papel da imagem na preparação do Holocausto.

Foi o curador da mostra Cinema Mudo na Alemanha e na América Latina, do Instituto Goethe, no III Eurocine, apresentada em diversas cidades da América Latina e da Alemanha, entre 1995 e 1996.

Entre 1994 e 1996, desenvolveu seu pós-doutorado sobre judeus alemães sobreviventes do Holocausto no Centro de Estudos Judaicos, dirigido por Rifka Berezin, no Departamento de Letras Orientais da Faculdade de Letras da Universidade de São Paulo, quando também coordenou o Grupo de Pesquisa da Discriminação (GPD), editando o boletim O Estado da Sociedade.

Desde 1995, colabora como relator para o Brasil no anuário Anti-Semitism Worldwide, da Tel Aviv University.

Desde 1996, é professor de Cinema na Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais.

Desde 2002, é pesquisador bolsista do CNPq, desenvolvendo o projeto: Cinema e Holocausto.

 

Bibliografia: O cinema industrial americano (Edição do Autor, 1981; Nova Stella, 1982);  Pasolini (Brasiliense, 1982, 1982, 1983); De Caligari a Lili Marlene (Global, 1983); Da natureza dos monstros (Edição do Autor, 1983; Arte & Ciência, 1998, edição ampliada); À margem do cinema (Nova Stella, 1986); Sexo, a alienação do desejo (Brasiliense, 1987); As sombras móveis (Editora da UFMG/mídia@rte, 1999); Segredos (Memória Gráfica, 2001); Autos-de-fé como espetáculos de massa (Humanitas/EDUSP/FAPESP, 2005); Todos os corpos de Pasolini (Perspectiva, 2007); O cinema errante (Perspectiva, 2013). 

 

NAZÁRIO, LuizSegredos.  Belo Horizonte: Edições Memória Gráfica Typographia Escola de Gravura, 2001.  176 p. ilus.  16,5x24 cm.  Ex. bibl.  A.M. (EE)

 

         A QUEDA

Nem sei mais desde quando...
Desde sempre?
Nem sei bem porquê...
E já soube?
Fui caindo, caindo,
como do céu um meteorito,
chorando a vida brilhante
que levava perto do sol.
Hoje, aqui, no chão frio,
entre caixas e vidros vazios,
coberto de trapos e feridas,
deposito toda esperança
numa nova lata de lixo.

 

ORQUESTRA MINÚSCULA 

um cantinho encantado do mundo
existe uma orquestra minúscula.
Cada um de seus instrumentos
não é maior que um dedal.
Os músicos desta orquestra
são homúnculos muito tímidos,
que passam uma eternidade

afinando seus instrumentos.

A orquestra minúscula

é uma sensação, um prodígio,

mas raramente se apresenta.

E não se pode contratá-la:

ela não tem empresários,

nem se exibe em teatros.

A orquestra minúscula

só irrompe em momentos mágicos.

Ela toca para os que agonizam,

depois de uma vida plena;

para os amantes que se encontram,

depois de uma busca infinita;

para as crianças perdidas,

e os génios desesperados.

A orquestra minúscula

toca para poucos.

Sua música maravilhosa é abafada

pelo burburinho do mando,

mas os que a ouvem são transportados

para uma outra realidade.

 

Eu ouvi a orquestra minúscula.

Estava tão triste, tão triste...

Foi quando escutei a melodia.

Tomei depressa de uma lupa

e vi os músicos pequeninos

em seus fraques brancos

afinando seus instrumentos,

esperando, nervosos,

que eu parasse de chorar,

e fizesse silêncio absoluto.

Enfim, o milimétrico maestro

dançou no ar com a batuta.

Que beleza, que encanto,

todos vestidos de gala,

tocando-me suas partituras

tão únicas, tão ensaiadas.

Os instrumentos miniaturas

reluziam como pequenas jóias.

Sons delicados e suaves

inundaram-me de alegria,

elevando-me para além de toda dor

e de toda expectativa.

A musiquinha tornou-me mais puro,

como todos aqueles que sonham.

Desde então, vivo a esperar

por uma nova audição.

A orquestra minúscula gosta de tocar

para os que são absolutamente sós.

E que grande prazer ouvida,

depois de suportar o insuportável.

 

Extraído de

 

POESIA SEMPRE. Número 28. Ano 15 / 2008.  Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, 2008.  246 p.     Editor Marco Lucchesi.  Ex. bibl. Antonio Miranda.

 

Angustia do excesso

Estou cheio de ideias, de coisas, de vida.
Estou cheio de imagens, de dados, de sons.
Estou cheio dos outros, de mim, de todos!
Jogarei tudo fora! Quero ficar vazio, oco!
Viverei na ausência, no vácuo, na carência.
Até me encher do nada. E começar de novo...

 

Rotas destroncadas

Rotas destroncadas,
viajo dentro de viagens,
com malas desdobradas
e hotéis em suspensão.
Projeto meu único corpo,
quase simultaneamente,
em diversas direções,
nesta Europa que exige,
para ser toda desfrutada,
beldade cruel e perversa,
mil vidas de cada amante.

 

Poema trágico

Oscilo entre a lástima e a irritação,
experimentando estranha sensação,
como se do rubro círculo estrelado,
ao qual fomos lentamente obrigados,
nunca mais conseguiremos escapar,
pois de manso perdemos, ao afundar,
entregando-nos a esse estado de coma,
a força de querer, um dia, voltar à tona.

 

 

Página publicada em outubro de 2018


 

 

 
 
 
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