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LISINDO COPPOLI

 

COPPOLI, Lisindo.  Política em versos. Sonetos humorísticos.  São Paulo: Livraria Editora Antonio de Carvalho, s.d.  160 p.  14x19 cm.   Capa do caricaturista Manolo. Poemas datados entre 1950 e 1953.  Col. A.M. 

 

NO ESCRITÓRIO

 

— Eu não suporto mais esta opressão!

Sou comunista revolucionário

Gosto da liberdade e sou adversário

Daquele que se diz chefe ou patrão.

 

Isto aqui não é vida:, é escravidão l

E assim não pôde ser! O proletário

Não se espezinha mais! Pelo contrário.,

(E nisso chega o chefe da seção).

 

— Pois é, como eu dizia, neste mundo

A disciplina é tudo, e no trabalho

Quem. costuma queixar-se é o vagabundo.

 

E nosso chefe, um homem tão abnegado...

Oh, bom dia! Está aqui, senhor Carvalho?

Peço perdão... não tinha reparado.

Lisindo Coppoli – Brasil – Poesia dos Brasis – São Paulo – poesia humorística – política e poesia - humor

 

 

 

ELEIÇÕES MODERNAS

 

P.S.D.;U.D.N.;P.S.P.;

P. R.; P. T. B.: que trapalhada!

Eu, francamente, não compreendo nada;

Puro quebra-cabeça é que isso é.

 

Dar aos partidos nomes tais, por quê?

E' uma medida ilógica, antiquada.

Coisa muito melhor, mais acertada,

Seria numerá-los: um, dois, três..

 

Um sistema tão prático e moderno

Seria, não há dúvida, eficiente

Para a escolha dos homens do governo.

 

De fato, sendo assim, poder-se-ia

Proceder à eleição do presidente

Pela extração dalguma loteria.

 

Janeiro — 1950

 

 

 

SÃO GETÚLIO, “ORA PRÓ NOBIS”

 

Todos, um a um, e mesmo aos pares,

Correm, contritos, a adorar o Santo;

O novo Buda, lá no seu recanto,

Vai doando sorrisos aos milhares,

 

Amigos novos, velhos auxiliares,

Inimigos de um tempo: causa espanto

A romaria, que demonstra quanto

São da vida mutáveis os azares.

 

E São Getúlio, sorridente, escuta

Aos que o procuram diariamente e os quais

Vão pedir seu auxílio para a luta.

 

E para todos tem o ex-ditador

As belas expressões habituais:

"Mas... Quem-sabe... Talvez... Conforme for.. .'"

 

Abril — 1950

 

 

 

"CAUTELA E CALDO DE GALINHA...”

 

Já desaparecida a agitação:

Que a escolha de' um governo sempre encerra.

Está-se inaugurando em nossa terra

Uma era de paz e compreensão.

 

Getúlio, o novo chefe da Nação,

A quem o povo em pânico se aferra,

Não mostra ter. propósitos de guerra;

E os chefes 4os. Estados também- não.

 

Estes, segundo informam os jornais,

Com palavras abertas e leais  

Hipotecam apoio ao Presidente;

 

Tão espontâneas manifestações;

Demonstram que não há mais dissensões;

E, também, que mais vale; ser prudente;

 

Fevereiro — 1951

 

 

FEITOS À MÁQUINA

 

"Nas próximas eleições municipais serão todas

máquinas Hollerit” (Dos jornais).

 

A nossa situação vai melhorar.

Se é verdade o que dizem os jornais,

Daqui por diante não teremos mais

Nenhum motivo p'ra nos lastimar.

 

Informa a imprensa que para votar

Vão ser usadas máquinas, as quais

Irão cuidar dos nossos ideais

Poupando-nos o esforço de pensar.

 

'Tais_ aparelhos foram inventados

P'ra se obter em pouquíssimos instantes

Bons vereadores e hábeis deputados.

 

E assim podermos, com satisfação,

Dizer: — "O quê !... nossos representantes?

Todos feitos à máquina eles são!"

 

Junho — 1951

 

 

 

"O PETRÓLEO É NOSSO!"

 

É nosso, sim! Unicamente nosso!

E devemos dizê-lo a todo instante.

Esse petróleo é a prova mais flagrante

De que o Brasil se tornará um colosso,

 

Assim sendo, senhores, eu não posso

Compreender como alguém tenha o desplante

De dizer que não temos o bastante

P'ra abrir, sozinhos, nem sequer um poço.

 

Mas isso, para usar toda a franqueza,

Ê desejar que os norte-americanos

Venham surrupiar nossa riqueza.

 

Nunca, porém, tal coisa se dará!

Pois, embora eles possam ter seus planos,

Não sabem — e nem nós — onde é que está.

 

Pezembro — 1951    

 

 

 

SARDINHAS E TUBARÕES

 

"Não vim aqui para pescar sardinhas

Mas sim para fisgar bons tubarões!"

Leram direito' Tais afirmações

São de Getúlio Vargas, não são minhas.

 

Sem ser preciso ler nas entrelinhas,

Todos compreendem essas alusões:

Os potentados são os tubarões

E nós, povinho, somos as sardinhas.

 

O nosso Presidente, homem sagaz,

É um velho fisgador muito capaz,

Sabendo usar também redes e linhas.

 

Mas convém que inicie a operação

Logo e que seja rápido, senão

Os tubarões dão cabo das sardinhas.

 

Janeiro — 1952    

 

 

 

O SALÁRIO MÍNIMO

 

'Enfim, foi assinada a lei que altera

Nosso salário mínimo. Com isso

Solveu o Governo um, grande compromisso

E também iniciou uma nova era.

 

Diz um velho ditado: "Quem espera

Sempre alcança". Apesar de ser sediço,

É uma verdade, e concluímos disso     

Que tudo pode a fé quando é sincera

 

Um ou outro talvez seja contrário

A que lhe se dê o nome de salário:

Há sempre alguém que nunca está contente.

 

Mas, quanto ao adjetivo, quero crer,

Ninguém há de ter nada que dizer,

Pois é mínimo indiscutivelmente.          ;'

 

Dezembro — 1951  

 

 

 

Página publicada em dezembro de 2013


 

 

 
 
 
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