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LILIA A. PEREIRA DA SILVA
Lília A. Pereira da Silva é escritora, poeta, pintora, desenhista, capista e ilustradora de livros. Publicou noventa e dois livros nas áreas de poesia, romance, literatura infantil, artes plásticas, didáticos de Direito, de Psicologia e Artes Plásticas. Alguns dos títulos publicados pela Autora: Desenho e Pintura (2002), Carnaval Brasil (1996, 2ª ed.), Elipses do anjo (1993), Cartas à minha sombra (1997), Álbum de mim nua (1997), Mínimos Conceitos (poesias) e Contos Abstratos (1994), Europeanas (1997, 3ª ed.), entre outros.
Lília A. Pereira da Silva nasceu em Itapira (SP). Reside em São Paulo. Foi professora de pintura e de piano, tendo participado de concertos. Cursou Secretariado, Jornalismo, Direito e Psicologia. Representou o Brasil em poesia, em Toluca (México), em 1972, e em Artes Plásticas, em Santiago (Chile), em 1974. Instituiu um prêmio anual, desde 1995, de Poesia e Desenho, com apoio da Prefeitura Municipal, Câmara Municipal de Esportes, Cultura e Turismo de Itapira, SP. Ilustradora e capista de livros nacionais e estrangeiros, Lília A. Pereira da Silva possui livros de suas poesias versadas em 8 línguas, tais como inglês, francês, espanhol, italiano, japonês, latim, norueguês e alemão.
Um ensaio sobre a autora encontra-se em: http://www.ucm.es/info/especulo/numero28/lpereira.html
Cabe ressaltar que ela foi uma das primeiras a ser publicada pelo (então) jovem Massao Ohno no início de sua carreira de editor, na célebre Coleção dos Novíssimos, em 1960:
De
SILVA, Lilia A, Pereira da. Estrêla descalça. Capa e ilustrações e Manabu Mabe. São
Paulo: Massao Ohno editora, 1960. 47 p. (Coleção dos Novíssimos)
O S E M P R E
do nada, enraizada,
o riso composto
qual uma rosa de barro.
o paralelo
do sol
com o gelo
que espinha o sangue.
e a pergunta ao mistério
quando a lua sobe,
do porquê deste tudo
contornado em verde
ante o espelho.
C A M I N H O
o que farei do vento, Pã e bruxo,
a encantar raízes em suas asas?
o que farei de mim se e a mim procuro
o homem exato no caminho errado?
o que farei de Deus se a Deus pergunto
por que “és” o noturno de ti mesmo,
e a noite mora em mim, treva sem astros?
N O T U R N O
a seiva das estrelas
e o meu instante de abismo,
sem teus braços.
não importa a agressividade da timidez,
o equilíbrio da sabedoria,
o sonho,
alimentando-me os passos.
Importa a ti renegado, e o mistério
deste anseio.
O S O N H O
além da lua de treva
na profecia da fonte,
o sonho.
além do canto dos cisnes,
do cismar das bestas
e das paredes profanadas,
o sonho.
além da gota em gota que me empesto,
suicídio da cronicidade do meu nada,
o preciosismo de uma luta finda
no sonho.
Ilustração de MANABU MABE
COLHEITA
na noite de ventos verdes,
ser o pólen.
na nuvem pintando o dia,
ser semente.
na tarde lilás de outono,
ser a flor.
na aurora vestindo sombras,
ser o ramo...
NOTURNO RURAL
o cantão do galo acorda meus extremos:
os gerânios dos teus ombros
e a medida do meu riso.
um dia, a noite nanquim
dormirá o canto do galo
e já não me cansarei
das estrelas manchadas de terra
com que enfeito
o conflito do meu tempo.
*
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http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/sao_paulo/sao_paulo.html
Página ampliada e republicada em fevereiro de 2022
Página publicada em novembro de 2011
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