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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

KOGUEN GOUVEIA

 

 

 

 

Koguen Gouveia, pseudônimo ou nome de batismo recebido pela Escola Soto Zen, iniciou os estudos sobre o Budismo aos 19 anos no Templo Theravada, Rio de Janeiro. Em 1989, escolheu a carreira sacerdotal no Mosteiro Zen Morro da Vargem, onde permaneceu em treinamento até 2004 sob a supervisão do abade Daiju Bitti, tornando-se seu primeiro discípulo. Atuou em todos os templos zen brasileiros, tais como Busshin-Ji, e Zengen-Ji.

 

No Japão, entre 1994 e 1998, permaneceu em diversos templos da Soto Zen Shu, a maior parte em Zuio-Ji, e em Eihei-Ji, onde obteve capacitação de monge pleno, passando pela avaliação de eminentes mestres tais como Narazaki Iko Rôshi, um dos mais ilustres bodisatvas do século XX, em que acompanhou seus últimos momentos, e também Itabashi Zenji, que posteriormente assumiria a abadia central.

 

De volta ao Brasil, desenvolveu, na história de toda a América, um trabalho pioneiro na área de arte sacra budista em madeira. No Mosteiro Zen Morro da Vargem encontra-se a deidade Avalokiteshvara, primeira imagem brasileira aos moldes tradicionais do oriente, além de todas as imagens oficiais dispostas nos altares. No Templo Kinkaku-Ji do Brasil finalizou a segunda e última escultura de grande porte, a divindade Kanon de 11 Faces, esculpida em Jequitibá Rosa.

 

Em 2010, publica a obra Portais Búdicos – o caminho na natureza da mente, com a participação do professor João Carlos Rocha Campos, fotografia de Juvenal Pereira e Irit Tommasini, e prefácio por Monja Coen. É escritor voluntário para a Editora Bodigaya, com artigos anuais na revista. Escreveu o livro de poesias Àmor-romá - proles do espaço, Menção Honrosa ao prêmio Literário Scortecci 2012.

 

É formado em Letras na Faculdade de Itapecerica da Serra, e diplomado no Rio de Janeiro pelo Instituto Brasil Estados Unidos. Em 2010, obteve graduação no Colégio Brasileiro de Acupuntura. Atualmente exerce cargo como professor de Inglês em Escolas do Estado de São Paulo.

 

 

ANTOLOGIA DELICATTA VIII : poesia, contos.    O rganização Luiza Moreira. São Paulo: Editora Delicatta, 2013.       154 p.  ISBN 978-85-64167-S83-4  Ex. gentilmente enviado por Zen-monk HAKUSAN K.白山高元師

 

        VIAGENS VERTICAIS

         
quando vi o grito de luz no ar
        ele subiu até o poço dos deuses
        e uma águia o capturou no altar
        & o levou para os artifícios naturais
        do reino encontrado perdido nas nuvens

         lá havia um lago lazúli numa planície   
        e a ave mergulhou com o grito
        entranhado nas garras
        que soltavam bolhas
        queria ela afogar e testar
        até aonde poderia perceber:
        o que era o quê...
        quem era quem
        mas o vazio entre entranhas
        flutuou e babou no líquido.

        a águia desceu em um rasante
        ultrapassou a barreira da cor néon
        se transformou numa medusa quadrialada
        trajada com 10 cabeças de buda
        e cada uma com 100 cabeças de medusas aladas
        com 1000 brabos cabelos em zazen:
        esses ínfimos olhos soltavam fachos de laser
        pirados por todos os lados

        cada boca babava o lírio de Salomão
        os sentidos, nitrossentidos.
        ela não voava: exacerbava o pecado-imaculado.

        desceu e pousou numa gruta dum penhasco
        enorme bando de morcegos saíram a toda
        que espantou a vacaria para o leste
        e que espantou os namorados sem rumo
        que osculavam o mistério da distância do tempo
                                                        [nascido morto
     
         a água da gruta era azul turquesa celeste marinho
         mais pura que a mais pura mente uma
         e a criatura conferiu o líquido na cara dos santos
         poliédrico cálice de névoa vermelha
         refletindo sua imagem modelo al
         entregue ao mergulho
         vertical.

 

GOUVEIA, KoguenÀmor – romÁ – proles do espaço.  São Bernardo do Campo, SP: Gardia edizioni, 2015. 120 p.  14x21 cm.  ISBN 978-85-5512-002-2  “ Koguen Gouveia “Ex. bibl. Antonio Miranda “

 

          RESOLUÇÕES

          Em última análise,
          ferve resolução:
          desejo-ação-insatisfação.

          liberto negativa emoção
          incomparável realidade prevalece,
          espelha grande Vácuo
          belo-devanece.

          Vida efêmera,
                    anis, tartaruga, ema
                              fadada à extinção.

                                       — morte sem evasão —
          Humildo-me.

                    Onde viaja vaidade
                              e cinza compulsórios?

          tudo, tudo transitório
          empréstimo provisório
          mergulho quinta idade

                                           Matrimônio com Verdade

          providência nada mole
          dissolvo           mal carma fogo
          breve tempo precioso

                    se esfole...

 

          AMANHÃ DOS ASSORES

                    madrigal para Diana Benevides

um dia, quando encorajares
minhas mãos lerão teus mares
e mesmo tendo tu “viajado tudo”
pisarás a nunca chegado mundo

esse dia será luz-breu todo um
sem pressa, serei o ás de tua voz
e quero tu sem adorno algum
em vislumbre, mais um atroz

nessa curva, se quiseres uma reta
venha a mim, como singela boneca
sob meu peito a sua cabeça repouse
e deixemos que o espaço nos ouse

reta nessa, marcada pela curva
que a calma o tempo dilate
que mitos estampem uma uva
e a pelve seja a última parte

nessas faces, se a mim assim vier
teu oriente é o que mais importa
teu silêncio é palavra menos torta
e vai te intercantar, ocidente mulher

& se a manha... é do amanhã Assores

talvez eu não durma essas cores
talvez seja ao contrário, cê vai ver...
você vai inverter a ordem dos fatores
e despojará... até o amanhecer

 

NOTAS

dó,
é o que lhe resta para fazer
se é que resta alguma coisa...

                              ré,
                              é o que farias e não farias
                              se fosse ré reviver...

          mi,
          mimi são todos seus apegos
          estatuados amores escravizados...

                                       fá,
                                       fa fala e grita até transcender
                                       extremos; matar ou morrer...

          sol,
          solamente à noite vira um dia
          até acordares noutra era...

lá,
onde você nunca esperava, chegou
e viu; há muito além...

          si,
          sim é a palavra, sinto,
          mas nunca confie nos anjos e demônios...

                    dó sustenido,
                    não tem dó, mas compaixão,
                    o resto é causa e efeito...

          nessas notas,
          o destino lhe traça sons aleatórios;
          tomara que a música tenha um fim...

                              Que saco seria!
                              tocar harpa para sempre no Céu!!
                              contemplando almas bestas dengosas!!!

 

 

 

Extraído de

GOUVEIA, Koguen. in: Reflexóes para bem viver. Mensagens diárias.  Organzação Luiza Moreira.   São Paulo: Editora Delicatta, 2013.   ISBN 978-85-64167-81-0 

 

 

Bomba

 

atenção caro ser vivente

ao estrondo sísmico universal

trata-se duma bomba valente

ignorada no mundo normal.

 

o abalo é interessante,

ele está em toda parte

ora fosco, ora cintilante

perceptível com dom de arte.

 

comecemos pelo "início",

onde o 'Big-Bang' ocorreu

antecedeu algo antes disso?

talvez outro 'BOMB' deu.

 

depois vem o crescimento,

onde bombeia a expansão

aumentamos o conhecimento

entupimos demais o coração.

 

no coração de verdade,

sangue não para de bombear

ao menos com atrocidade

mau carma venha retrucar.

 

e tem a bomba do boom,

onipresente como um Deus

econômico, demográfico, zoom

familiar, Dharmico, apogeu.

 

o mundo é movido à bomba,

veículos, automóvel e trem

até elefante usa a tromba!

qualquer coisa lhe cai bem.

 

ela enche pneus, balões, o saco,

tirano carrancudo; alma dura

paciência monástica a esse buraco

e virtude na leve poesia; fartura.

 

para ônibus espacial decolar,

é hidrogénio em toneladas

se nenhum trem doido pocar

caipira não leva escoriadas.

 

e quanto àquela Chernobill?

até esquimó ficou na zombaria

ô sarjeta; zebra que pariu

vamos parar com feitiçaria!

 

fissão nuclear não é brinquedo,

como quem chupa um pirulito

natureza manteve esse segredo

quem são os juízes com apito?

 

na hora do pênalti bater,

olha a bomba do jogador!!

herói, se o goleiro defender

delírio; desespero do torcedor.

 

disputa dos cem metros rasos,

o atleta toma anabolizantes

músculos a toda, sem prazos

corpo e mente eletrizantes.

 

no belo divã do psicanalista,

verborragia vem do paciente

para não estourar no dentista

ou noutro infeliz transeunte.

 

trovão no nervosismo e stress,

fúria no homem, TPM na mulher

se o Samadhi não vem ao convés

é surto, tapa, guerra e pontapé.

 

bombeação total, camarada,

xamãs e místicos sabem disso

num platô dinâmico, esplanada

o universo exprime esse siso.

 

explode o corpo, desejo pasmo,

amorzinho! anjinho encantador!

segundos loucos, todo pleonasmo

queria eternizar mimoso louvor...

 

e quanto àquele súbito susto?

ele pode seu amante matar

cemitério: o bronze no busto

lágrimas saudosas bombear.

 

roda do Samsara é contra-mão,

encalhada no recife do apego

se não se atinge a Iluminação

lá vem dukkha em torpedo!!

 

para na mira da claridade entrar,

concentração do ego em redenção

projéteis na mente interceptar

sem empanturrar a emoção.

 

cuidado sensível no trabalho

atrasado, desculpas chulé

patrão dá esporro cascalho

chanchada de Nova Guiné!

 

um estrondo infeliz faltou,

claro, a bomba 'H' & atómica

quem as fez também se matou

apelos aos Budas é a crónica.

 

casos inesperados tipo o meu,

foi bum! estourou veia poética

ao vasculhar como isso valeu

filosofia hereditária, eclética.

 

só algo não é bombástico,

contido no Caminho do Meio

sejas humano, amigo, elástico

libertado de todo receio.

 

impresso num estado diafânico

salve o grande bombeamento!

eflúvia compaixão & nirvânico

nas trilhas do desprendimento.

 

o dicionário não nos dá conta,

dos significados nela contidos

frutos da sabedoria aponta

plenitude de Avatares vividos.


VIDA E POESIA.  Organização Rô Mierling.   Torres, Rio Grande do Sul: Editora Illuminare, 2017   41 p.  Inclui os poetas: Alberto Lacerda, Camila Fernandes, Carlos Asa, Daniel Mark, Fernando Callado, Koguen Gouveia, Leandra Suzan, Lisa Halloway, Rudson Xaulin, Uelida Dantas, Ziney Santos.    No. 10 473
                                            
Ex.  Cortesia do Rev. Hakusan Kogen

 

                Labirinto    
 
                        
Koguen Gouveia

               
No labirinto estrelar, entre essa eternidade
             Vasculhou Dom Bosco, sua mente, seu "Eu":
             "—Onde estou? Sem rumo, sem Odisseu?"
             Era a prece perene.  Era o fim da sua idade...

             Disparou a mil, luz-anos, no campo ou cidade
             Palácios construiu: demoliu uns cem Fariseus
             Deixando a todos o anil, esses sáficos Ateneus
             & agora, lá fora se despiu...  À tarde que se arde.

             Dom Bosco reviveu, bradou-lhe o arauto Deus:
              "—Sou o bojador teu! Distante, em estupor"                      Abençoando a rota tua — ácido vinho seu, à cor...

             Saiu daquele vale vil, fel confuso par´os seus                    Que dos cálidos breus, importava pouco o cobiçar
             Safras na cripta, carrara ou cornija, ao todo
                                                                          d´altar.

 

       A ...
                   
de K para K
                          Koguen Gouveia

       
Amo-te tanto…

      
Tanto, inimaginavelmente, mon´amor
       Que eu seria capaz de comer a tua
       Carne, pútrida, após se decompor
       Parte por parte, dessa ambrósia Nua

       Amo-te tanto que beberia eu teu
       Triste intestino de acres disenterias
       Frescas, de pizza passada pela breu
       Basco, agora águas de gás e agonias

       Copularia eu a mais miserável bruxa
       Bruxoide de nariz nojento e bulha burca
       — cópula clássica, mais cavernosa que Gucha
       Provando que manejo supra-acordes duma coneta

       Também daria o dado pro mais doido Demônio
       Capeta fedendo a Exu e enxofre dos diabos
       De rabo quadrado mais asco que o Xenônio
       E pele áspera que só se compara com cal e Cabos

       ( quando vomitares, vomite na minha boca!
       Diretamente, alijando teu afável ácido cálido
       Assim decretando essa lavra de ml e lisura louca
       & se o vômito for no asfalto, sorvê-lo-ei, em hálito )

       Sim; te amo tanto, amor meu, que eu então
       Seria capaz de tomar banho numa fossa
       De fezes defecadas por condenados à prisão
       Perpétua, como é a amásia natureza Nossa

       Ficaria qual estátua a te esperar na calçada
       de sua escola, teu trabalho, tua janela
       em jejum, qual asceta em lótus, em alçada
       faria desse ato uma serenata de sérvia sela

       Por Você, por sua safírica e seráfica saia
       eu tangeria tórios e itérbios radioativos
       escalaria por trezentas vezes o Himalaia
       & libertar-me-ia em NY, à Alameda "Shivos"

       Além disso, anjinho, caso tu bem passares
       serei eu capaz de entrar no teu ataúde
       e deitar sob seus vermes, sentí-los nos ares
       entranhando em mim, um a um, amiúde

       Daria todos os meus bilhões de Euro$ aos pobres
       viveria como ré reles, mais que arrombado
       na Praça Insone, esmolando os cobres
       tudo por tu, este túrgido topázio altanado

       Meu Amor por ti é tanto que eu nem nasceria!
       ficaria no meu Nirvana, a priori, à pá da paz
       — nem seus lábios nebulosos osculado não teria
       ou ouvido essa sua decolagem: "que fez que faz"...

       ... tudo começar a acabar no apogeu
       quando, ali e lá, àquele laço só seu
       sentindo a derme branca que sorveu
       onde sumiram divisórias entre você & eu

       Pois, daqui a 3_3_3 anos, todos bem notarão
       que tais amores são senão uma má patologia
       que se fecham num terrível claustro em sua dinastia.

       Enquanto se pensa que se abraça a solução
       alimenta-se o cálice duma novíssima algia
       evitando a Átila muito mais abrangente
       híbrida, homa, uniforme e complacente

       Nenhum de nós agiu qual santo, qual gente
       Como lívido éter que se preze ou se tente
       Tipo o vagar incerto dum vácuo asteroide
       Como o ocre lídimo e ilibado dum Androide...

       Mesmo assim, ainda amásio, te amo, amo-te teu
       Qual rasante de abutre a lamber sua lúgubre carniça
       Qual Guevara & Granado, a disparar até o apogeu:
       Teimosas letras que moram na mortalha de tua Missa

       Lúmen — opíparo rútilo — lúmen meu
       Só mesmo um otário como esse Eu
       Para ver cromadas ocras, dessa poetisa
       De celulite mais laca que Torre de Pisa

       Inclinando — androide que inclina
       De longe, vi, a ferina com V & Gina
       Irando — fera, cavala, lá... menina!
       Vá. Vaga, de delícia, opina (an)Gina

       [todo ritual se deu em cima do palco poético sabatino  
       -  [lá na Henrique S., 7_7_7] – c om o sepulcrário
       S. Paulo logo ao lado: nenhuma caveira otária ululou
       quando na reunião você falou "Tem de Ter T...esão"
       — nossa! Que K!! Q K...! és uma pulcaara do Cais:
       Mass, K, cadê meu ,tesinho?]

       "K" é o cass!!!
       Você não passa duma musa de Mé.   


                   
 Causa de Todas as Causas 

                                                       Koguen Gouveia

      
                                    dentro do outro
                                         um corpo
                                             (&)

                                         um outro
                                    dentro do corpo
      
                                             

KOGEN, Hakusan – pseud.  Arte poética: um estudo biográfico entre eminentes poetas brasileiros do romantismo ao modernismo unido reflexões  sobre a linguagem (2013). /Alexandre M.S.G. (Hakusan Kogen).  São Paulo, Alphagraphics, 2017.  100 p. 14x21 cm. --  Monografia de conclusão do curso de Letras (UNIESP FIT) – Orientadora : Profa. Margarida Cecília Nogueira Rocha.                                                       Ex. bibl. Antonio Miranda

 

SER ESCRITO

avassalou-me um puro limbo profundo
e tentei o expressar em verso
corridos como o mundo

ele tinha quinze linhas iniciais
dissertadas estilo carta
em tópicos frasais

vieram quatro bem objetivas estrofes
loucas devido à pieguice casmurral
fixadas tipo postes

!mas a poesia estava toda errada!
... elidi o parágrafo a quase nada...
em três linhas, ficou mirrada

então apaguei tudo; o pu-ro lim-bo restou
não sobrou o apócope, nem o título
&  a origem romanesca desdobrou:

? fazer o que agora, amor, com essa pomba?
— granada sem pino nas asas de brahms —
? largar nalguma laia ou em suma sombra?

cá — espera — lá! que tal a similar universal
muito cheio de um vazio convicto
num diário incondicional?!

ela estava lá
pairando pelos ares da fazenda
por todo prado
até nas palhas do paiol
e
concentrou-se num homem
ingressou no seu íntimo
de toda a sua história inspirada
e juntos ofegaram
porém precisaram se separar:
num momento de loucura às vinte horas
frente ao sinal de segunda avenida
após viajar o atlântico em viagem supersônica
vindo do subúrbio de paris
(ele voltaria no mesmo dia)
algumas celebridades por perto
sem dó
acariciam-se
a contraste: a macia constituição
espíritos encarnados
seus pacíficos estados
matérias condensadas em plena comunhão
árduo a ambos


& ela foi largada ali mesmo
derretendo-se na calçada dos astros gostosos
implorando entrar dentro dele de novo
assim ela derreteu como aliens do filme
para um bueiro em direção incerta
em vias de se sublimar
do mar de carbono suspenso
& ingressar num novo caso aéreo:
passagens — repiratórias — sublimes


CORRENTE CONTÍNUA

nunca para
faço uma vez, quero outra
te beijo, quero mais
te engulo, quero-te eternidade
eterno, quero-te deus
deus, quero-te quero

de novo
de novo
de novo; sempre

acordei . isso é sonho?
sonhar de novo : haja saco !...

morri . isso é vida?
viver de novo: saco haja !...

café com não, a fé com pão, até com mão,
zé com são              

                nunca para, parar nunca para o nunca parará
nascer — sofrer ou transcender — morrer
tem T, com C, sem G
cbd — pqp — tvz
p - pp – ppp – p
piiiii !

 

                         para nunca
para nunca
para nunca; sempre

por que ?
... porque nunca para  porquê.

 

 

        VIAGENS VERTICAIS

quando vi o grito de luz no ar
ele subiu até o poço dos deuses
e uma águia o capturou no altar
& o levou para os artifícios naturais
do reino encontrado perdido nas nuvens

lá havia um lago lazúli numa planície
e a ave mergulhou com o grito
entranhado nas garras
que soltavam bolhas
queria ela afogar e testar
até onde poderia perceber:
o que era o quê ...
quem era quem..
mas o vazio entre entranhas
flutou e babou no líquido.

a águia desceu em um rasante


ultrapassou a barreira da cor néon
se transformou numa medusa quadrialada
trajada com 10 cabeças de medusas aladas
com 1000 brabos cabelos de naja
e mudras de budas em zazen:
esses infinitos olhos soltavam fachos de laser
pirados por todos os lados
cada boca babava o lírio de salomão
os sentidos, nitrossentidos.
ela não voava; exacerbava o pecado-imaculado.

desceu e pousou numa gruta dum penhasco
enorme bando de morcegos saíram a toda
que espantou a vacaria para o leste
e que espantou os namorados, sem rumo
que osculavam o mistério da distância do tempo
nascido
morto

a água da gruta era azul turquesa celeste marinho
mais pura que a mais pura mente uma
se a criatura conferiu o líquido na cara dos santos
poliédrico cálice de névoa vermelha
refletindo sua imagem modelo tal
entregue ao mergulho
vertical.


GIGANTE

       À Sylvia Plath, in memorian

  O casal
era tão alto, mas tão alto
que as nuvens viravam névoa
sob seus pés.

O Mar Mediterrâneo virou banheira
o Himalaia um refresco


& o lago Michigan?

O lago Michigan não era pisado.

Preferiam, na sombra da lua, o seu abraço,
podiam mudar da noite para o dia — num passo —          
tão alto que o nome baixo dissipou-se no tocar
delicado.


FANTASMA

 

            Era meio-dia
Quando a dama montou no lindo equídeo brabo
Segurou em suas rédeas, a lhe dizer:
“— Vamos, querido! Vamos...”
E lá foi ela trotando
& trotaram por toda-toda tarde no campo
Até anoitecer.

(o cavalo queria leva ela – só ela levar)

Então ela o pediu para galopar
& ele a fez galopar, galopar, galopar ...
Rápido, e mais rápido
Até a meia-noite

Quando a dama desapareceu
no horizonte uivante
do mais vigoroso
Gozo .

Assim, o equídeo voltara só; só com a luz, rara
Acariciando o fantasma de um sol
De Sabrina Samara.

BEIJO, SONO, MORTE

                                          Haikai 765

                              matérias s´atraem
até se esmagarem
magma da terra


QUANDO ACORDEI

... o espaço estava ocupado.


A POÉTICA

profere muito mais do que a História
por arrancar palavras das
pedras gélidas.

 

                    VIREI, EM SEU ESPAÇO, O MAIS
INEXORÁVEL DOS MUNDOS.

 

**

 

VEJA  e LEIA outros poetas de São Paulo em nosso Portal:

http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/sao_paulo/sao_paulo.html

 

Página ampliada e republicada em novembro de 2022

 

 

 

 

Página publicada em janeiro de 2014; republicada em setembro de 2015

 

 

 

 

 

 
 
 
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