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JUREMA BARRETO DE SOUZA
nasceu em Santo André (SP) em 28 de agosto de 1957. Professora de Educação Infantil e Fundamental. Formada em Letras (Português / Inglês) - Faculdade de Filosofia Ciências e Letras - Fundação Santo André, Complementação Pedagogia e Psicopedagogia. Editora da Revista A Cigarra, desde 1982, em Santo André.SP, ao lado de Zhô Bertholini, divulgando centenas de poetas do Brasil e exterior, chegando a 42a edição em 2007, comemorativa dos 25 anos.
A CIGARRA – Revista Literária. Santo André, SP. Editora: Jurema Barreto de Souza.
N. 31 – Agosto 1997 Ex. bibl. Antonio Miranda
SOUZA, Jurema Barreto de. Policromia. Santo André, SP: a cigarra edições, 2010. 64 p. 12x18 cm. “Orelha” do livro por Zhô Bertolini. “ Jurema Barreto de Souza “ Ex. bibl. Antonio Miranda
Expectativa
Nada de súplicas gramaticais
desgosto de chicletes já mascado
cortinas que não se abrem
ao quinto sinal da quinta hora
dos sacrifícios linguísticos.
O poema tem que se abrir
espetáculo, sem apelação.
Chega de apetrechos sintáticos
lacónicas filosofias sobre o caos.
Não escrever é o que perturba
a poesia de olhos equilibristas
pés que não hesitam na corda bamba
sem rede, a assistência degusta
o tombo que não vem.
E caio em pé, gata, acrobata.
Em Cena
Um corpo
que não me comporta
tantas almas tortas em mim,
umas vivas outras mortas,
a reprise é necessária.
Em ciclos de cinema
acontece a vida,
o roteiro pouco muda
filme de arte ou dramalhão.
O que importa é ser o diretor
que vê a cena e a poesia.
E a mão que tira do abismo
brega ou chique
depende do champanhe ou da sidra.
Cena final:
as flores estremecem
no verde do meu vestido
nunca amadurecer a esperança
nunca apodrecer o desejo.
A paixão é boa sempre,
por uma noite ou para sempre.
SOUZA, Jurema Barreto de. [ sem título ] Santo André, SP: Alpharrabio Edições, 1997. s.p. Edição de 38 exemplares (7,5x10,5 cm.) acondicionado em envelope. (Coleção micro – 2º volume) Ex. na bibl. Antonio Miranda
Grafite
Sou um risco
pichado no muro,
um amaranhado de linhas
ao lado de outros borrões.
Suspiro...
Resta este orgulho
de poder ser um traço
que jamais será copiado.
Lua cheia
quase fogo
a mão tateia
um desejo espreita
a teia no azul
das nossas veias.
Promete a noite
mistérios fartos
empunho meu arco
pra caçar a Lua
entre teus lábios.
Guardados
Arquivado no coração
o amor dos romances.
Livros de bibliotecas.
Onde andam as estradas
que os homens construíram
com sua fotografias?
O Gosto
A vida é esse gosto
de grito solto
pela cidade.
É gota de sangue
pendendo nos lábios
buscando um beijo
vermelho eternidade.
Estelar
Na ponta das estrelas
penduram roupas lavadas
os anjos ressuscitados
pelo poeta arisco.
Olhando as estrelas
cheias de túnicas enfeitadas
sinto que poetar é
uma loucura que vale a pena.
*
Página ampliada em janeiro de 2023
Página publicada em maio de 2015
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