JOSÉ LUÍS QUEIROZ
Autor dos livros de poemas Ab Absurdo (Patuá, 2016) e O cortejo (Patuá, 2013), José Luis Queiroz nasceu em São Paulo, onde reside. Não terminou o curso de administração e nem o de filosofia. Apaixonado por poesia e música, é também letrista.
Participou da Antologia do desejo – Paraty - 2.018 (Patuá, 2.018), além de ter poesias publicadas em jornais da capital, desde os anos 80, e revistas literárias eletrônicas, em anos mais recentes.
Como letrista e compositor, produziu e lançou o CD Em algum desses dias do coletivo Tuttilóki (Independente, 2.013), com grandes parceiros como Alberto Marsicano, Tito Martino, Claudio Goldman, Taô Barbosa, Frank Herzberg, entre outros.
Apesar de morar na metrópole, não entra em metrô, não usa elevador, odeia multidão, música alta, congestionamento e fila de qualquer espécie. Considera-se um chato de galocha, um caipira urbano.
É fanático por Drummond, mas adora também Vlado Lima, Bandeira, Quintana, Eduardo Lacerda, Pessoa, Rubens Jardim e Beatles. Antes era mais simpático, a idade o deixou com humor instável.
SUPERFÍCIE
Sou solto na superfície. Sou símio em sapequice. Sapiente, se ser servisse.
Sou solto na superfície. Sepulto-me sobre o piche.
Sério, sem esquisitice.
Sou solto na superfície. Eu supro essa vigarice. Sou salvo pela sonsice.
Sou solto na superfície. Só sofro na bisonhice.
Sou imã da imundície.
Não há super na superfície .......
Sou solto na superfície. Sensato e sem calvície. Denso nesse disse-que-disse.
Sou solto na superfície. Senhor dessa quixotice.
Sensor de todo fetiche.
Sou solto na superfície. E sonho um sanduíche. E sonho jogar boliche.
Mas solto na superfície Dessa irregular planície.
Eu sou apenas pastiche
Não há super na superfície .
ANTOLOGIA DO DESEJO / VÁRIOS AUTORES. LITERATURA
QUE DESEJAMOS. PARATY 2018. Editor e organizador; Eduardo
Lacerda. Ilustração e projeto gráfico: Fernando Mathias.
São Paulo: Patuá, 2018. 358 p. 13,5 x 20, 5 cm..
ISBN 978-85-8297-614-2 --- https://www.editorapatua.com.br/
Ex. bibl. Antonio Miranda
Esqueletos
Os meus esqueletos estão por aí, assuntando
os botequins
Os meus esqueletos, nem brancos, nem pretos,
desfazem o soneto e acordam os querubins!
Os meus esqueletos estão por aí, partilhando mausoléus.
Os meus esqueletos, em gotas, em guetos,
acendem o graveto, incendeiam os céus!
Os meus esqueletos estão por aí, se livrando das carcaças.
Os meus esqueletos : sus vodus, amuletos,
sob o sol obsoleto, vão fazendo arruaças...
Os meus esqueletos sentem falta de carne.
Rosebud
A redoma caiu no chão
e espatifou toda uma vida:
nevava nos trópicos do meu peito.
Juntei os pedaços, liguei o sol à paisagem
[e nós dois correndo estilhaçados...]
Mas as águas do riacho
... ninguém sabe para onde correm.
Página publicada em agosto de 2019
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