Home
Sobre Antonio Miranda
Currículo Lattes
Grupo Renovación
Cuatro Tablas
Terra Brasilis
Em Destaque
Textos en Español
Xulio Formoso
Livro de Visitas
Colaboradores
Links Temáticos
Indique esta página
Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

JORGE DA CUNHA LIMA

 

Jorge da Cunha Lima, 73, jornalista e escritor, é presidente do Conselho Curador da Fundação Padre Anchieta e da Abepec (Associação Brasileira das Emissoras Públicas Educativas e Culturais), e vice-presidente do Itaú Cultural.

 

LIMA, Jorge da Cunha.  Mão de obra.  São Paulo: 1968.    Capa de Danilo Péres, sobre um quadro de Tereza Simões Correa. Impresso na Gráfica Emir, SP.   Capa e sobrecapa. (EA)

 

m-urro

 

E se te vejo contornado

pelo muro, um murro

prevejo ao derrubá-lo,

um urro universal,

mais que berro

cravejar a rua do teu gesto.

 

Não vejo amenizar-se

solidão no teu contexto

de bípede, com honra,

A rua solto.

 

Vejo-te o livre,

como dorso,

que se aguenta

por estar de pé

e não de andar

apenas.

 

O altivo vertical

que sustenta

n sombra

do teu ser

no hino limo

rude dessa rua.

 

 

o encontro

 

O primeiro encontro

foram tijolos abertos

com palavras pedras.

 

É belo um livro

como um tijolo

limpo — é triste

um livro lido,

um muro pronto.

 

Um livro lido

é um amigo no cais,

que nos dá o percurso

e nos deixa só,

do encontro.

 

 

 

salmo III

do intróito

 

Entrei no altar de Deus,

ao Deus que é a minha salvação,

mas Ele não —

ficou no átrio

esperando os outros convidados.

E lá se vão nessa lasciva espera

anos mais longos que o da esperança

em que vivem os que não entraram.

Entrei nesse altar

sem porta de emergência.

Entrei nesse avião

sem rota,

Nesse motor sem pane,

nesse voo sem temor,

e nesse avião,

nesse motor

e nessa rota — estou.

Entrei por um bem grande amor

que, somados, todos os outros

não se comparam.

Entrei, por ter trocado,

em tempos de escolha,

as águas crespas do mar

pelo remanso da fonte.

Entrei, a bem dizer, por entrar.

E nesse altar, quase rota,

só me resta esperar a morte.

 

São Paulo

11 de janeiro de 1960

 

 

salmo VII

da amizade

 

Que flagelo foi este. Senhor, que inventaste,

em tempos de crenças desmedidas, e plantaste

no impulso do ardor adolescente,

deixando-lhe mais que uma dor, sua semente?

 

Nesse bem se desmerecem outros bens, e gastos

não se alentam ao voo mais completo dos rastos

que o amor pretende ao tempo de madureza,

e que um dia poderá vir, mas sem nos dar certeza.

 

Porque então o inventaste, inventor dos astros,

e na alma indefesa, como no azul do céu, deixaste

cravado o rumo do símbolo ardente

 

com que as primeiras madrugadas se convertem

de orvalho em nuvens tão pesadas, que a haste

do céu não tem a força de ampará-la, como a flor,

                                                           eternamente,

 

São Paulo

11 de janeiro de 1961

 

 

 

Página publicada em fevereiro de 2013.


 

 

 
 
 
Home Poetas de A a Z Indique este site Sobre A. Miranda Contato
counter create hit
Envie mensagem a webmaster@antoniomiranda.com.br sobre este site da Web.
Copyright © 2004 Antonio Miranda
 
Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Home Contato Página de música Click aqui para pesquisar