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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 




JAYRO LUNA

Nasceu em São Paulo em 1960. Poet a (premiado em alguns concursos:
Projeto Nascente - USP/Abril - 1992 e 1993). Publicou dois livros de poesias:
Infernália Tropicalis (Epsilon Volantis, 1998) e Florilégio de Alfarrábio (Epsilon Volantis, 2002). Trabalha como professor de literatura brasileira e portuguesa
em universidades de São Paulo.
Durante a década de 80 e início dos anos 90 publicou um fanzine marginal de poesia (Mimeógrafo Generation) que contava com a colaboração e a leitura de diversos poetas e escritores. Desenvolveu uma teoria poética própria: O Metamodernismo.

 

Jayro Luna tem a formação teórica adequada e a liberdade de criação de um pensamento complexo imerso na pós-modernidade. Não apenas sua temática é hodierna, também sua técnica é atual, resultado de sua teoria poiétca do metamodernismo. Ou seja, mantendo a liberdade e a antropofagismo mais autênticos do modernismo e cultivando a expressão mais heterodoxa e intertextual da pós-modernidade. Na acepção de Edgar Morin de que o novo está hasteado no tradicional, superando, reciclando-o – daí o sentido de um metamodernismo. Vai do poema livre ao soneto sem nenhum constrangimento e faz citações num exercício de relações que bem podem ser entendidas como hipermidiáticas... Recorre ao verso marginal e ao estilo erudito, mesclando idiomas e valendo-se de recursos ideogramáticos e até de apelos visuais: parafraseando, caleidoscopicamente.

 

Descobri o Jayro na Internet. Identifiquei-me com o seu poetar irreverente mas consciente de suas capacidades criativas. Nada ingênuo ou meramente intuitivo. Ao contrario de muitos que fazem experiências às cegas, ele parece hastear-se numa metodologia para a construção poética, o  que faz a diferença. Seus poemas são elaborados para serem aparentemente até óbvios, casuais,sobre  banalidade e o solene, num rigor construtivo indiscutível.                            Antonio Miranda (2005) 

 

Obras Físicas Publicadas

Poesia:

Bagg'Ave. Edição do autor. São Paulo, 1984

Ópium. Edição do autor. São Paulo, 1986

Metamorphos es n'Ovídio. Edição do autor. São Paulo, 1989.

Infernália Tropicalis. São Paulo, Epsilon Volantis, 1998.

Florilégio de Alfarrábio. São Paulo, Epsilon Volantis, 2002.

Ensaios e Crítica:

Monografias de Literatura, Teatro, Comunicação e Semiótica. São Paulo, Epsilon Volantis, 1998.

Participação e Forma: Algumas refl exões acerca da função social da poesia. São Paulo, Epsilon Volantis, 2002.

Antologias:

Saciedade dos Poetas Vivos - Vol. 5: Poesia Visual. Rio de Janeiro, Blocos, 1992.

Quem Sente Somos Nós. São Paulo, Scortecci, 2003.          

 

Outros poemas do autor estão em: http://www.usinadeletras.com.br/

 

JK / JFK

 

Para Oliver Stone e João Goulart

“Voltarei nos braços do povo” GV.

“Se quiser por à prova o caráter de um homem, dê-lhe poder.” Lincoln

 

JFK é John Fitzgerald Kennedy!

Se a gente tira o “F” fica JK

E JK é Juscelino Kubitschek!

 

JFK pode ser Jogos Frios do Kaos

Se a gente tira o “F” fica JK

E JK pode ser Justice of the King!

 

JFK e os mísseis de Cuba,

O “F” de JFK lembra Fidel!

K para Cuba, K para Castro!

 

JK e 50 a nos em 5!

Orós, rompimento com FMI,

Brasília - o sonho de Dom Bosco no cerrado!

 

JFK e a guerra do Vietnã!

Os refugiados de Cuba, o muro de Berlim,

K para Kruschev, KKK para intolerância...

 

JK e o Cinema Novo, a Bossa Nova,

JK e seu amigo Jango,

JK deixou Brasília e em seu lugar JQ!

 

JFK e Lee Oswald, o assassino-laranja!

JK e Oswald, o antropófago

Do paideuma do Concretismo!

 

JFK morreu num carro,

Com um tiro na cabeça!...

JK morreu num carro esmagado, sucateado na estrada!

 

JK e JFK,

Cada qual representa um pouco seu povo,

Anti-heróis épicos da cultura mosaico!

 

JFK e JK,

Em lugar de JFK veio Lyndon Johnson,

E o homem olhou para os céus, para o espaço!

 

JK e JFK,

Em lugar de JK veio Jânio Quadros,

E o quadro mudou, e os homens ficaram sós...

 

JK não é JFK,

JK virou marca de carro!

JFK virou filme de Hollywood!

 

 

Al Qaeda


Ao Osama, Jardel Filho e Jorge Mautner
“Lá vem o homem bomba / Que não tem medo algum / Porque daqu i a pouco / Vai virar egun”. Caetano Veloso / Jorge Mautner.


“E eu, combatente atingido / Sou qual um país vencido / Que não se organiza mais.” Lupicínio Rodrigues e Felisberto Martins.


Nesta terra conturbada de tragédias,
De tão terríveis guerras e guerrilhas,
Via Hemingway vem Donne da Idade Média
Nos dizer: “Nenhum homem é uma ilha!”

E assim vejo a vida, triste comédia,
Em que se transformou esta minha trilha,
Sinto-me, às vezes, uma enciclopédia
De horrores ensinados em cartilhas!

Penso, comumente, que a cada esquina
Hei de encontrar, ali, um homem bomba,
Um atentado se me apronta à sina...

Mas, quando me acalmo, a razão me zomba,
Pois que eu sou o terrorista! Ela m e ensina!...
E não sei em que caverna minh’alma tomba...

 

Do Arnaldo Dias ao Arnaldo Antunes

 

Para Arnaldo Jabour e Arnold Schwarzenegger

“O microcosmo (o homem sob o ponto de vista alquímico)

resume-se na criação”, Nicolas Flamel.

 


Diz-se de Arnaldo, o nome,
Que é aquele que protege
Como uma águia que tome
Seu vôo do céu que a elege...

Há também quem diz Arnaldo
Como variante de Haroldo,
Assim se bandeiras desfraldo
Aos campos: concreto toldo...

É, pois, que de tão mutante,
Seja o nome sem conforme,
Seja assim beligerante,
Rebel barroco e disforme!

Do teclado eletrônico,
Da voz aguda à grave,
Do místico do iônico
À ironia do vôo sem ave!

Assim, teletransportados
Ao centro do nada etéreo
Os dois personagens, lado
A lado, diálogo sério

Travam em ritmo e som:
-“Cortar jaca na cidade
não é mole não! Nem bom!
Sou cowboy da variedade!”

=“Dinheiro é só um pedaço
de papel! O céu é um...
A máquina em peça de aço
De não fazer nad a num

Minuto, não ‘tá quebrada!”
-“Sitting on the road side!
Será que eu vou do nada
Virar bolor? Um alcaide

Do Dia Final! Bomba H
Sobre São Paulo! Sunshine!”
=“Debaixo d’água - arrah! -
tudo era bonito! My wine

is my blood! Se tudo pode
acontecer, a palavra
amor acho que explode
num ruído de motor! Lavra

em boa ata: Qualquer coisa,
um deserto florescer!”
-“Coming through the wales of science!
Young Blood! Te amo, podes crer!”

=“Se uns vão de pará-quedas
E o cabelo embaraça,
Já outros juntam moedas!”
-“Não há nada que se faça!...

Trem! Você vai demorar!
Tá pensando qu’eu sou lóki?
Sou, mas sou solizsta do ar!”
=“Cantar nu’a banda de rock!

Ficar sozinho e só...Vê!
[O] vento canta pra ninguém!
Imagem: palavra lê!”
=“Não estou nem aí! Nem vem!”

- + =“Tinta cabelo cinema
sol arco-íris tevê!
O Sol? Train Ciborg O Lema:
Rolar ped ras pra vocês!”

Dois Arnaldos, um dos Dias
Que se passaram distantes,
Outro Antunes, i-tunes,
Dois titãs sempre mutantes!

 

 

Em homenagem a Vicente Leporace.

 

“Mardito fiapo de manga / preso no maxilar inferior // Desgruda dos

 

meus lábios / minha boca / me deixa em paz” JOELHO DE PORCO.

“No ramo da magueira venturosa / Triste emblema de amor gravei um dia”

 

SILVA ALVARENGA.

“Nós somos as cantoras do rádio / Levamos a vida a cantar / De noite

embalamos teus sonhos / De manhã nós vamos te acordar” LAMARTINE BABO,

 

JOÃO DE BARRO E ALBERTO RIBEIRO – via FRENÉTICAS.

“D. Júlia ficava doidinha /Quando o minino resorvia imitá / As falação

de fazê chorá” GRANDE OTELO.

 

Desapareceu o cabaré da Bianca Perla,

O Armenoville virou nem sei o quê,

O Dancing do Martinelli já é saudade...

Onde que no rio se encontra uma beleza dessas?

Não viemos fazer nada

E já estamos batendo em retirada!

Marieta, cafetina gloriosa,

Acabou-se incendiando como monge budista...

Eu era peru de estação de rádio.

Pezinho pra frente,

Pezinho pra trás,

Como aqueles índios

De um antigo programa do Max Nunes;

Raro é o ator de teatro que não fica inibido...

Peguei uma cana das brabas!

Em todos os terrenos

Nós temos que topar com monstros,

Os mordedores crônicos...

-Um instantinho, maestro,

Que eu vou tomar uma cibalena!

Lugar de muita gente em eterno,

Dependura...

O país está em construção,

O café não tinha porta dos fundos!

 

Praça XI, 1992.

(Do livro Infernália Tropicalis, p. 61,  

 

Humano, Demasiado Humano

 

Ouvindo Lohengrin de Wagner

A Camille Paglia e Damien Hirst

Warum huldigest du, heiliger Sokrates, / Diesem Jünglinge stets?” Höelderlin.

“Dai-me, pois, dai-me, ó mulheres / Vinho que eu beba a meu contento!” Anacreonte

“Saibam quantos esse meu verso virem / que te amo” Oswald de Andrade.

 

 

Os filósofos colocam-s e diante

Da vida e experiência como se fosse

Uma pintura...Mas é apavorante

O mundo colorido, amargo e doce...

 

A crença na liberdade da vontade

É um erro comum a todo ser orgânico!

Toda crença ao valor e à dignidade

Repousa num pensamento tirânico!

 

Um poeta poderia dizer que Deus

Postou o esquecimento como guardião

Na soleira do templo da dignidade

 

Humana... O Mito - só os raios seus

Incidem à vida grega e o clarão

Se faz: A nossa impossibilidade!




Só mesmo um alfarrabista poderia escrevinhar tantos florilégios! Deve ter lido todos os livros de seu sebo fino, de suas estantes iluminadas. Tragou-os todos  numa cuia de açaí como néctar puro, como pó de guaraná!

FLORILÉGIO DE ALFARRÁBIO  (São Paulo: Epsilon Volantis, 2002) é uma antologia torrencial, equatorial, desigual, que vai do auto-biográfico à iconografia verbal da brasilidade. Livro dos livros de um erudito maldito.

Invejei pra valer seu “Terra do Brasil”. Vai do alegórico ao penegírico, do lírico ao colírico... Irreverente.

Onde eu “maravilhei” foi mesmo com o “Hiléia: poemeto-epifânico-ecológico da Amazônia – 1988”. Genial, insuperável. Merecia uma edição exclusiva, ilustrada, acompanhada de um glossário ao final ou no rodapé par ajudar os leigos na intepretação da língua e das lendas indígenas. Raul Bopp redivivo e superado. Aliás, o  Poeta-Bopp  aparece no texto como um Virgílio adentrando a hiléia na narrativa poética. Talvez fosse o caso de produzir-se um e-book hipermidiático com links para um vocabulário-fabulário... Fica a sugestão. E transcrevemos o poema:

 

Troca de Gentilezas
 

Certa feita, Glauco Mattoso
— quando fui conversar com ele acerca de nossa marginalidade —
pediu-me que eu pisasse numa folha de sulfite, tamanho ofício,
e circulou, com uma esferográfica azul o contorno de meu pé.
O Glauco colecionava as plantas dos pés de seu amigos e dos
poetas e artistas que o visitavam... Doutra feita, mandou-me um
exemplar da Revista Dedo Mingo com um dedo-catória (o contorno
de seu polegar). Hoje, nesse poema, retribuo as gentilezas e as
honrarias com esse poema: minha pé-tulância!



Não Verás Páris Nenhum ...

                “Ama, com fé e orgulho, a terra em que nasceste!
                 Criança! Não verás nenhum país como este!”   Olavo Bilac

 

Não tendo na língua desses nativos Nem o F, o L e o R,
Justo foi o destino-ativo
A não terem na paz ou na guerra
Nem fé, nem Lei, nem Rei,
Só descrença sobre a grei.

Porém a Terra é boa e pura de épicos,
Preciso é viver essa História!
Nem o logro de Páris intrépido,
Nem os Campos — elíseos da memória —
 Dos poetas futuristas em Paris,
Exílio pior é dentro do país.

Brasil! sob a luz do Sol Deixarás de ser à toa e atol...

(De Terra do Brasil)

 

XIII – Cecás de Curumim

- Tupã dê um curumim pra essa índia maués!
Pediu o pajé e Tupá atendeu.
O curumim cresceu vigoroso e sadio,
Sábio, cordial, curi, prazenteiro.

Anhangá teve ódio, virou serpente:
“Vem cá, curumim. Vem cá...
Come destas iuazinhas doces, são só uns ingênuos araçás!”

O menino pegou as iuás
E Anhangá deu o bote...

Machucou curumim que dormiu pra sempre
por causa do veneno da serpente.

A índia-mãe de curumim chorou e chorou pedindo ajuda a Tupá:
— Tupá! Tupá! Dê nova vida ao meu embira!”
Tupã-beraba desenhou seu nome no céu
E se ouviram nheengas por todo o azul escuro...
— “É um aviso de Tupã,
tire os zóios do menino e jogue no chão da mata”, disse o pajé.

Nasceu depois de sete dias um matinho com bocadinhos
parecidos os zoinhos do curumim...
—“Guaraná! Guaraná!”

Uma indústria de Piratininga
Soube da poranduba,
Mandou buscar os cecás do curumim que davam no matinho
E produziu bebida adocicada...
Americano-yankee só toma Coke
Porque não sabe dizer o nome do curumim:
      —“GWA-RAH-NAH!”

Tem vergonha que o bodegueiro caçoe de seu sotaque...

 

 


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