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JAMIL ALMANSUR HADDAD

JAMIL ALMANSUR HADDAD

(1914-1988)

 

 

Nasceu na capital do Estado de São Paulo, em 1914. Formou-se em medicina, em 1938..

Obra poética: Alkamar, a Minha Amante” e “Orações Negras” ambos livros premiados pela Academia Brasileira de Letras. 

JAMIL ALMANSUR HADDAD

De
ODES ANACREÔNTICAS
 Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1952



EXALTAÇÃO DO VINHO

Sobre um colchão de tênues mirtos
ou de azulado lótus vago,
quero beber a longos tragos.
Eros, com um laço de papiro,
suspende à espádua o claro manto
e dá-me o vinho por que aspiro.
E como as velozes quadrigas
a vida corre no seu giro;
Fulgure alto o fogo da orgia
porque seremos poeira um dia.


POEMA DA TAÇA

Adolescente, traze-me uma taça jovem como tu.
Quero primeiro sorvê-la de um trago. A mágoa
morra e nasça o carinho.
Mistura as cinco medidas de água
dez de vinho,
a fim de eu, sobriamente, conhecer os delirantes
enlevos das bacantes.
Não seja a nossa embriaguez tumultuosa
como a dos cítios. Bebamos sabiamente,
escutando a música amável dos hinos.


VIVER ENQUANTO É TEMPO

De que me valem os arcanos
do tesouro de Giges, o rei sardo?
Não invejo a fortuna dos tiranos.
Pois basta a Anacreonte
umedecer o rosto de mornos perfumes
e coroar a pensativa fronte
de rosas rubras, acendidas como lumes.

Só o dia de hoje me preocupa... O Amanhã...
Por que pensar assim nesta sombra tão vã?
Bebe e a Baco oferece cada dia
a libação antes que venha a hora sombria
em que a taça estará para sempre vazia.


SOBRE UMA EFÍGIE DE VÉNUS

Quem gravou a medalha? Quem nesse disco
esculpiu o vagalhão arisco?

Quem sobre estes mares plenos

de nereidas e algas gravou a solaríssima Venus,

fonte de glória e virtude,

princípio de beatitude?

O artífice a representa quase toda desnudada:

as ondas recobrem as doces partes proibidas.

Ela deixa atrás de si um rastro de peixes na água

                                                                  [salgada.

 

Ela erra por entre o alvo tumulto das crescidas

e Venus é espuma como as outras espumas.

Ela nada e invade solene o redemoinho

marinho.

As águas vêm leves como leves painas, como

                                                        tênues plumas

e beijam-lhe a implacável e gloriosa

carnação de jacinto e de rosa.

Ao bafejo mole da brisa

Kypris desliza

na paz das noites imutáveis e pretas

como se fosse um grande lírio cercadode violetas.

Nos bordos do disco de prata

o artífice retrata

os vagos Amores.

E o corpo da deusa páfia

como um peixe imortal corta a solidão marinha.

 

 

Jamil Almansur Haddad

De
Jamil Almansur Haddad
ORAÇÕES NEGRAS
São Paulo: Livraria Editora Recor, 1939
“Premio da Academia Brasilieira de Letras (1937)”

Nota: Capa em papel frágil, com a assinatura do poeta.
Cconservou-se a ortografia original dos poemas.

 

 

         DECIMO QUARTO POEMA DA VIDA

 

Parece que, no parque, ha um platano que sua.

Parece que, no céu, ha uma Nuvem que sangra.

 

Ha dor no ar... ha dor na terra... ha dor nos subterraneos!

 

E as delirantes convulsões violentas

da pirosfera

vão erguendo aos céus as cordilheiras

que são os arrepiados, os sofredores braços da Terra!

 

Oh, as subterraneas torturas da Terra!

 

Cada vulcão é uma ferida aberta

por onde a terra verte o sangue incandescente.

 

Talvez sofresse o mar que, no seu desespero,

ergue ás alturas

os seus apocalípticos braços feitos de agua.

 

 

 

PRIMEIRO POEMA DA SOLIDÃO

 

Meia-noite. . . Ao longe o sino dobra a finados

Á morte tragica da Hora.

 

Tic-tac. . . Tic-tac...

 

Ouço a lamina da guilhotina invisivel

que, isocrona, cai sobre a nuca do Tempo.

 

Tic-tac. . . Tic-tac. . .

 

No quadrante as horas estão escritas em negro.

Sempre em luto o relogio ao trespasse das horas!

 

No quadrante os algarismos romanos parecem feitos de pon-

                                                        [tos de exclamações.

Seria o assombro do relogio ao funeral solenissimo, tristis-

                                                        [simo das horas?

 

Horas! Ai, a vossa agonia lentissima!

Ai, o vosso massacre!

Tic-tac! Tic-tac!

 

Jamil Almansur Haddad

 

De
Jamil Almansur Haddad
ROMANCEIRO CUBANO
Capa de Luis Ventura
São Paulo: Editora Brasiliense, 1960

 

OUTRA CANÇÃO DE AMOR

Pelas madrugadas brancas,
Vão placidamente os poetas,
Contemplando as tuas ancas
Por serem meta das metas.

         Saúdo no instante alado
         Em que nada mais enferma
         Teu ovário fecundando
         De pura gota de esperma.

E na cidade criança,
A origem palpita no ovo.
No teu ventre o feto dança:
Vai nascendo o Brasil novo.

    (De Canções de Brasília)



CONSULTORIA JURÍDICA

Sobre nós a sombra desce,
Sobre eles luzem prazeres.
Nós balbuciamos a prece
E eles forjam pareceres.

         Quando acaba a felonia
         Que se chama assessoria?

E faltando o ar aos pulmões,
Grita-se: Ar! E o tribunal
Referenda em decisões:
Isto é inconstitucional.

         Que o sangue flua na veia,
         Não é absurdo, minha amiga,
         Mas sempre há um juiz que alardeia:
           A isto é que a lei não obriga.


HADAD, Jamil Almansur, org.   História poética do Brasil. Seleção e introdução de  Jamil Almansur Hadad.  Linóleos de Livrio Abramo, Manuel Martins e Claudio         Abramo.  São Paulo: Editorial Letras Brasileiras Ltda, 1943.  443 p. ilus. p&b  “História do Brasil narrada pelos poetas. 

HISTORIA DO BRASIL – POEMAS

 

SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

 

CANTO INICIAL EM LOUVOR DO BRASIL

Meu amor, minha Pátria, esta é a noite de tua vigília,
Não vigília de dor ou de luto; porque o teu corpo, ferindo-se,
Cada glóbulo começa a relampejar intensamente,
Tornando a noite de tua vigília a mais estrelada do mundo.

Dor? Não! Luto? Bem menos.
Eu sei que a estas horas há brasileiros naufragando em alto mar...
Mas que importa? O sangue vertido por teus filhos transfunde-se
        todo em tuas veias, minha Pátria!
Os hálitos de teus filhos, depois da morte, veem dar mais profundo
        alento ao teu coração, minha Pátria!
A morte dos teus filhos é que vai tornar-te, minha Pátria, imortal
        para todos os séculos dos séculos,
Imortal e não menos do que Deus.

Nesta noite de tua vigília, ó Pátria, o teu Poeta vigila.
Por um milagre do espírito e da poesia, esta é a noite do retorno,
        a noite da absoluta integração;
Sinto numa hora de amor que todo o meu sangue ancestral se escoa.
E a noite maravilhosa de tua vigília, ó Pátria, transfunde em minhas
        veias rutilante sangre negro,
a aurora esplendorosa que suceder à tua vigília transfundirá 
        minhas veias tumultuoso sangue índio.
É por isso, minha Pátria, que esta é a noite da absoluta integração,
a noite divinamente brasileira
em que eu sinto irromper de ti,
folha de tuas árvores, suspiro dos teus ventos, espuma de tuas
        cachoeiras,
irrompo de tuas entranhas como os teus minérios, as tuas onças e
        os leques de tuas palmeiras.

Minha Pátria! Minha grande Pátria!

Meu irmão marinheiro!
Araraquara! Baependi! Arabutã! Ó, meu doce navio brasileiro!
Ó, navios da glória do mar!
Singrando pelas águas silenciosas, ereis,  na oscilação inquieta,
        como o coração da Pátria a palpitar... a palpitar...
Meu irmão brasileiro! Ó meu doce navio brasileiro!
Não há dor no vosso naufrágio. Na noite brasileira e profunda
cada navio que afunda
Cai como um triunfo, mergulha como uma ascensão.
Um dia estarão nas vossas proas torpedeadas,
Nas vossas quilhas naufragadas,
A força do Brasil, os alicerces da nação.

Meu irmão marinheiro! Ó meu doce navio brasileiro!

E vós, aviadores do Brasil! Fab fabulosa e magnífica!
Paul Fort, poeta mago de França, já o disse: O céu tem fronteiras!
Atentai aviadores: Este ar é tanto nosso como a água dos
        nossos rios!
Esta brisa que no Brasil sopra não é igual à europeia nem a
        qualquer outra. Esta brisa é brasileira como o Rio Amazonas,
        a cachoeira de Paulo Afonso e o pico de Itatiaia.
Uma estrela do Brasil não é igual a uma estrela da França. Toda
        essa via-láctea, todo esse sol que doura as nossas montanhas,
        todas essas estrelas, soberbas em seus brilhos imortais,
São nacionais, são nacionais, são nacionais.

Aviadores do Brasil, atendei ao rumor tumultuosos dos ventos, esses
        ventos que encresparam as águas mansas da Guanabara,
        esses ventos que uivaram entre as frondes da floresta
        amazônica; esses ventos que levaram longe o eco dos
        cornamusas e o gemido dos aboios nas coxilhas do sul, esses
        ventos amenos na placidez das praias, cáusticos na seca
        nordestina; atende à súplica dos ventos que intimam:
        Defendei o Brasil!  Defendei o Brasil!
Atendei às estrelas que falam com a voz luminosa e serena:
        Defendei o Brasil!  Defendei o Brasil!

Meu avião brasileiro!
Atende à súplica do Cruzeiro!

Ó, soldados do ar!
Vós sois mesmo a imagem da Pátria, a vigilar, a vigilar...
Tendes nas mãos a defesa do espírito,
a defesa do lar,
a defesa do altar!

E este espírito qual é? É liberdade e força!
Minha Pátria! Minha grande Pátria!
Eles que te viram na faia da sementeira,
quando eras a grande mãe piedosa, capaz de nutrir a humanidade
        inteira,
julgaram-te pacífica e desfibrada,
quando tu és, ó Pátria idolatrada,
a nunca vencida Pátria guerreira.
Eu penso na tua madrugada estridente de arcabuzes e tacapes.
Ó! Tabocas! Ó, Porto Calvo! Ó, Guararapes!
E vós, corsários do mar, que ereis Drake, Lancaster e Cavendish,
direis aos tiranos e agora as lições que colhestes nas nossas
        ondas escarlatas:
o Brasil sempre soube lidar com os piratas!

E tu, divino pavilhão auriverde,
ainda ontem eu em ti amava, a constelação de vinte e uma estrelas
        em que se fragmentava o meu Brasil.

Mas esta é a hora da concórdia em que as vinte e uma estrelas
        desapareceram da pura bandeira, do sacrossanto véu
para fulgurar, imortal em suas luzes serenas,
uma estrela apenas:
E essa estrela, por ser do tamanho da Pátria, é maior que o céu!

Minha Pátria! Minha grande Pátria!
Acolhe este Canto como uma grinalda que seu teço para coroar-te
        a formosa fronte augusta;
e para que tu, oh, minha Pátria te salves,
cada poeta cantará.  Cada poeta será Bilac e será Castro Alves.
Até que chegue a hora de teu máximo poema,
a hora da epopeia suprema,
quando
por amor do Brasil,
cada um dos teus soldados saberá partir cantando...

 

                     (POEMAS DE GUERRA – Inédito)

 

Marechal ALOÍZIO DE MIRANDA MENDES, participou, na Itália, da 2ª. Guerra Mundial. Primo de meu pai Manoel Teixeira de Miranda, visitava-o frequentemente em seu apartamento em Copacabana, RJ, nos anos 50 e 60 do século passado, quando conversávamos muito sobre o Brasil. Aprendi muito com ele.


 

 

Página publicada em janeiro de 2009; ampliada e republicada em fev. 2010.



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