Home
Sobre Antonio Miranda
Currículo Lattes
Grupo Renovación
Cuatro Tablas
Terra Brasilis
Em Destaque
Textos en Español
Xulio Formoso
Livro de Visitas
Colaboradores
Links Temáticos
Indique esta página
Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Foto: https://escamandro.wordpress.com/

 

 

IDELMA RIBEIRO DE FARIA

 

(1914-2002)

Nasceu em Rio Claro (SP).
Formou-se em Farmácia na USP. Foi também poeta, jornalista, contista e professora.
Publicou Alma nua (1949); Meridiano do Silêncio (1955); Acalanto para a menina morta (1964); Sonetos (1970); Presença do Enigma (1972); Quarteto (1988); Haicais (1995); Uma abelha ao sol (1995) e Emoção e memória (Obra reunida, 1999).

Participou das antologias: Coletânea de poetas paulistas (1951); Vozes da poesia feminina brasileira (1959); Antologia poética da geração de 45 (1966). Publicou ainda contos e livros infantis. Traduzia do inglês e do francês. Consta do levantamento de tradução poética com Poemas, de Emily Dickinson (Hucitec, 1988); Poemas 1910-1930 (Hucitec, 1980) e Corais de “O Rochedo” (Massao Ohno, 1996), ambos de T. S. Eliot, e com uma antologia de Emily Dickinson, T.S. Eliot e do poeta haitiano René Dupestre (Hucitec, 1992).

Biografia: http://poesiatraduzida.com.br/idelma-ribeiro-de-faria/

 

 

CAMPOS, Milton de Godoy.   Antologia poética da Geração 45.  São Paulo:
Clube de  Poesia, 1966.   207 p.  16 x 23 cm.   Ex. bibl. Antonio Miranda

 

               

               FILHO, PERDOA

Ela aí está oculta
em algum ponto de teu corpo moço,
Silenciosa aguarda
o exato momento.
Silenciosa espreita.

Filho, perdoa.
Toda essa construção
harmoniosa e pura
argamassa em sangue,
não é mais que o ritual de uma oferenda
a ela, a invencível, a implacável.

Quando em teu coração morder a dúvida
será ela tua única verdade.
Quando teu passo vacilar na sombra
será ela o teu destino último.

Inconformada assisto
ao latejar do tempo em tuas veias.
Breve o que é hoje claro, leve, rútilo
— arremesso de asa para o alto —
rolará turvo e denso
e se transformará em nódoa opaca.

Filho, perdoa a única certeza
que te legou meu sangue.
Filho, perdoa o trágico milagre.



A PRIMEIRA MENSAGEM

Transponho ilhas de vazio
e vou buscar-te em fragmentos,
pequenina.
Névoas circundam-te os cabelos,
névoas penetram-te na boca,
turbam-te os olhos.

       Mas a cantiga é cristal líquido.
Nasce na sala,
transporte o inerte corredor
e eclode em vívida mensagem
na soleira.

Um vulto vago
— Mãe sereníssima —
se dualiza:
senta-se ao piano,
o filho ao colo.

       Canta o menino.
E a melodia te trespassa
e fragmenta.
Vou encontrar-te na soleira
em braços, pernas, gesto e riso.
Entanto, plenos de presença,
olhos e ouvidos
estão na sala
irmanados ao canto.

Notas florescem em tênue fio,
unem-se à noite.

Vultos se movem, nebulosos,
mas voz filtrada
fixa o quadro
nitidamente:
— Um ano se canta!...

       Dez são os irmãos em torno ao instante.
Dez, todos eles intocados,
leves, ingênuos,
pés levitando além do lastro
do inapelável e do obscuro.

Não percebem
no canto
o voo migratório
a emoldurar a infância débil,
a perseguir além da infância
o rosto branco e adolescente,
rosto translúcido,
pulverizado em febre e tosse,
rosto-sombra,
vagando insone,
rosto-paina,
aberto em círculos de silêncio.

 

 

Página publicada em agosto de 2020

        

 


 

 

 
 
 
Home Poetas de A a Z Indique este site Sobre A. Miranda Contato
counter create hit
Envie mensagem a webmaster@antoniomiranda.com.br sobre este site da Web.
Copyright © 2004 Antonio Miranda
 
Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Home Contato Página de música Click aqui para pesquisar