Filha do Pó, do Pó banido, ao Pó natal
Em breve regressar — aspiração suprema!
Caronte, ó bom barqueiro, aproxima-te. Rema,
Com mais celeridade, o teu batel feral.
Transporta-me do Estige à negra riba extrema:
Quero volver de novo à paz do imaterial,
Do Nada, onde nasci, livre, enfim, do infernal
Ergástulo do Ser, do grilhão, que me algema!
Eia, barqueiro, rema! A dor, que me amargura,
É, sob o céu sem astro, horrenda noite escura:
Liberta-me do atroz suplício de viver!
Rema, barqueiro, rema! A esta alma torturada,
Prestamente, conduz ao remanso do Nada,
À imperturbável paz eterna do Não Ser!
Página publicada em maio de 2017