EMILSON PEDRO ZORZI
Poeta, pintor e químico industrial, 44 anos.. É natural de Jundiaí – SP e residente na mesma cidade. Tem muitos poemas escritos e atualmente organiza-os para uma futura publicação. Teve sua poesia “Outono” classificada e publicada em coletânea, pela academia de letras de Jundiaí em 2005.
Passos de Asas
Transpareço o que sou agora em transpiração transparente,
tão clara como a luz do abajur,
o silêncio que trago em ruídos de passos,
vão embora em meias que calço,
os passos são curtos e largos,
doces e amargos,
mas são passos,
pássaros...
leves,
que no ar demonstram o que aprenderam por instinto.
Os pássaros que voam alto,
em passos de asas, batidas frenéticas...
voam, voam...
pois querem chegar ao infinito.
A Poesia da Faca
Na mão,
os dedos.
Na mão,
a faca,
apertada.
Entre os dedos,
a caneta,
vazia de cor.
O papel à espera,
a poesia da faca,
o rasgo do papel,
com a caneta estéril.
Da faca,
a ferramenta da poesia...
da caneta,
a falta de ousadia.
Escreve agora na mente,
com a faca marcada,
na página certa,
o que a caneta tinha a dizer.
O Morto-Vivo
O morto pariu sua alma como as árvores abortam as folhas no outono,
morto-seco, folha-seca,
morto-estrume, folha-adubo,
e a alma livre se prende, pipa aos galhos da árvore seca,
o estrume, o alimento, o nascer da flor,
o adubo ao pó da terra, o nascer do homem
Palavras-Latas
Às vezes, pronuncio palavras como latas,
abro-as no momento exato da necessidade de seu uso,
e jogo-as fora depois,
cortam meus lábios com a tampa serrada,
e imediatamente, cerro meus lábios.
Ciúmes do Lampião
Lampeja de ciúmes, lampião,
ilusão de velas passadas,
energia que hoje segue por fios umbilicais,
o alimento que chega ao homem.
Clara luz por sobre você,
é mais intensa, artificial.
Sai de cena lampião,
pião recordação de menino que não mais brinca,
consola-se com o que já proporcionou,
aos amantes,
que nos instantes,
parados pelo teu clarão,
atraíram cupidos e cupins alados.
Espelho
Hoje a lua caiu no chão,
o chão virou céu,
a água empoçou,
gota a gota,
caco a caco,
sol a sol,
o céu caído,
voltou ao céu,
ao seu lugar.
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