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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Fonte: www.revista.agulha.nom.br

 

EDUARDO LACERDA

 

 

Nasceu em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil, em 1982.  Poeta, graduado em Letras pela Universidade de São Paulo, e co-editor do Jornal de Literatura Contemporânea O Casulo. Trabalha como produtor de eventos culturais, como saraus, recitais e lançamentos. ‘E um dos criadores do Projeto Identidade e da FLAP!. Tem poemas publicados em revistas literárias como Entrelivros, Metamorfose, Mirante, FNX, A Cigarra e em sites como Germina Literatura, Cronópios, Vagalume, etc. Os poemas fazem parte do livro de estréia Outro dia de folia, ainda inédito. Mora em São Paulo.

 

Os poemas a seguir foram extraídos da obra ANTOLOGIA VACAMARELA : português, español, english. São Paulo: Edição dos autores, 2007. ISBN 978-85-905633-2-7, lançada em novembro de 2007 durante o Tordesilhas – Festival Iberoamericano de Poesia Contemporânea, realizado pelo Centro Cultural Caixa.

 

 

TEXTOS EM PORTUGUÊS  /  TEXTOS EN ESPAÑOL

 

 

A ÚLTIMA CEIA

 

Há regras à mesa

como em um brinquedo

de quebra-cabeça.

 

/E eu não entendo

os dispostos à esquerda

 

dos pais.

 

Restos do pequeno

Que sentavam ao meio

 

da mesa (como prato

que se enche

e procura lugar entre

as pessoas)./

 

Já não me encaixo

depois que aprendi

a olhar de lado

e sair por baixo.

 

 

XANGÔ

 

         Para Fábio Aristimunho Vargas

 

Quase

sem nenhum

motivo a pedra ataque

pedra ataque para o vidro

quebra

na cabeça do melhor

amigo

o seu último

último suspiro.

O nosso azar

nos pedaços repartido,

como bolo ou migalha de,

e com brilho

próprio,

onde nele me reflito,

pois assim o imagino

algo imaginário

como espírito

que sigo.

O que atirou primeiro

a primeira pedra

e acertou

o vidro.

Eu o injustiço.

Nós errávamos.

 

 

 

LACERDA, Eduardo.  Outro dia de folga.  São Paulo: Editora Patuá, 2012.135 p.  ilus.    capa dura. 16,5X23,5 cm. Projeto gráfico, capa e ilustrações Leonardo Mathias.   ISBN 978-85-64308-63-3  Tiragem 1000 exs. Apoio ProAC Programa de Ação Cultural da Secretaria de Estado da Cultura do Governo do Estado de São Paulo.  Col. A.M.

 


Reflexos

 

para Vlado Lima

 

 

Eu e

 

meus amigos,

 

tão sozinhos

 

que derramaremos

 

(aos litros)

 

álcool

 

aos

 

santos

 

espíritos.

 

Tão sozinhos que nos indagaremos:

 

- Eles também nos verão em dobro?

 

 

 

A dentadura


        
para Renan Nuernberger

 


Perco amigos

 

Como

 

 

quem perde

 

dentes.

 

 

Como

 

quem

 

mastiga,

 

perco amigos.

 

 

(E também os guardo.

 

deitados sob o sono

 

do travesseiro,

 

a espera

 

de impossíveis

 

fadas)

 

Como quem guarda dentes que perde.


Como quem dói a noite inteira.


Como quem


os devora.

 

 

Como quem

 

a dentadas e com raiva

 

espera

 

ainda algum

 

troco

 

ou

 

esmola.

 

 

 

 

TEXTOS EN ESPAÑOL

Traducción de Fábio Aristimunho

 

 

LA ÚLTIMA CENA

 

Hay reglas a la mesa

como en un juguete

de rompecabezas.

 

/Y yo no comprendo

los dispuestos a la izquierda

 

de los padres.

 

Restos de chico

a quien sentaban en el medio

 

de la mesa (como plato

que se llena

y busca lugar

entre las personas)./

 

Ya no me encajo

después que aprendí

a mirar de lado

y salir por debajo.

 

 

CHANGÓ

 

Para Fábio Aristimunho Vargas

 

 

Casi

sin ningún

motivo la piedra ataque

piedra ataque para el vidrio

se rompe

en la cabeza del mejor

amigo

su

último

último suspiro.

Nuestra desgracia

en los pedazos repartida,

como pastel o migaja de,

y con brillo

propio,

donde en él me reflejo,

pues así lo imagino

algo imaginario

como espíritu

que sigo.

El que arrojó primer

la primera piedra

y acertó

el vidrio.

Le hago una injusticia.

Nosotros errábamos.

 

BABEL POÉTICA. Ano I  no. 4.   agosto/setembro 2011.   Tradução e crítica.   Santos, SP, 2011.  64 p.  ISSN 2179-3662.  
Ex. bibl. de Antonio Miranda

 

       FAQUIR

Quando eu decidir
Por ser um faquir,

quero na cama
um único prego
embaixo de mim.

E em cima todo o resto
me encarando e dizendo
que eu não presto.


       LIMITES

       A placa
Não
Aplaca.

Pode pisar, cheirar, roubar.
— A grama, o grama, a grana.

Em outros tempos
Teu avô proibiu o beijo.
E eu que não fui teu pai, sexuei-te.

E neste tempo que não há mais nada a proibir.
Transgredir o quê?

O limite:
— O limite é sempre você.  



CONTRASTE DA AMÉRICA: antologia de poesia brasileira. Organizador Djami Sezostre. São Paulo, SP: Editora Laranja Original, 2022.    189 p.  ISBN   978-65-86042-40-5.
                                                             Ex. biibl. Antonio Miranda

 

        CORUJA

      
Seus olhos,
       todo asas
       se arregalam
       quando voam
       (são também
       gatos
       amarelos
       e suas
       garras
       carinhosas)
      
iluminados
       pela noite.
       E
       e, piscares
       de insônia
       sonham.


             A DENTADAS

            
Perco amigos
             como
             quem perde
             dentes.

             Como
             quem
             mastiga,
             perco amigos.

             ( E também os ganho
             deitados sob o sono
             de travesseiro,
             à espera
             de imprevisíveis
             fadas)

             
Como quem guardas dentes que perde.
             Como quem dói a noite inteira.
             Como quem
             os devora.

             Como quem
             a dentadas e com raiva
             espera
             ainda algum
             troco
             ou
             esmola.

 

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Página ampliada e republicada em julho de 2023+



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Página publicada em abril de 2023


 

 

 

 

Página publicada em novembro de 2007

 




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