DJALMA ALLEGO
Djalma Allegro é poeta de profissão (de fé), nas horas vagas foi jornalista, ator de teatro e televisão e então advogado. diretor da UBE-União Brasileira dos Escritores EM duas gestões, membro do Conselho da OAB/SP. Poeta ativo nos anos 60, em São Paulo, quando estava em ação a Catequese Poética com Lindolfo Bell, Carlos Felipe Moisés, Roberto Piva...
ALLEGRO, Djalma. Retomada. São Paulo: Massao Ohno, 1999. 243 p. Capa: Arcangelo Ianelli: Composição, óleo s/tela. Tiragem: 1000 exs., impressão Lis Gráfica, formato 14x21 cm. autografado. Col. A.M. (EA)
SUBJUNTIVO
Sibilo sílabas
entrecortadas
por suspiros
Ela, grite
ou grunha
(enquanto me crave a unha
- onde me firo)
e depois fique calada
no discurso do amor
são nossos corpos que falam:
nós não dizemos nada.
SEXO
EU recôndito que
aflora
sem previsão e hora.
Força íntima que
presa em latência
é o nefasto da demência.
Energia contida
na válvula de espera
que torna o anjo em fera.
Densidade estática que
quando irrompe
subverte ou corrompe.
Vigor motriz de
fantasia inconfessa:
só saciado cessa.
MELANCIA
Da dentada vermelha
a apoteose do ato sado
masoquista.
Um crocante molhado
traz ideia de conquista.
Enche-se a boca tinta
de sangue
e de doçura
num babar vampírico
que o caldo não segura
e escorre até o pescoço.
Soai
o cuspezinho preto
do incômodo caroço.
LADAINHA
Os sonhos se perderam na consciência
e a fantasia dizimou-se de razão;
o amor não é mais a chama, é uma ciência
descolorida e vá, no coração.
Tu já não és anseio, nem paixão;
nem eu sou mais o vate da inocência;
a tua mão pousada em minha mão
tem o sabor de enorme incoerência.
Nossas vidas, de argila e de concreto,
sem sonhos, sem desvelos e aventuras,
mortas de todas previsões futuras,
se desgastaram no cálculo abjeto,
de cujo resultado, só correio,
tinha o amor... e algumas formas puras.
Página publicada em dezembro de 201
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