DANILO AFONSO
Nasceu em São Paulo, em 1977. Escreve poesia desde 1994 e publicou seu primeiro iivro Vértigo em Portugal em 2002.
AFONSO, Danilo. Quando comi o cérebro de Afonso. Poemas. Rio de Janeiro: Ibis Libris, 88 p. 14x21 cm. ISBN 85-89312-35-8 Editora: Thereza Christina Rocque da Motta. Capa e editoração eletrônica: Paulo Vermelho. Foto da capa: Paulo Batelli. Col. A.M. (EA)
TELEFONES EM CHAMAS
Ontem pus minha fúria em uma caixa de sapatos.
Dei de comer aos ratos e fui ver o pôr-do-sol.
Lembrei que me esqueci de comprar anzol, então a pescaria vai furar.
Tenho tanto medo de mergulhar que, de curiosidade, comprei um aquário.
Meio que frustrado, me sinto o operário da música "Construção".
A esse sentimento junto o medo de avião e me ponho a ver navios.
São grandes os vazios que cantam em minh'alma
que pede para ter calma como se fosse fácil tirar o sol da moleira
ou segurar o corpo na ribanceira caindo de pileque.
Minha raiva é um moleque correndo atrás da bola
que pela rua se esmola atraindo o pivete
para a rota do caminhão que promete acabar com a brincadeira.
A raiva na trincheira brinca de ser fúria
bufando que é usura colocá-la com sapatos
que são como hiatos entre ela e a inocência que há lá fora.
Então, a fúria vai embora entrando em campo o conformismo
com todo seu cinismo pendurado no pescoço
esperando pelo almoço em pleno café da manhã.
E não me digam que fúria é medo.
Eu sei disso.
REGRAS PARA O BEM VIVER
Regra número um:
a última regra está errada.
Regra número dois:
toda regra tem duas faces, a verdade e o outro lado.
Regra número três:
as regras são como as maldições,
todo mundo tem a sua, mas está mais interessado na do vizinho.
Regra número quatro:
não há regra número cinco.
Página publicada em abril de 2012
|