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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


DANIEL MAZZA

Daniel Mazza Matos nasceu em Fortaleza, Ceará, Brasil em 1975 .Médico e escritor. Doutorando pela Universidade de São Paulo. 

Bibliografia: Fim de Tarde. (Ribeirão Preto: Editora Funpec, 2004) e A Cruz e a Forca (2007). Participou de antologias e obras coletivas.


De
A CRUZ E A FORCA
Fortaleza: Book Editores, 2007
1º lugar no X PRÊMIOIDEAL CLUBE DE LITERATURA

 

A CRUZ E A FORCA

É o silêncio que não cala as verdades,
é o verbo que oscula as mentiras.

É o silêncio que se deixa enlaçar,
é o verbo que vende o verbo.

É o silêncio que é necessário,
e o verbo a última das instâncias.

É o verbo calado na forca,
e o silêncio altissonante na cruz.

 

CALÚNIA

A língua é uma adaga
No meio dos dentes.

É doce o gosto
Da salsa palavra.

A palavra da alma
É afiada navalha.

Afiada palavra
A palavra atassalha.

Afiada palavra
Palavra-punhal.

A palavra da alma
Sonoro artesanal.

O fogo do ódio
Cresce e respira.

A ira gasosa
Na alma-fornalha.

O fogo do ódio
Na palavra-palha.

 

A FACE OCULTA DA CULPA

A madeira podre do confessionário brocada pelos cupins.

Ácaros alimentam-se
De restos de pele
Entre os fio da batina.

Patena, cálice, cibório,
Dízimo
Dízimo
Dízimo.

O pároco doente: vômito de preces, diarréia de água benta.

   ----------------------------------------------------------------------------  

 De
FIM DE TARDE
(Ribeirão Preto: Editora Funpec, 2004)

Odes 

 

I

 

Não sei se o sonho que tenho

É o sonho que sonho.

A mesma

Chuva que irriga os vales,

Inunda as pequenas aldeias.

A lua sobre os amantes risonhos

É a mesma,

Sombria nos bosques escuros.

 

 

III

 

As tuas esperanças

Deposita-as em ti.

As pedras do teu jardim,

Remove-as.

Planta as tuas sementes,

Varre os teus canteiros,

Rega as tuas árvores.

Não esperes que o vento

Limpe o chão do teu Outono.

Limpa-o tu. Sê teu estro.

 

 

VII

 

Meu coração publicano,

Corrupto cobrador de impostos...

Meu coração fariseu,

Mesquinho doutor da lei...

Meu coração soldado romano com as mãos ensangüentadas,

Pôncio Pilatos com as mãos impecavelmente lavadas,

Caifás com a consciência impecavelmente limpa,

Barrabás impecável.

 

Lázaro meu coração...

 

 

O ladrão

Meu coração

Na cruz.

 

 

X

 

Melhor é a coroa na choupana

Que o esfregão no palácio.

Enfuna as tuas velas,

Conduz a tua jangada:

O parco peixe pescado

É teu 

O mar

Pertence a Deus. 

 

Pão e Circo 

No Coliseu, o urro das famintas feras        

O povaréu romano alvoroçava.                   

O circo mais o pão que alimentava              

A Roma augusta das passadas eras.           

 

Ao sinal das trombetas, os escravos             

Na saliva da morte agonizavam...                 

Festejos na tribuna onde brindavam               

Tibério César e a súcia de ignavos.                

 

Os caninos cravados no pescoço...                

Ventres rasgados expelindo a entranha...      

O banquete das feras inclementes...               

 

O brilho rubro aumentava o alvoroço...       

Enquanto César, com a face estranha,                               

Mudo, sorria, sorrateiramente...           

 

A Carpideira 

 Na sala, emudecido, esquife intransigente,             
Com a seda branca e fúnebre aconchegando          
O corpanzil do morto, glacial e infando,                
Em repouso cansado, exausto eternamente.   

     
Tece preces, a esposa, pelo Miserando,                   
Enquanto genuflexo, o filho, penitente,                  
Em alta voz pranteia, sua mão tremente                 
A soltar do pai a gélida, segue negando.

                
Enlutados na fila para as despedidas:                       
Aproximam-se um a um, benzem-se, balbuciam      
E prosseguem, por fim, com as almas recolhidas...

   
Num canto, em espetáculo de encenação,                
Soluços teatrais, lágrima financeira,                          
Concentrada e calma, chora uma carpideira..

 

             

 

 

POIÉSIS  Literatura, Pensamento e ArteAno XIII – No. 136 – julho de 2007 – Saquarema, RJ: Mota e Marin Editora e Comunicação Ltda.  Editor Camilo Mota.

 

 

 

 

       OS JASMINS

 

        Escolha o fado, estranho mistério:
Vicejou no recanto de meu jardim
Um jasmim, e brotou um outro jasmim
Sobre o funesto chão de um cemitério.

“Coitada de ti, flor pálida e infausta,
Tens por berço as covas... Não tens amigos!
Na triste companhia dos jazigos,
Vives nesta terra pútrida e exausta!”

“Escuta: fica com o teu jardim
Pomposo para ti... Cada um viceja
Onde prescreve a Providência, assim,

 

       Amo esses solos sujos, solos pulcros,
Pois vivo neles, e nada há que seja
Para mim mais belo que esses sepulcros!”

 

 

(do livro “Fim de tarde”, Ribeirão Preto, SP, Funpec Editora, 2004)

 

 

Página publicada em julho 2007. Indicação de Ronaldo Cagiano.

 Página ampliada e republicada em janeiro de 2008. Ampliada em outubro de 2020

 

 




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