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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
Foto:  www.google.com

LUIS SILVA

 

 

Cuti é pseudônimo de Luiz Silva. Nasceu em Ourinhos-SP, a 31.10.51. Formou-se em Letras (Português-Francês) na Universidade de São Paulo, em 1980. Mestre em Teoria da Literatura e Doutor em Literatura Brasileira pelo Instituto de Estudos da Linguagem – Unicamp (1999/2005). Foi um dos fundadores e membro do Quilombhoje-Literatura, de 1983 a 1994, e um dos criadores e mantenedores da série Cadernos Negros, de 1978 a 1993.

Biografia completa em https://www.cuti.com.br/

 

 

De: Poemas da carapinha, 1978:

 

 

Sou negro

 

Sou negro

Negro sou sem mas ou reticências Negro e pronto!

Negro pronto contra o preconceito branco

O relacionamento manco

Negro no ódio com que retranco

Negro no meu riso branco

Negro no meu pranto

Negro e pronto!

Beiço

Pixaim

Abas largas meu nariz
Tudo isso sim
- Negro e pronto! -
Batuca em mim
Meu rosto

Belo novo contra o velho belo imposto
E não me prego em ser preto
Negro pronto

Contra tudo o que costuma me pintar de sujo

Ou que tenta me pintar de branco

Sim

Negro dentro e fora

Ritmo - sangue sem regra feita

Grito - negro - força

Contra grades contra forcas

Negro pronto

Negro e pronto

 

 

 

       Eu negro

 

Areia movediça na anatomia da miséria
Pano-pra-manga na confecção apressada de humanidade
Chaga escarnada contra o risco atómico dos ladrões
Espinho nos olhos do aquecimento feliz de ontem
Eu

Eu feito de sangue e nada
De Amor e Raça

De alegrias explosivas no corpo do sofrimento e mágoa.
Ponto de encontro das reflexões vacilantes da História Esperança fomentada em fome e sede
Eu

 

A sombra decisiva dos iluminismos cegos
O câncer dos humanismos desumanos
Eu

Eu feito

De amor e Raça

De alegrias incontroláveis que arrebentam as rédeas dos sentimentos egoístas

 

Eu

Que dou vida às raízes secas das vegetações brancas
Eu

Ébano que não morreu no temporal das agressões doentias Força que floresceu no tempo das fraquezas alheias
Feito de Amor e Raça
E alegrias explosivas.

 

 

 

De: Cadernos negros 19, 1996:

 

 

 

Cultura negra

 

 

ariano afago

sobre a suposta acocorada
infância nossa

 

a cor sim

e não

reelabora elegbara

 

orixás não tomam chás de academias
tampouco em mídia sui-seda
cedem

 

                poema de negrura exposta
tece vida
na resposta
abrindo a porta enferrujada de silêncio

 

explode um coice
o bode

entre folclóricas nuvens e teses
de negócios afagos

 

alvos a-tingidos desesperam
em busca de tambores
ritos

puros mitos

em águas paradas

de poemas pardos

que lhes salvem da chuva de negrizo

 

 

 

CADERNOS NEGROS.   Volume 23.   Poemas Afro-Brasileiros.   Organizadores: Esmeralda Ribeiro  e  Márcio Barbosa.  Capa: Foto J.C. Santos.  São Paulo: Quilombhoje, 2000.   120 p.  14 x 21 cm.  Ex. bibl. Antonio Miranda

 

“Creio no vôo das palavras e na
capacidade que elas têm de semear
novos sentidos de existir

 

                Selecionamos três poemas do livro:

 

 

 

 S E M O G U I A N A

preto de ser querendo
no mais íntimo
no mais ótimo
o sereno prazer de ser
o coração da própria sombra



        

R E S G A T E

gueto e quietude encurralados
dentro do próprio
rio de encantos passados

hoje resgato
re-gueto
e não bastam
toscos totens atônitos
sem dentro
ante os múltiplos
milagres técnicos

aconchego-me no côncavo deste abraço
ancestral
adormeço de cansaço
lanças de outrora
já não servem
para defender o sonho
enquanto balas e mísseis
cruzam o espaço em direção à morte

somente deste fogo-afago
desferidas
para incendiar ao menos
de liberdade
um coração



T R I N C H E I R A


falaram tanto que nosso cabelo era ruim
que a maioria acreditou
e pôs fim
(raspouqueimoufrisoutrançourrelaxou...)

ainda bem que as raízes continuam intactas|
e há maravilhosos pêlos crespos
conscientes
no quilombo das regiões
íntimas
de cada um de nós

 

 

 

Página publicada em fevereiro de 2020

 

      

 


 

 

 
 
 
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