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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 

CARLOS ALBERTO DE ARAÚJO

 

(1900-1940)

 

Tácito de Almeida, irmão de Guilherme de Almeida, nasceu na cidade São Paulo.

Bacharelou-se na Faculdade de Direito de São Paulo em 1920. Foi um dos fundadores do Partido Democrático e redator do Diário Nacional, órgão daquele partido. Em 1931 fundo com outros motivos a Liga da Defesa Paulista, que teve parte saliente no movimento constitucional de 32. Fundou em 1933 a Escola Livre de Sociologia e Política, da qual foi diretor e professor.

 

 

 

Ao tempo da Semana de Arte Moderna exerceu a atividade literária e foi um assíduo colaborador da revista Kláxon, onde, sob o pseudônimo de Carlos Alberto de Araújo, publicou os poemas que aqui reproduzimos. Logo depois a advocacia e apolítica o absorveram completamente e nunca mais o nome de Carlos Alberto de Araújo apareceu na imprensa.

[Na opinião de Manuel Bandeira] Era uma alma boníssima, um caráter límpido, uma inteligência penetrante e soube fazer amigos, que ainda hoje lamentam com funda saudade a morte prematura do companheiro das primeiras horas do modernismo.

 

 

 

ANTOLOGIA DOS POETAS BRASILEIROS BISSEXTOS CONTEMPORÂNEOS. Organização: MANUEL BANDEIRA.
Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1996.  298 p,   12 x 18 cm. 
ISBN 979-85-209-0699-O    Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

Bissexto é todo o poeta que só entra em estado de graça de raro em raro.” MANUEL BANDEIRA

 

 

 

         TEMPESTADE

 

       Princípio de tarde. Carnaval no céu.

Máscaras negras, máscaras brancas,
Máscaras cinzentas,
O sol experimenta troadas as máscaras.
Até que se esconde sob uma delas
E não aparece mais.

Desvairado invisível.

Serpentinas, mais serpentinas!
E as nuvens rápidas
Agitam-se tanto,
Tão nervosamente,
Que já não têm mais forças.

 

       Pobres braços, desarticulados,
Braços cansados,
Descendo sem querer...

 

       E a chuva fria cai, cai longamente,
Cheia do perfume das folhas lustrosas,
Cheia de éter, vaporosa,
Cheia de céu...

 

       E a chuva fira cai, cai docemente,
Cada vez mais calma, cada vez mais fria,
Até morrer...

E o magro céu, branco como um palhaço,
Ergue e começa a arquear sobre a cidade
O arco-íris alegre e violento,
Sob o qual vai passar triunfantemente,
Nos cavalos lustrosos da noite,
O préstito invisível dos astros...

 

 

 

 

       A MESMA TEMPESTADE

Os relâmpagos chicoteavam com fúria
Os cavalos cinzentos das nuvens
Para chegar mais depressa à terra.

As trovoadas longínquas parecem
Caminhões cheios d´água em disparada
Por velhas ruas mal calçadas

E o vento rasteiro,
Vestido de poeira,
Passa faminto como um cão,
Farejando a terra.

      

       *

 

       A chuva já passou.
A noite límpida é um menino
Saindo detrás das montanhas.

E ele vem correndo, vem correndo,
Alegremente,
Todo molhado.

Os homens assombrados,
Julgando-o perdido,
Estavam já desanimados.

Mas ele vem correndo, vem correndo
Alegremente
Todo molhado.

Vem correndo...  E, quando encontra
Os homens cheio de olhares,
Ele para e estende os braços úmidos,
E vai espalhando pelo céu,
Cheio de orgulho,
Os mil pedaços ainda móveis
Da verde cobra fosforescente
Que matou na floresta, atrás das montanhas...

 

 

 

 

       PAZ UNIVERSAL

 

              A Graça Aranha

 

         Alegria!
Só no meu país a terra é ainda vermelha.
Esforço para germinar,
Ou para suportar o peso dos homens...

 

       Não há mais sangue sobre o mundo.
Ele está todo branco,
Linfático,
Cor da cidade, cor do riso...

 

       Alegria!
Os povos,
As grandes ruas iluminadas
E os homens felizes,
Esquecidos das trincheiras,
Afastados da dor,
Amputados da dor...

 

       O passado perdeu-se,
E não conhece mais os caminhos,
Os caminhos das almas...
E ninguém sabe que nesta hora,   
Sem toda a parte há pessoas que agonizam,

 

             E há veias que se esvaziam
E há corpos ainda quentes sob a terra fria...

 

       ALEGRIA! ALEGRIA!

 

                            PAZ UNIVERSAL!

 

       Não houve tanta guerra,
Tanta luta entre os homens!

Luta amarga para viver,
Luta ardente para amar,
Luta dolorosa para sorrir.

 

       ALEGRIA!
PAZ UNIVERSAL!

 

                           SALVAR

Mais um desejo amigo!
É preciso soltar,
Pelas florestas frias e adormecidas,
Todos os nossos desejos tímidos,
Procurando mesmo assombrá-los,
Para que fujam, para que corram
E se desviem por todos os lados...

 

       Mais um desejo!
É preciso que a pálida vida,
Nos seus longos passeios desoladores,
Encontre sempre um desejo perdido
Que ela saiba salvar...

 

 

 

Página publicada em maio de 2020

       

 

 

 


 

 

 
 
 
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