Preso na jaula heril, nostálgico e imponente
O leão, cativo, habita. É o mesmo erguido vulto
Do senhor dos sertões. É o mesmo olhar candente,
Apesar de viver num cárcere sepulto.
Rei debalde não era! Uma vez, levemente,
O insultaram. Soberbo, em resposta ao insulto,
Desajoujado à fauce o verbo onipotente,
Partiu grades, matou, gloriosamente exulto!
Também no coração, preso à jaula da ideia,
Tenho um monstro revel, monstro de garras de aço,
Um tigre mais feroz que o tigre de Neméia.
É o ciúme. Um nada, um gesto, um teu olhar a esmo
Fá-lo urrar, como a fera em seu cativo paço,
Mas não mata ninguém; crava a garra em mim mesmo.