ANTONIO PÁDUA COSTA
Nasceu em Pindamonhangaba, a 24 de janeiro de 1900, e faleceu a 6 de agosto de 1947. Parodiou espirituosamente Olavo Bilac e Antero Bloem.
WORMS, Pedro de Alcântara. 232 poetas paulistas. Rio de Janeiro: Conquista, 1968. 497 p. 13,5x20,5 cm. Capa: Célio Barroso. Inclui uma "Errata" ao final do livro.
VOTAR EM BRANCO
"Ora (direis) votar em branco! Certo
Perdeste o senso!" E eu vos direi, de pronto,
Que assim votando ("chi lo sá") decerto
Não fui na onda, nem caí no conto.
E receando dar meu voto tonto,
Assim à toa, a um candidato esperto,
Não quis votar, gozando o desaponto
Dos candidatos, ao ser este aberto.
Direis agora, amigo: "Isso é despeito,
Uma besteira que não adianta nada,
Nem prejudica a apuração do pleito!"
Eu vos direi, pois gosto de ser franco!
"Não tenho fé mais nessa "macacada",
Eis o motivo por que voto em branco!"
LÁBIO DE BATON
Quando depões sobre o teu lábio hiante,
Esse lábio que tratas com carícia,
Untando com cuidado e com perícia,
Um pouco de "batom" marca "barbante",
Eu, desvairado, almejo nesse instante,
Ou seja por inveja ou por malícia,
Tirar teu lábio (oh que delícia!)
Esse "baton" que o torna extravagante.
Mas quando vejo esse teu lábio doce,
Brilhando para mim, como se fosse
Saborosa tablete de bombom,
Ardo na chama de uma fome louca:
De "lambuzar" inteira minha boca
Nesse teu lábio cheio de "batom"!
Página publicada em junho de 2017