ASSIM FAREIS!
Salve! oh! progresso
Que viras o mundo
De dentro pra fora
E o tornas jucundo!
É a ti que devemos
Ver hoje os janotas,
De lunetas nos olhos
Com ar de idiotas.
Bigodes e peras,
Bengala na mão;
A perna enfiada
Na calça balão.
E outros perrengues
De branco lencinho,
Com mil arrebiques
Limpando o focinho.
Vazios de espírito
Na chocha cachola
Levantam a fronte
Com ar de pachola.
Assim ocultando
Do saber a escassez,
Que logo se nota
Falhando uma vez!
São estes bonecos
De almas pequenas,
Dos vermes sociais
Perfeitos emblemas!
Altivos no luxo
No mais pobretões,
Vaidosos imitam
Soberbos pavões!
Os homens d'outrora
Bem tolos que eram!
Tão lindos papéis
Pra si não quiseram!
Não iam aos bailes
Na valsa saltar,
Quais lindos peixinhos
Que saltam no mar.
Salve! oh! progresso
Que viras o mundo
De dentro pra fora
E o tornas jucundo!
As moças de hoje
Formosas que são
Tão feias se fazem
C'o a saia balão.
O corpo mimoso
Na saia enfardado,
Perde a elegância
Do talhe engraçado.
Coitadas! parecem
Nas ruas andando
As barcas que correm
As velas inchando!
Em casa, magrinhas
Um bilro parecem,
Na rua, tão gordas,
Repolhos que crescem.
Em casa mui alvas
Qual alvo jasmim,
Na rua tão rubras
Qual rubro carmim.
Em casa, dos lábios
C'o a flor desbotada,
Na rua, tão róseos
E a face encarnada.
Em casa, vergando
Qual débil arbusto,
Na rua, tesinhas
Andando sem custo!
C'o imenso chapéu
A face cobrindo,
Às vistas profanas
Assim vão fugindo.
As leves cabeças
Agora enredadas,
Talvez que melhorem
Ficando pesadas.
Milagres do céu
Poder do "postiço!"
Das damas faceiras
Tu és o feitiço!
Quem ao sério
For isto olhando,
Muita pilhéria
Irá juntando!
E nós com pachorra
O mundo estudamos;
Do mundo as tolices
Assim castigamos.