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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: http://antologiamomentoliterocultural.blogspot.com.br  

ANTONIO LÁZARO DE ALMEIDA PRADO

 

PRADO, Antonio Lázaro de AlmeidaCiclo em chamas e outros poemas.  Prefácio de Antonio Candido.  Cotia, SP: Ateliê Editorial; São Paulo: Oficina do Livro, 2005.           198 p.  14x21 cm. Ilustrações: Carmen Gutierrez.   ISBN 85-7480-292-1    Col. A.M.

 

Nasceu em Piracicaba, a 6 de outubro de 1925, cursando, no Instituto de Educação Sud Mennucci, daquela cidade, o Primário, o Ginásio e o Colégio Clássico, este, concluído em 1948. Em 1944 iniciou, no jornal piracicabano Diário de Piracicaba, as atividades de escritor e jornalista, tornando-se, desde aquela data, sócio da União Brasileira de Escritores e da Associação Paulista de Imprensa. No ginásio, já fora redator do jornal estudantil O Castro Alves do Instituto Sud Mennucci.

Como jornalista manteve colunas nos jornais piracicabanos Diário de Piracicaba e no Jornal de Piracicaba, assinando artigos literários e participando de campanhas memoráveis.

Em 1949 iniciou os estudos universitários no Curso de Letras Neolatínas da Universidade de São Paulo, concluindo os cursos de Bacharelado e de Licenciatura em 1952, ano em que teve início sua carreira de Docente Universitário na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como Assistente. E em 1953 foi contratado como Auxiliar de Ensino e, depois, Assistente da Cadeira de Língua e Literatura Italiana da Faculdade de Filosofia, Ciência e Letras da USP, de que era Titular o Professor Ítalo Bonfim Bettarello. No biénio 1953-54 concluiu os Cursos de Especialização em Língua Italiana e em Literatura Italiana na USP.

Em São Paulo, trabalhou, seguidamente, como Diretor do Departamento de Estudos e Pesquisas do Partido Democrata Cristão e como Diretor Executivo de Economia e Humanismo, sendo que, no primeiro, dirigiu e colaborou no jornal democrata-cristão Libertação.

Colaborou, durante seu estágio académico, no Jornal de Piracicaba, publicando naquele jornal, entre outros, artigos sobre Antero de Quental, Machado de Assis e Georges Bernanos. Mais tarde colaborou no Boletim da Associação Comercial e Industrial de Piracicaba, com poemas e artigos, como o fizera pelas colunas de jornais de Piracicaba.

Convidado por António Augusto Soares Amora, atuou na instalação, em 1959, do Curso de Letras na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Assis, do Sistema de Institutos Isolados de Ensino Superior do Estado de São Paulo, ocupando em seguida o cargo de Titular.  Obteve o título de Doutor em Letras pela USP com a Tese O Acordo Impossível, análise de obra do poeta e romancista neorealista Cesare Pavese. Ainda, na USP, obteve o título de Livre Docente em Língua e Literatura Italiana com apresentação e defesa da tese Itinerário Poético de Salvatore Quasímodo.

Na Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Assis foi Titular Fundador da Cadeira de Língua e Literatura Italiana e, por convite do Professor Soares Amora, assumiu a Cadeira de Teoria Literária e Literatura Comparada, pela qual veio a aposentar-se em 1982, como Titular. Teve intensa atuação na área cultural, à frente de eventos literários-musicais, como: "Noites de Música e Poesia", "Festival de Artes", "Catequese Musical", cujos resultados foram marcantes.

Como docente e pesquisador universitário publicou em revistas científicas do Brasil e do Exterior Artigos e Resenhas Científicas. Como jornalista, há 37 anos colabora no Diário Assisense Voz da Terra, assinando colunas literárias e de jornalismo: Rosa-dos-ventos, Janela-Aberta, Calidoscópio e Assis/Livros.

É tradutor de Leon Poirier (Um Homem Chamado Francisco de Assis), de Gaëtan Picon (O Escritor e sua Sombra), de Giambattista Viço (Ciência Nova), de Francesco de Sanctis (Ensaios Críticos) e de Giuseppe Ungaretti (Invenção da Poesia Moderna).

Na USP proferiu palestras sobre Cesare Pavese, Giuseppe Ungaretti (mesa redonda "Mernórias de Ungaretti no Brasil") e publicou artigo na revista Estudos Avançados (60 anos da USP). No campus de Marília da UNESP participou da mesa redonda em homenagem a António Cândido de Mello e Souza.

Como um dos Sócios fundadores da Academia Piracicabana de Letras, ocupou a Cadeira n° 6 (Patrono: Gonçalves Dias). Em Assis foi Assessor Cultural junto à Prefeitura e, por duas vezes, Diretor de Gabinete do Prefeito. Recebeu-da Câmara Municipal de Assis o título de "Cidadão Assisense" e da Faculdade de Ciências e Letras do campus de Assis o título de Professor Emérito.

Em 2003, co-autor com Maeia Sílvia Morelli, publicou Assis: Passado, Presente e Futuro.  A carreira profissional do Prof. Dr. António Lázaro de Almeida Prado caracteriza-se por produções poéticas, ensaísticas, científicas e de jornalismo atuante. Mas é como jornalista que se iniciou na carreira literária, em 1944 e é como jornalista, que nela se mantém.

 

 

DESCENDO PARA A MOLA DA ASCENÇÃO

 

Suave sobe o sumo pelo caule

E súbito estremece em flores vivas:

 

Eis o sumo assumindo forma excelsa,

Transluzindo, em aromas, sua essência.

 

Crescer é imperativo e em nós consagra

A vocação de flor destas raízes,

Ou da terra, que cede os atributos

Do capricho geométrico da flora.

 

O que foi suco gástrico das pedras

Ascende em progressão e florescência

E cintila ao sabor de flórea aurora.

 

Nascemos motivados pelo imã,

Pelo impulso, que tanto mais exalta

Quanto mais se mantém fiel à terra...

 

 

EXUMAÇÃO DA INFÂNCIA

 

Ai! malva preterida

Em página esquecida

E suave fragrância

                    Infância...

 

Nas mãos me faço unguento

E livre de tormento

Te colho, flor suave

                    Ave.

 

Teus sonhos já restauro

E, trôpego, te amparo,

Isenta de torturas,

                    Pura.

 

E choro por sentir

Teu doce persistir

Que nada mais descora:

                    Aurora...

 

 

LEITURA FIGURADA II

 

Soleiro a minha vida, embevecido,

Com o espanto encantado de um infante

Às vezes transbordante e desmedido,

Outras mais, perturbado e hesitante.

Soletro esta gramática de espantos

Com sílabas de ardente expectativa,

E na exata sintaxe de meus cantos

Tento enlaçar a rocha e a sensitiva

Ao liberar em música e sentido

Meu desmedido amor, tão comedido...

 

 

TESTAMENTO

 

Antes que, entediado,

Inclemente dedo

Pena de degredo

Decrete, enfastiado;

 

Antes que, enfezado,

Burocrata azedo

Haja glória ou medo •

Reduzido a dado;

 

E que, retaliado,

Por desprezo altivo

Seja condensado

Em ficha de arquivo;

 

Lego a quanto amei,

Sem peso ou medida,

Minha ardente vida,

Superior à lei;

 

Essa, a minha herança,

Sem ágio ou usura,

Toda: só ternura,

Que não cessa ou cansa.

 

 

A SUMA E A SOMA

 

Com impalpáveis sons, fracos e flébeis,

Grito este amor demais, intenso e louco.

Para o qual as palavras são bem pouco

E os mais ousados versos soam débeis.

 

Quem os ler, saberá, talvez, um dia

Guiado pelos sons, captar a alma,

Que neles transformou furor em calma

Por não vê-los carentes de alegria?

 

Projeto nestes versos, concentrada,

A suma de meus dias, de meu sonho,

E a têmpera da alma apaixonada.

 

Nem sei se isso é nada ou muito pouco,

Só sei que quanto posso neles ponho,

Talvez com voz fremente ou com som rouco.

 

 

Página publicada em julho de 2013.


 

 

 
 
 
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