AMADEU AMARAL
Amadeu Ataliba Arruda Amaral Leite Penteado (Capivari, 6 de novembro de 1875 — São Paulo, 24 de outubro de 1929) foi um poeta, folclorista, filólogo e ensaísta brasileiro. Autodidata, surpreendeu a todos por sua extraordinária erudição, num tempo em que não havia, em São Paulo, os estudos acadêmicos e os cursos especializados que se especializariam pouco depois. Dedicou-se paralelamente à poesia aos estudos folclóricos e, sobretudo, à dialectologia. No Brasil, foi o primeiro a estudar cientificamente um dialeto regional. O Dialeto Caipira, publicado em 1920, escrito à luz da lingüística, estuda o linguajar do caipira paulista da área do vale do rio Paraíba, analisando suas formas e esmiuçando-lhe sistematicamente o vocabulário. Esta obra é considerada como sua melhor contribuição as Letras.
Sua poesia enquadra-se na fase pós-parnasiana, das duas primeiras décadas do século XX. Como poeta, não estave à altura de seus dois predecessores, Gonçalves Dias e Olavo Bilac, mas destacou-se pelo desejo de contribuir, com suas obras, para a elevação de seus semelhantes.
Seu primeiro livro, Urzes, revela a influência pelo Simbolismo, notadamente na parte referente aos sonetos, estética da qual se afastaria gradualmente dos volumes posterioes, Névoa e Espumas, já ligados ao Parnasianismo. Em seu último livro de versos, Lâmpada Antiga, é constituido de sessenta sonetos, os quais verifica os princípios de humildade, na análise de personalidade do ser humano e dos princípios da moral e cívica, visando diretamente ao aperfeiçoamento humano.
Foi eleito para a cadeira 15 da Academia Brasileira de Letras, na vaga de Olavo Bilac.
Fonte: wikipedia
TEXTO EN ITALIANO
Extraído de: LEVE COMO UM BEIJA-FLOR. São Paulo, SP: Laboratórios Wyeth-Whytehall Ltda, s.d. 64 p. 25,5X25 cm. Produzido por Segmento Farma. Fotos de beija-flores por Haroldo Palo Jr. Versos dos poetas Adélia Prado, Amadeu Amaral, Cecilia Meireles, Cora
Coralina, Fernando Pessoa, Flavio Venturini Márcio Borges, Joyce Ana Terra, Judith Nunes Pires, Luis de Camões, Lupe Cotrim, Nelson Angelo, Nelson Motta Rubens Queiroz, Olga Savary, Therezinha Guerra Del Picchia e Vinicius de Moraes. “ Adélia Prado “ Ex. bibl. Antonio Miranda
5. — SOBRE OS DESENGANOS
Desenganos da vida! Se eue ouvia
falar, outrora, nos seus negros danos,
enfadado exclamava: “Ora! mania,
que a muitos vem com o desfiar dos anos!”
A minha nau, porém, abrindo os panos,
lançou-se ao largo mar com galhardia.
E logo pude ver que os desenganos
são mais cruéis do que eu pensei um dia.
Hoje, as lamentações, que ouvi outrora
com profano desdém, causam-me espanto:
o humano coração bem pouco chora!
Quão fracamente seu queixume exala!
quanto resiste, em seu calvário! E quanto
é desgraçado, porque não estala!
12. — EM QUE SE CONSIDERA A VIDA COMO SEMELHANTE
À LAVRA DA TERRA.
A terra é dura; o sol é bravo; a geada,
destruidora; aves más e más formigas
assolam tudo, e a planta acarinhada
mal resiste a essas forças inimiga.
Que importa! Lavra sempre. Não maldigas
a terra ingrata. Não maldigas nada.
Talvez um dia o preço das fadigas
brote do sulco da robusta enxada.
Mas, quanto mais a terra é ingrata, e brvo
o sol, e as aves são cruéis e o resto,
mais valor mostrarás em continuarl.
Que é gentileza não viver escravo
da ganância, e plantar só pelo gesto
religioso e sereno de plantar.
15. — NEC MERGITUR
A sorte, muita vez, é bem amarga.
Vai-se, corrente abaixo, sem sentir,
e eis, de repente, o passo nos embarga
um cachão de água brava a refluir.
Eis a piroga a corcovar de ilharga,
a vela a estremeer, a ir, a vir;
eis que rolou por água abaixo a carga,
eis a água pelas bordas a subir.
Mas tenhamos paciência! Ao menos esta
não sossobre aos boleus da sorte infesta,
para todo o perdido recompor;
e, se o não recompõe, ao menos, diga:
— Raivaik, águas! Raivai, sorte inimiga!
exijo inteiro o meu quinhão de dor.
(, de Lâmpada Antiga, 1921)
VOZ ÍNTIMA
Fecha-te, sofredor, na alva túnica ondeante
Dos sonhos! E caminha, e prossegue, embebido,
Muito embora, na dor de um fiei celebrante
De um estranho ritual desdenhado e esquecido!
Deixa ressoar em torno o bárbaro alarido,
Deixa que voe o pó da terra em torno... Adiante!
Vai tu só, calmo e bom, calmo e triste, envolvido
Nessa túnica ideal de sonhos, alvejante.
Sê, nesta escuridão do mundo, o paradigma
De um desolado espectro, uma sombra, um enigma,
Perpassando sem ruído a caminho do Além.
E só deixes na terra uma reminiscência:
A de alguém que assistiu à luta da existência,
Triste e só, sem fazer nenhum mal a ninguém.
Extraído de:
2011 CALENDÁRIO poetas antologia
Jaboatão dos Guararapes, PE: Editora Guararapes EGM, 2010.
Editor: Edson Guedes de Morais
/ Caixa de cartão duro com 12 conjuntos de poemas, um para cada mês do ano. Os poetas incluídos pelo mês de seu aniversário. Inclui efígie e um poema de cada poeta, escolhidos entre os clássicos e os contemporâneos do Brasil, e alguns de Portugal. Produção artesanal.
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SONETOS. v.1.Jaboatão dos Guararapes, PE: Editora Guararapes EGM, s.d. 154 p. 16,5 x 11 cm. ilus. col. Editor: Edson Guedes de Moraes. Inclui 148 sonetos de uma centena de poetas brasileiros e portugueses. Ex. bibl. Antonio Miranda
TEXTO EM ITALIANO
Extraído de
MIRAGLIA, Tolentino. Piccola Antologia poetica brasiliana. Versioni. São Paulo: Livraria Nobel, 1955. 164 p. Ex. bibl. Antonio Miranda
LA VITA
Ecco la vita : seguire una chimera vaga,
Straziando le mani in sangue ai cardi e alio spino;
Rotolar nella polve e lasciare nel cammino
I brandelli di carne e il sangue delia piaga.
Sorbir l'amaro fiel, che c'è in qualunque vino
E il veleno che c'è in tutto e in qualunque plaga;
Resister, tuttavia, alio scherno, che dilaga,
Di quelli che ronzano ed ululan d'avvicino.
Arrivare esausti, alfin, all'auge dell’età;
Veder disfatto il giardin d'incanti che sognammo
E notare, abbattuti, che lo sforzo nulla diede.
Cuardare indietro, e veder che la felicità
Resto al di là, nel suol, ove, spettri, passammo;
Restò al di là nel fior che si calcò col piede.
PUJOL, Hypolyte. Anthologie Poètes Brésiliens. Preface de M. de Oliverira Lima. S. Paulo: 1912. 223 p. Ex. bibl. Antonio Miranda
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Lorsque accablé d´ennui, de mille humeurs chagrines,
Pousses par un fatal destin,
Pataugeant dans la boue est mordus des épines
Tout le long de notre chemin ;
Lorsque, tristes de nous ! tressaillant d´épouvante,
Heurtant contre un guet-apens,
Nou entendons au loin la clameur glapissante
De loups ou de chiens menaçants ;
Quand notre sang bouillonne et la tête s´incline
Et que le couer à sangloter
Réclame le repos, source de paix divine
Où l´âme en pleurs vient méditer ;
Quand l´air autour de nous nous brùle ou nous suffoque
Ainsi que dans un souterrain,
Et que des mortels le contact banal provoque
En nous amertume et chagrin,
Le retraite devient l´inviolable asile
Où l´âme se retrouve en soi,
Où loin des bruits du monde, en site plus tranquille,
De plus près elle se revoits,
Retrouvant en soi-même un souveriain remède
Qui doit la guérir san retour.
Voyant se dissiper l´orage auquel sucède
Un ciel tout de paix et d´amour.
En cet asile comme en un lieu de plaisance,
Site de calme et de repos,
Elle peut promener — presque une jouisance —
Le long souvenir de ses maux.
Le fueillage s´agite en de longues allées…
L´ame infirme y sent la faraîcheur
De verts rameaux mouvants aux tièdes bouffées,
Qui viennent bercer sa douleur.
Peu à peu, de chagrins, illusions, mensonges
Le souvenir s´envolera,
Et dans son vert jardin où voltigent le songes
L´âme à nouveau refleurira.
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Página publicada em dezembro de 2023
Página publicada em março de 2010; ampliada e republicada em fev. 2011; ampliada em dezembro de 2015. Ampliada em julho de 2018.
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