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                   ALMEIDA FISCHER 
                    
                  Oswaldo  Almeida Fischer (Piracicaba, 22 de dezembro de 1916 - Brasília, 17 de setembro  de 1991) foi um escritor, jornalista e crítico literário brasileiro. 
                  Formado em  Agronomia pela USP, mudou-se para o Rio de Janeiro em 1943. No ano seguinte,  começou a colaborar com jornais cariocas e iniciou o curso de Direito,  formando-se em 1948. 
                  Escreveu para  O Jornal, Correio da Manhã, Diário Carioca e Jornal do Brasil, entre outros. Em  1946, ajudou a fundar a revista Letras e  Artes, suplemento literário do jornal A Manhã, que dirigiu até sua última  edição, em 1954. 
                  Primeiro  colocado em concurso público para o IBGE, ocupou vários cargos no serviço  público. Mudou-se para Brasília ainda antes da fundação da cidade, em 1960. Foi  superintendente da Fundação Cultural do Distrito Federal e professor de  Literatura da UnB. 
                  Em 1963, ao  lado de Cyro dos Anjos, Pompeu de Sousa e Alphonsus de Guimaraens Filho, entre  outros, fundou a Associação Nacional de Escritores, que presidiu entre 1969 e  1979. /wikipedia/ 
                    
                  REVISTA DA  ACADEMIA BRASILIENSE DE LETRAS.  Direção: Antonio Carlos Osorio.  Brasília. No. 10 – Março 1991.  Ex.  bibl.Antonio Miranda 
                    
                  AMOR 
                    
                              Almeida Fischer 
                    
                  Eu poderia dizer-te que te amo,  
                    como todo mundo faz na circunstância;  
                    mas eu apenas te quero com paixão. 
                    Amor, não. 
                   
                  Amanhã talvez, ou no ano que vem, 
                  se esta chama que queima perdurar 
                  na turbulência dos sentidos agitados 
                  e tua imagem se instalar afinal dentro de  mim. 
                  Amor, sim. 
                    
                  Quando teu rosto inapelável  
                    me socorrer na tristeza e desânimo  
                    dos dias turvos com a sua luz  
                    poderei afirmar-te que já te amo.  
                    Amor meu! 
                     
                   
                   
                  
                  REVISTA DA ACADEMIA DE LETRAS DO BRASIL – NO. 1 – Brasília,  DF: novembro de 1997.  248 p.             
                    Ex. bibl. Antonio Miranda  
                    
                  NINHO VAZIO 
                     
                    O silêncio grita teu nome amado 
                      na noite insone da casa vazia. 
                      Nada se move, nada se ilumina 
                      porque tua vida não mais existe. 
   
                      Nesta longa vigília em que te busco 
                      tuas marcas estão por todo cantos. 
                      Mas é vão esforço de trazer-te 
                      de volta, neste sonho delirante. 
   
                      Estarás tão longe, em alguma  nuvem, 
                      que não sentes que me consumo em  febre 
                      neste velho leito do nosso amor? 
                      Nem que morro um pouco todos os  dias? 
   
                      Em pouco acabará o sortilégio 
                      desta terrível noite ensandecida 
                      co´a tênue claridade penetrando 
                      devagar através das persianas, 
                       
                      O  cansaço afinal já me domina. 
                      Adormeço abraçado à tua ausência. 
                    
                   REENCONTRO 
                     
                    É distante  a primavera 
                    dos teus passos na varanda 
                    em longas noites de insônia 
                    quando inda éramos felizes. 
   
                    Depois tudo terminou  
                    restando apenas a dor 
                    deste amor desesperado 
                    que dentro de mim plantaste. 
   
                    Embriago tua imagem 
                    no bar da primeira esquina 
                    onde boêmios se reúnem 
                    para chorar o vazio 
   
                    do destino que escolheram. 
                    Saio por ruas desertas 
                    sem saber para onde ir 
                    na inútil busca das marcas 
   
                    que ainda restam de ti 
                    no asfalto desta cidade, 
                    na paisagem empobrecida 
                    de que não mais participas. 
   
                    Gasto álcool e metanol 
                    na corrida alucinada 
                    no rastro de uma miragem 
                    que logo desaparece. 
   
                    Por fim, me recolho em mim 
                    exausto deste atropelo 
                    pra reviver velho sonho. 
                    Reencontro-te afinal. 
                     
   
   
                    ELEGIA No. II 
   
                    Teu  retrato na parede, 
                    me sorrindo como sempre, 
                    dá-me a ilusão de que vives 
                    não apenas nos meus sonho, 
                    nas longas noites de insônia 
                    em que aos poucos me consumo, 
                    mas também em nosso quarto, 
                    ao alcance de meus braços. 
                    A morte te levou longe, 
                    que não posso te ver mais. 
                    És apenas uma estrela  
                    no imenso céu que me cobre, 
                    uma estrelinha que brilha 
                    tão somente para mim. 
                    Mas isso não me consola, 
                    pois não posso te abraçar, 
                    e o vazio que me resta 
                    ninguém há-de preencher. 
                    Roubar de mim teu carinho 
                    foi tirar o ar que respiro 
                    nesta vida que me resta, 
                    que já está chegando ao fim. 
                    Por que não morri também?   
   
   
                    O SOL 
   
                      Tu  és a luz do amanhecer 
                    que ilumina minha vida, 
                    antes de ti tão escura, 
                    tão sem graça de viver. 
   
                    Hoje és sol de todo dia 
                    entrando pele, vidraça 
                    mesmo nos dias de chuva 
                    em que o escuro predomina 
   
                    para as outras criaturas 
                    que não têm dentro delas. 
                    Um dia, quando eu morrer, 
                    esse sol de quem será? 
   
                    Talvez das minhas lembranças 
                    que ficarão para sempre, 
                    no núcleo de tua chama, 
                    pulando em tua ternura. 
   
                    Não há mal, meu Deus, que eu morra 
                    se ficar dentro de ti.  
                   
                   
                  
                    
                      
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                  REVISTA DA ACADEMIA DE LETRAS DO BRASIL – NO. 1 – Brasília,  DF: novembro de 1997.  248 p.             
                    Ex. bibl. Antonio Miranda 
                                      
                    
                   NINHO VAZIO 
                     
                    O silêncio grita teu nome amado 
                      na noite insone da casa vazia. 
                      Nada se move, nada se ilumina 
                      porque tua vida não mais existe. 
   
                      Nesta longa vigília em que te busco 
                      tuas marcas estão por todo cantos. 
                      Mas é vão esforço de trazer-te 
                      de volta, neste sonho delirante. 
   
                      Estarás tão longe, em alguma  nuvem, 
                      que não sentes que me consumo em  febre 
                      neste velho leito do nosso amor? 
                      Nem que morro um pouco todos os  dias? 
   
                      Em pouco acabará o sortilégio 
                      desta terrível noite ensandecida 
                      co´a tênue claridade penetrando 
                      devagar através das persianas, 
                       
                      O  cansaço afinal já me domina. 
                      Adormeço abraçado à tua ausência. 
                    
                   REENCONTRO 
                     
                    É distante  a primavera 
                    dos teus passos na varanda 
                    em longas noites de insônia 
                    quando inda éramos felizes. 
   
                    Depois tudo terminou  
                    restando apenas a dor 
                    deste amor desesperado 
                    que dentro de mim plantaste. 
   
                    Embriago tua imagem 
                    no bar da primeira esquina 
                    onde boêmios se reúnem 
                    para chorar o vazio 
   
                    do destino que escolheram. 
                    Saio por ruas desertas 
                    sem saber para onde ir 
                    na inútil busca das marcas 
   
                    que ainda restam de ti 
                    no asfalto desta cidade, 
                    na paisagem empobrecida 
                    de que não mais participas. 
   
                    Gasto álcool e metanol 
                    na corrida alucinada 
                    no rastro de uma miragem 
                    que logo desaparece. 
   
                    Por fim, me recolho em mim 
                    exausto deste atropelo 
                    pra reviver velho sonho. 
                    Reencontro-te afinal. 
                     
   
   
                    ELEGIA No. II 
   
                    Teu  retrato na parede, 
                    me sorrindo como sempre, 
                    dá-me a ilusão de que vives 
                    não apenas nos meus sonho, 
                    nas longas noites de insônia 
                    em que aos poucos me consumo, 
                    mas também em nosso quarto, 
                    ao alcance de meus braços. 
                    A morte te levou longe, 
                    que não posso te ver mais. 
                    És apenas uma estrela  
                    no imenso céu que me cobre, 
                    uma estrelinha que brilha 
                    tão somente para mim. 
                    Mas isso não me consola, 
                    pois não posso te abraçar, 
                    e o vazio que me resta 
                    ninguém há-de preencher. 
                    Roubar de mim teu carinho 
                    foi tirar o ar que respiro 
                    nesta vida que me resta, 
                    que já está chegando ao fim. 
                    Por que não morri também?   
   
   
                    O SOL 
   
                      Tu  és a luz do amanhecer 
                    que ilumina minha vida, 
                    antes de ti tão escura, 
                    tão sem graça de viver. 
   
                    Hoje és sol de todo dia 
                    entrando pele, vidraça 
                    mesmo nos dias de chuva 
                    em que o escuro predomina 
   
                    para as outras criaturas 
                    que não têm dentro delas. 
                    Um dia, quando eu morrer, 
                    esse sol de quem será? 
   
                    Talvez das minhas lembranças 
                    que ficarão para sempre, 
                    no núcleo de tua chama, 
                    pulando em tua ternura. 
   
                    Não há mal, meu Deus, que eu morra 
                    se ficar dentro de ti.  
                    
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                  Página ampliada em dezembro de 2023 
                  
                     
                    
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                  Página ampliada em dezembro de 2023  
                  Página  publicada em junho de 2019 
                    
                
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