Home
Sobre Antonio Miranda
Currículo Lattes
Grupo Renovación
Cuatro Tablas
Terra Brasilis
Em Destaque
Textos en Español
Xulio Formoso
Livro de Visitas
Colaboradores
Links Temáticos
Indique esta página
Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

ALEXANDRE GUSMÃO

 

Alexandre de Gusmão (Santos SP, 1695 - Lisboa, Portugal, 1753). Parte aos 15 anos para Portugal, onde cursa Direito na Universidade de Coimbra. Em 1714 é enviado à França, por D. João V, como diplomata, carreira pela qual se torna conhecido. Em Paris, prossegue seus estudos na Universidade de Sorbonne. De volta a Portugal, em 1719, forma-se bacharel em Leis e torna-se professor na Universidade de Coimbra. Atua como confidente e secretário particular do Rei D. João V e Membro do Conselho Ultramarino. Sua realização mais importante é a elaboração do Tratado de Madri (1750), que define, em acordo com a Espanha, novos limites para o território brasileiro. Escreve várias obras políticas e literárias, que são publicadas postumamente. Em 1841, é lançada em Portugal a  Coleção de Vários Escritos Inéditos, Políticos e Literários, reeditada em 1943 com o título Obras: Cartas, Poesias, Teatro. Poeta barroco, Alexandre de Gusmão apresenta em sua obra, no entanto,  elementos iluministas. Segundo o crítico Péricles Eugênio da Silva Ramos (1919 - 1992), "em suas poesias, Alexandre tem notas demonstrativas de que o século da Aufklarung [Iluminismo] abalava os espíritos". Fonte da biografia: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/ Texto: Eliza Ribeiro .meu ip

 

A Júpiter Supremo Deus do Olimpo

 

Númen que tens do mundo o regimento,

Se amas o bem, se odeias a maldade,

Como deixas com prêmio a iniqüidade,

E assoçobrado ao são entendimento?

 

Como hei de crer qu’um imortal tormento,

Castigue a uma mortal leviandade?

Que seja ciência, amor ou piedade

Expor-me ao mal sem meu consentimento?

 

Guerras cruéis, fanáticos tiranos,

Raios, tremores, e as moléstias tristes,

Enchem o curso de pesados anos;

 

Se és Deus, s’isto prevês, e assim persistes,

Ou não fazes apreço dos humanos,

Ou qual dizem não és; ou não existes.

 

 

 

 

A uma pastora tão formosa como ingrata

 

 

Écloga

 

Pastora a mais formosa e desumana,

 Que fazes de matar-me alarde e gosto,

 Como é possível, que a um tão lindo rosto

 Unisse o céu uma alma tão tirana?

 

Cruel, que te fiz eu, que me aborreces?

 Tens duro coração mais que um rochedo;

 Sou tigre, ou sou leão, que meta medo,

 Que apenas tu me vês desapareces?

 

Por ti tão esquecido ando de tudo,

 Que o gado no redil deixei faminto,

 O sol me fere a prumo e não o sinto,

 A ovelha está a chamar-me e não lhe acudo.

 

Lá vai o tempo já, que em baile e canto,

 Eu era no lugar o mais famoso;

 Agora sempre aflito e pesaroso,

 Tudo que sei é desfazer-me em pranto.

 

Há pouco que encontrei alguns pastores,

 Que vão comigo ao monte após o gado,

 E não me conheceram de mudado,

 Que tal me tem parado os teus rigores!

 

Até o rebanho meu, que um dia viste

 Tão nédio, antes que eu enlouquecesse,

 Não come já, nem medra, e se emagrece,

 Por dó que tem de ver-me andar tão triste.

 

Ele me guia a mim, não eu a ele,

 Que vou nos meus pesares enlevado:

 Bem pode o lobo vir matar-me o gado

 À minha vista, sem que eu dê fé dele.

 

Não sei que nuvem trago neste peito

 Que tudo quanto vejo me escurece;

 A flor do campo parda me parece

 E até o mesmo sol acho imperfeito.

 

Do alegre prado fujo, e só no escuro

 Da serra me retiro entre os rochedos,

 Ali pergunto às feras e aos penedos

 Se alguém há mais cruel que tu e duro.

 

Ali ouço soar rompendo o mato

 Dos ribeirinhos as saudosas águas,

 E em competência vão as minhas mágoas

 Dos olhos despedindo outro regato.

 

O mal, que me sucede, eu o mereço,

 Que ingrato desprezei quem me queria;

 Agora se me vê faz zombaria,

 Que bem vingada está no que eu padeço.

 

Então o que era amor, não conhecia

 Também me ria do tormento alheio;

 Quão cedo (ainda mal!) o tempo veio,

 Que já conheço mais do que eu queria!

 

Não me desprezes, não, gentil pastora,

 Que igual castigo amor talvez te guarda;

 Não sejas à piedade avessa e tarda,

 Tem dó de maltratar a quem te adora.

 

 

 Página publicada em abril de 2017; AMPLIADA em dezemçbro de 2018


 
 
 
  Home Poetas de A a Z Indique este site Sobre A. Miranda Contato
counter create hit
Envie mensagem a webmaster@antoniomiranda.com.br sobre este site da Web.
Copyright © 2004 Antonio Miranda
 
Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Home Contato Página de música Click aqui para pesquisar