ADEMÁRIO IRIS DA SILVA
Natural da cidade de Santos, Estado de São Paulo, bacharel em Teologia, jornalista, foi professor de Teologia Sistemática, Retórica Sagrada e Filosofia da Religião na Faculdade Evangélica de Teologia do Rio de Janeiro e no Seminário Teológico Congregacional do Rio de Janeiro.
Foi Redator Assistente, por vários anos, dos periódicos de educação religiosa, da Empresa Evangélica de Publicações da cidade do Rio de Janeiro e Redator-Chefe da revista “Impulso Turismo” da cidade de São Paulo. Foi gerente do “Novo Grupo Editora”, na publicação de revistas técnicas e Diretor da empresa “Rimas e Rumos Ltda”, ambas na cidade de São Paulo.
DEZ ANOS DE POESIA E UNIÃO. ANTOLOGIA 1988. Brasília: Casa do Poeta Brasileiro – Poebrás – Seção de Brasília, 1988. 226 p. 15,5x22,5 cm. Capa: pintura de Marlene Godoy Barreiros. Ex. bibl. Antonio Miranda
VARIAÇÕES SOBRE O MESMO TEMA
"Nas Tuas Mãos Estão Meus Dias"
Salmo 31. 15
Nas Tuas mãos, Senhor, estão meus dias,
Minhas noites, meus temores e alegrias.
Nas Tuas mãos, ó Pai, estou seguro,
Ainda que, nem sempre, eu seja puro
E não ultraje a Tua santidade,
O Teu amor, a Tua caridade.
Meus dias, Tuas mãos os fazem ricos,
Fortes em meio aos ares mais terríficos,
Dias de sol repletos, lindos,
De luz e de calor, de bens infindos,
Ou de negros e fortes temporais...
E podem ser de sombras, dor ou ais...
Nas Tuas mãos, Senhor, estão meus dias,
As manhãs de inverno, as tardes frias,
O tempo de chorar ou de sofrer,
O tempo de viver ou de morrer...
Louvado sejas porque o sorrir
E muito mais do que o meu sentir,
Do que as provações, tribulações,
Do que as anseios e do que as porções
De dores; muito menos que o prazer...
E essa felicidade do meu ser
E bem mais forte do que as circunstâncias
E bem mais doce do que as inconstâncias
Do mundo vil e mau, e tão sofrido,
Que contemplo com pena, comovido,
Porque não tem, de CRISTO, a eterna luz
E não desfruta os bens da sua cruz!
VARIAÇÕES SOBRE O MESMO TEMA
"Nas Tuas Mãos Estão Meus Dias"
Salmo 31. 15
Nas Tuas mãos estão meus dias
E tudo que de mim sempre sabias.
É bom, Senhor, gozar Tua bondade,
À luz do Teu amor e santidade,
Envolvido, em Tua graça e Teu poder.
Teus atributos, Teu eterno Ser,
Fazem-me ver-Te, Deus incomparável,
E descobrir o dom inelutável,
O dom da vida, o dom da eternidade,
E o único caminho da verdade.
"Nas Tuas mãos, Senhor, estão meus dias",
E, antes que eu nascesse, já fazias
O registro de todo o meu viver,
E o que eu tinha de rir e de sofrer...
O! Vem iluminar meus débeis passos,
Guardar-me dos perigos e fracassos,
Até chegar ao porto de destino,
Ao lugar do prazer, o mais supino,
À presença do Pai, do Filho eterno,
À presença do Espírito Supremo,
Longe do mundo e dos seus escarcéus,
À morada do bem, à morada dos céus!
"Nas Tuas mãos, Senhor, estão meus dias"...
VARIAÇÕES SOBRE O MESMO TEMA
"Nas Tuas Mãos Estão os Meus Dias"
Salmo 31. 15
"Nas tuas mãos, Senhor, estão meus dias",
As horas do sorrir ou de agonias,
Que transformas em bênçãos e prazer.
Nas Tuas mãos está o meu viver,
O que eu trabalho e até o que eu não faço,
Os momentos de dor e de cansaço,
O lazer, o descanso, as alegrias...
"Nas Tuas mãos, Senhor, estão meus dias",
O que eu fui, o que sou e o que eu serei,
Até que em Tua face eu me verei,
No lindo céu, na própria eternidade.
Que gozo, meu Senhor, nesta verdade:
Que Tu me habitas, sempre, o coração,
Depois que, em Cristo, eu tenho a salvação,
E me mostraste o que de mim querias.
"Nas Tuas mãos, Senhor, estão meus dias",
O passado, o presente e o futuro.
E que, nas Tuas mãos, estou seguro,
só posso crer, não posso duvidar,
Até ao dia em que, no eterno lar,
Tua presença divinal, augusta,
Faça esquecer o quanto a mim me custas,
Ser o Teu servo, aquele a quem envias...
"Nas Tuas mãos, Senhor, estão meus dias"...
LÁGRIMAS DO CÉU
Por que chorou o céu na tempestade?
Que lágrimas serão que se derramam
Sobre o Cerrado seco e requeimado,
Abrindo sulcos no cair das águas?
Que imensa majestade!
E são trovões que clamam
E trazem ao espaço imenso um brado
Da natureza, anunciando as mágoas,
As dela própria,
Em estertores de destruição,
Que os fazem contra a ecologia,
No desvario da devastação.
Dolosa cópia
Da insensatez do homem pelo mundo,
Por toda a Terra a espalhar o fogo
E a provocar incêndio todo dia,
Em verdadeira alucinação.
Que louca crueldade,
Que delírio do mal!
Semeia-se a miséria num insano jogo!
Chove lá fora e copiosamente.
A cortina de chuva é imenso docel.
A natureza chora intensamente,
Num dilúvio de dor. São lágrimas do céu!
MÃE (Antologia). Capa: Sônia Gonçalves Dias. Brasília. DF: Casa do Poeta Brasileiro (POÉBRAS) Seção Brasília, 1983. 200 p.
Ex. doação do livreiro Brito, Brasília, DF
MENSAGEM ÀS MÃES
A mãe prepara o mundo do futuro,
A mulher e o homem de amanhã.
Dela depende o caminhar seguro
Dos retos cidadãos de mente sã.
Do seu caráter bom, sua influência,
Recebe o filho as normas de viver.
É ela que lhe plasma a consciência
E imprime a linha à formação do ser.
Tais quais as mães assim será o mundo,
E assim serão vindouras gerações.
O bem terá vigor, o mais profundo,
Se as mães formarem nobres corações.
Se toda mãe possuir a fé, por crente,
E obedecer o ensino de Jesus,
Seu filho há de ser bom e influente,
Difundirá, do próprio CRISTO, a luz!
MÃE CRISTÃ
Librada ao berço da criança linda,
Nas tuas mãos o futuro do mundo.
Cercas de amor, do teu amor profundo,
A vida que chegou, mas não se fez ainda.
Amoldas o porvir e, em tuas mãos tão ternas,
Semeias a semente do amanhã.
Lanças à terra essa cultura sã,
Das glórias do Evangelho tão supernas.
Acompanhas teu filho vida afora,
Velas por ele, enquanto a alma ora,
Ofertas teu exemplo de fé não fingida.
Que inspira e que o preserva do pecado,
Faze cristão teu filho bem-amado,
Faze-o gozar a paz da eterna vida!
AMOR DE MÃE
Jamais escreveria um poemeto,
Opúsculo sincero sobre o amor,
Num mesmo livro, em si, resumiria,
Do amor de mãe o esplêndido valor.
Não vale a jóia de ouro, ou diamante,
Mas vale a salvação de muitas vidas,
Vale um tesouro imenso, encastoado
Em turbilhões de lágrimas vertidas!
Quando a sombra da morte se acentua,
Triste sudário a ameaçar-lhe o filho.
Eis que se libra ao berço pequenino,
Tenta salvar o alegre peralvilho.
Vence a batalha da primeira infância
E quando vê seu filho adolescente,
É sempre o mesmo amor a aconselhá-lo;
Dirige-o passo a passo, ternamente!
Chega a velhice em fios prateados ...
Dá seu carinho, agora, a irrequietos
Filhos dos filhos. E, então, revive
O amor de mãe a revelar-se aos netos.
Quero viver sentindo-me inspirar
Por esse amor modestos e tão sublime,
Que até me leva a meditar, contrito,
O excelso amor de Cristo que redime!
A MULHER
E Deus fez a mulher no paraíso...
Fez dela um sonho edênico a Adão.
E parto da mulher Adão era mais homem,
Repleto de ternura o jovem coração.
E nada mais no mundo era tão importante,
Quanto a mulher, a nobre companheira.
Seria, sempre, a ideal presença
Que alegraria o mundo a vida inteira.
Era, a mulher, bem mais do que presença,
A mãe que dava à luz belos rebentos,
A força viva, a organizar a casa,
Legando ao filho esplêndidos talentos.
E Deus fez a mulher... E, bem melhor
Fez que ela fosse mãe, nobre e sublime,
Um ser que se devota e se dedica,
E o próprio mal do mundo aqui redime!
AS MÃES CRISTÃS
As virtuosas servas do Senhor,
Desde o passado, na Bíblia Sagrada.
São testemunhos vivos desta crença,
Por séculos e séculos proclamada.
Viveram, e sofreram, e morreram,
Oferecidas, no holocausto até,
Como no Egito. A dor lhes foi profunda,
Mas nunca renegaram sua fé.
Jovens mulheres, esterilizadas,
Que aspiram a maternidade,
Sabiam fazer uso da oração
E em Deus buscavam a felicidade.
Vêde essa Ana, a mãe de Samuel,
Que, pela benção, tinha os filhos seus;
Que os ensinava e bem os preparava,
E os devolvia ao serviço de Deus.
As mães das Escrituras nos inspiram;
Seu testemunho é a exaltação
Do Deus que tanto nos amou em Cristo
E nos oferta eterna salvação!
FÉ NÃO FINGIDA
(Bíblia Sagrada — II Tim. I.I.5)
Loide e Eunice, a fé não fingida.
Caracteres nobres, vida em CRISTO,
Testemunho e firmeza nunca vistos,
Herança dada ao filho, inexaurida.
Era, o herdeiro, um vocacionado,
Jovem Timóteo, inexperiente,
E que teria sempre, bem presente,
No coração a fé do seu passado.
Feliz o homem que tem esta herança,
Que guarda em sua alma a esperança
Que lhe enobreceu os ancestrais.
Vale viver lembrando a mãe querida,
A avó cristã de fé não discutida,
Que a gente ama e não esquece mais!
FAMÍLIA CRISTÃ
Nascem distante, encontram-se depois,
Destinos que a mão de Deus uniu.
Amam-se muitos, geram filhos lindos,
Na benção que do céu dos céus saiu.
A benção que constrói sum doce lar,
Benção de amor, a benção da família,
Envia Deus dos céus, azuis e eternos,
Cantando os anjos a celeste homilia.
Um sermão poderoso envolto em graça,
A praça que conforte, a graça de Jesus,
A graça que a mãe reflete aos filhos,
Que os ilumina em esplendente luz.
A luz dos céus, que faz feliz a casa,
Que a prole inteira para Jesus conduz,
Aponta a estrada estreita do Calvário,
E em glória envolve o Cristo a sua cruz!
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Página ampliada e republicada em setembro de 2023
Página publicada em outubro de 2020
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