TROVAS

ADÉLIA VICTÓRIA FERREIRA

Poeta (sonetista e trovadora), advogada e parapsicóloga, nasceu em Sete Barras, Estado de São Paulo, Brasil, a 17 de novembro de 1929 e falecida em 2018.

TROVAS DE VELHICE.  Jaboatão dos Guararapes, PE: Editora Guararapes EGM, 2016.   58 p.  ilus col.  Editor: Edson Guedes de Moraes.  Ex. bibl. Antonio Miranda

ANUÁRIO DA POESÍA BRASILEIRA 96.  Organizador: Laís Costa Velho.  Rio de Janeiro: CODPOE – Cooperativa de Poetas e Escritores, 1996. 160 p.                        Ex. doação do livreiro BRITO -  Brasília.

        NAQUELE DIA

Abandonei o amor naquele dia...
Era um momento assim... de maus presságios.
Uma coruja entoando seus adágios,
saudava a noite na paisagem fria...

Eu te encontrara estranha, erma, vazia...
No teu olhar, escolhos de naufrágios
e na mudez, nos últimos estágios,
a indiferença em nuvens te envolvia.

Também calei, atônito! Sentira
que bem melhor que uma banal mentira,
era o silêncio mútuo, esmagador...

Ao pressentir que tudo estava findo,
no imenso hiato entre nós dois se abrindo,
naquele dia... abandonei o amor...



TROVAS

Se os meus juízes confundo
com falsa argumentação,
recebo o perdão do mundo
mas não meu próprio perdão.

***

É nas horas de fraquezas,
quando o medo em mim flutua,
que a minha mão, sem firmeza,
navega, buscando a tua.

Quando, mãe, o tempo ingrato
em bruma a lembrança envolve,
bendigo o velho retrato
que o teu rosto devolve...


HAICAI

Há curvas no céu,
Uma ave faz veraneio.
Inveja nos homens...

Página publicada em março de 2020