ADAIL DO COUTO DINIZ
(XEXÉU)
Nasceu em Guaratinguetá, Estado de São Paulo mas na infância passou a morar em Uberlândia e Sacramento, em Minas Gerais. Depois foi viver em Franca, nos anos 80 do século passado.
POETAS GERAIS DAS MINAS. Prólogo de Pedro Casaldáliga. Foto da capa: Élcio José Gomes. Belo Horizonte: 1983. 176 p. Ex. bibl. Antonio Miranda
Das cinco poesias do livro, destacamos estas duas:
FLOR QUE VOA
Eu tenho uma luz que voa
Que anda no espaço à-toa.
De dia ela colore o sol
De noite ela colore a lua.
Eu tenho uma flora que voa
Que anda no espaço à-toa.
De dia ela enfeita o sol
De noite enfeita a lua.
Eu tenho uma mulher que voa
Que anda no espaço à-toa.
De dia ela vigia o sol
De note vigia a lua.
FLOR DE JASMIM
Nesse sol que já não queima
Sentirei algum calor.
Nessas águas que não correm
Farei grande correnteza.
Serei como uma boiada
Estourada sem razão
Sem destino, sem berrante
Errante
em outro chão.
Cruzarei em falsas pontes
Pra saber do grande abismo.
Vou sonhar de madrugada
E acordar passarinhos
Rir o riso do riacho
Vou sonhar de madrugada.
E acordar com os passarinhos
Rir o riso do riacho
Ver o sol que vai subindo.
Banharei num frio orvalho
E seguirei
qualquer caminho.
No jardim de sua casa
Quero ver flor de jasmim
Respirar o seu perfume
Exalar o meu carinho.
Abrirei sua janela
Sentirás o meu perfume.
Se você se confundir
Vai pensar que é
jasmim.
Página publicada em novembro de 2020
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