Foto e biografia:
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DINHA
( Brasil – São P
Maria Nilda de Carvalho Mota, a Dinha, é poeta, editora independente e pesquisadora.
Doutora em Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa e pós-doutoranda em Literatura e Sociedade (IEB/USP),
escreveu vários livros, entre eles De passagem mas não a passeio (2006/2008) e Zero a Zero - 15 poemas contra o genocídio da população negra (2015).
UM SARAU COOPERIFA - - COLETÂNEA DE POEMAS RECOLHIDOS EM 24.O1.07, VÉSPERA DO ANIVERSÁRIO DE SÃO PAULO, NO SARAU DA COOPERIFA, POETAS DA PERIFERIA DE QUE SE REÚNEM TODAS AS QUARTAS.- São Paulo: Dulcineia Catadora, 2007. 32 p. capa cartão pintado
a mão. Ex. bibl. de Antonio Miranda
Ano Novo, Amor Velho
I
O ano novo injetou no calendário
Nova dose de veneno
Nos convulsionamos todos
Violentamente.
O amor foi atirado
Na janela do vizinho;
Fruta podre quebrando
A vidraça do meu peito.
Tentaste juntar os cacos
Mas o resultado
Feriu tuas mãos vazias.
Então erguemos os olhos e vimos:
Multidões de mãos feridas
Te acenavam como num sonho...
II
O ano novo entrou chorando
Ou nós é que bebemos
E não vimos que era chuva
O que parecia choro?
O amor foi prolongado
Como um segredo
Dito no ouvido de um homem do povo?
O amor foi quebrado
E é a base de tiros
Que ele sangra.
III
O ano novo entrou correndo
Assustado pelos becos.
Entrou com fome.
E as ondas do mar, no mar
Cheiravam a sangue.
A esperança que ele trouxe
Em pouco tempo fedia
A escárnio e peixe podre
- por isso anda escondida
por necrotérios domésticos
das geladeiras e freezers.
Mas o ódio não é capaz
De apontar lugar seguro.
Plantaremos girassóis
Pra espantar este céu cinza.
(Ano novo, Amor velho.
Se olhar, não tem mistério:
A dor é parte da luta.
*
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Página publicada em outubro de 2022
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