PEDRO DU BOIS
Nasceu em Passo Fundo, RS, 1947. Residente em Itapema/SC. Poeta e contista. Membro da Academia Itapemense de Letras e do Clube dos Escritores Piracicaba. Vencedor - na categoria poesia - do IV Prêmio Literário Livraria Asabeça, 2005, com o livro "Os Objetos e as Coisas" a ser lançado pela Scortecci Editora.
Edita seus livros (artesanais) em casa (no word) e utiliza impressoras HP, completados numa gráfica da cidade para a grampagem e acabamento. A esposa faz as capas. Trabalhando assim, já editou, a partir de janeiro/05, cerca de 50 títulos.
Endereço do autor: pedro_dubois@terra.com.br
PALAVRAS
Ásperas
ditas como ordens
assustadas
macias
ditas como esperas
controladas
raivosas
ditas como verdades
escancaradas
melífluas
ditas como mentiras
dissimuladas
rezadas
ditas como saudades
santificadas
cantadas
ditas como músicas
silenciadas
caladas
ditas como lembranças
extremadas.
AMARES
Se me tens no contraído corpo
tenso
pretensa hora da chegada
a escravidão
a escuridão
no desencontro tido
pérfido espírito
o que espiona
espia
soslaio arranhado
nos teus olhos
imensamente perdidos em torrentes
tu és noite e mar em fúria
telúrico sentimento sobreposto
ao mistério do que tens: a mim
em subterfúgio e esdrúxulo corpo
despido em festa, tu és a floresta.
DISCURSO
Estéril discurso
onde a promessa
esvoaça
plumas idealizadas
das asas do anjo
sem sexo.
(Sobre Santiago do Chile)
A história
exposta
na visão
oficial
indígenas descalços
barões republicanos
generais sentenciados
a história
repetida
nos carabineiros
avançando
contra os estudantes
indígenas descalços
de hoje.
(SEM TÍTULO)
Não pensem
marujos de poucas horas
ser fácil
manejar o barco
na tempestade
à deriva, o mar
imprevisível
não avisa
o lado da virada
sem sentimentos
as águas
revolvem o casco
em descompassados
passos
até seja afundada
a casca que nos
guarda.
|