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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

MANOEL DE ANDRADE

 

 

Manoel de Andrade nasceu em Rio Negrinho, S.C. Na juventude radicou-se em Curitiba, formando-se em Direito. Procurado pela Ditadura pela panfletagem dos seus poemas fugiu do Brasil em 69. Percorreu 17 países da América, dizendo seus versos, dando palestras e promovendo debates sobre a importância política da arte e da literatura. Expulso da Bolívia em 69, preso e expulso do Peru e da Colômbia em 70, seu primeiro livro, Poemas para la libertad, foi publicado em La Paz, em 70, e reeditado na Colômbia, EE.UU. e Equador. Publicou também Canción de amor a la América y otros poemas, em 71, em El Salvador. Com Mário Benedetti, Juan Gelman, Jaime Sabines e outros grandes poetas do Continente, participou da importante coletânia Poesía Latinoamericana – Antología Bilíngüe, Epsylon, Bogotá,1998 e da antologia Próximas Palavras, Quem de Direito, Curitiba, 2002Afastado da literatura por 30 anos, seu último livro, Cantares, foi publicado pela Escrituras, em 2007.  Depois de 40 anos, seu livro Poemas para a liberdade , foi finalmente editado  no Brasil em 2009, em edição bilíngue, pela Escrituras,  e apresentado, em 2010, na 9ª Jornadas Andinas de Literatura Latinoamericana, pela Doutora em Literatura Hispânica Suely Reis Pinheiro. anoel de Andrade nasceu em Rio Negrinho, S.C. Na juventude radicou-se em Curitiba, formando-se em Direito. Procurado pela Ditadura pela panfletagem dos seus poemas fugiu do Brasil em 69. Percorreu 17 países da América, dizendo seus versos, dando palestras e promovendo debates sobre a importância política da arte e da literatura. Expulso da Bolívia em 69, preso e expulso do Peru e da Colômbia em 70, seu primeiro livro, Poemas para la libertad, foi publicado em La Paz, em 70, e reeditado na Colômbia, EE.UU. e Equador. Publicou também Canción de amor a la América y otros poemas, em 71, em El Salvador. Com Mário Benedetti, Juan Gelman, Jaime Sabines e outros grandes poetas do Continente, participou da importante coletânia Poesía Latinoamericana – Antología Bilíngüe, Epsylon, Bogotá,1998 e da antologia Próximas Palavras, Quem de Direito, Curitiba, 2002Afastado da literatura por 30 anos, seu último livro, Cantares, foi publicado pela Escrituras, em 2007.  Depois de 40 anos, seu livro Poemas para a liberdade , foi finalmente editado  no Brasil em 2009, em edição bilíngue, pela Escrituras,  e apresentado, em 2010, na 9ª Jornadas Andinas de Literatura Latinoamericana, pela Doutora em Literatura Hispânica Suely Reis Pinheiro.

Fragmento de biografia extraído de: http://www.hispanista.com.br/

 

 

 

101 POETAS PARANAENSES (V. 1 (1844-1959)  antologia de escritas poéticas do século XIX ao XXI.  Seleção de Admir Demarchi.  Curitiba, PR: Biblioteca Pública do Paraná, 2014.  404 p. 15X 23 cm.  (Biblioteca Paraná)    Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

POR QUE CANTAMOS

 

        para Mário Benedetti

 

Se tantas balas perdidas cruzam nosso espaço
e já são tantos os caídos nesta guerra...
Se há uma possível emboscada em cada esquina
e temos que caminhar num chão minado...

 

"você perguntará por que cantamos"

 

Se a violência sitia os nossos atos
a corrupção gargalha da justiça
e respiramos esse ar abominável
impotentes diante do deboche...

 

"você perguntará por que cantamos"

 

Se o medo está tatuado em nossa agenda
e a perplexidade estampada em nosso olhar
se há um mantra entoado no silêncio

s lágrimas repetem: até quando, até quando, até quando...

 

"você perguntará por que cantamos"

 

Cantamos porque uma lei maior sustenta a vida

orque um olhar ampara os nossos passos

ntamos porque há uma partícula de luz no túnel da maldade

 

e porque nesse embate só o amor é invencível

 

Cantamos porque é imprescindível dar as mãos
e recompor, em cada dia, a condição humana
Cantamos porque a paz é uma bandeira solitária
a espera de um punho inumerável

 

Cantamos porque o pânico não retardará a primavera
e porque em cada amanhecer as sombras batem em retirada Cantamos porque a luz se redesenha em cada aurora
e porque as estrelas e porque as rosas

 

Cantamos porque nos riachos e lá na fonte as águas cantam
e porque toda essa dor desaguará um dia.
Cantamos porque no trigal o grão amadurece
e porque a seiva cumprirá o seu destino

 

Cantamos porque os pássaros estão piando
e ninguém poderá silenciar seu canto.
Cantamos para saudar o Criador e a criatura
e porque alguém está parindo neste instante

 

Pelo encanto de cantar e pela esperança nós cantamos
e porque a utopia persiste a despeito da descrença
Cantamos porque nessa trincheira global, nessa ribalta,
nossa canção viverá para dizer por que cantamos.

 

Cantamos porque somos os trovadores desse impasse
e porque a poesia tem um pacto com a beleza.
E porque nesse verso ou nalgum lugar deste universo
o nosso sonho floresce deslumbrante.

 

 

 

 

CANÇÃO PARA OS HOMENS SEM FACE

 

para José Macedo de Alencar

 

 

Não canto minha dor...

dor de um só homem não é dor que se proclame.

Canto a dor dos homens sem face

canto os que tombaram crivados

os homens escondidos

os que conheceram a nostalgia do exílio

para os encarcerados.

Canto aos párias da vida...

aos bêbados, aos vagabundos e aos toxicómanos.
Canto as prostitutas

e as mulheres que foram embora com o homem amado.

 

Canto à multidão que entra e sai pelos portões das fábricas

aos que vêem o dia nascer no asfalto das rodovias

e aos lavadores de carros e aos que vendem a loteria

canto aos coletores de lixo e aos guardiões noturnos

as longas filas de pessoas que esperam os ônibus nas praças

e aos estrangeiros que aqui vieram viver.

Canto os homens sem raízes, sem família, sem pátria

canto meu sonho quando canto os que viveram o mar

que aportaram em países distantes

e conheceram homens de muitas raças...

e quando canto os navios,

canto ao meu coração de barco.

 

Gosto de cantar tudo o que vejo
os homens que conheço

e os que ainda não começaram a existir para mim.

Gosto de caminhar sozinho e de mãos nos bolsos pelas ruas e

pela vida

gosto de falar com os homens dos armazéns
dos mercados, das oficinas,
dos postos de gasolina,

das bancas de revistas, das agências de viagens,

com os ascensoristas, com os que consertam os esgotos da
cidade,

e outros homens, outros.

 

E canto as crianças que brincam nos parques
e pulam corda nas calçadas

e os que vão ao palco representar o drama dos outros homens. Eu canto para todos os homens...

meus irmãos em todas as raças, nacionalidades e crenças,

 

canto além de todas as fronteiras
porque sob a bandeira da paz eu canto;
e pela fé que me ilumina
e por essa canção escrita no meu peito,
eu canto a humanidade inteira.

 

Canto a vergonha de ser brasileiro num tempo defecado

canto meu povo

e se ainda não canto meu país,

é porque não sei cantar na presença de homens indecentes;
eu canto sobretudo para aqueles que preservaram seu sonho, para os que ousaram lutar e morrer por ele,
canto a memória de um guerrilheiro argentino.

 

E eis que meu verso se endurece
para que eu cante meu melhor combate
e só assim posso cantar para os irmãos e camaradas recrutando companheiros para a luta...
e quando meu canto é feito para os ouvidos dos justos,
eu canto sem temor,

para que minha canção palpite solitária e solidária
no coração daqueles que se preservaram da lama.
Canto sem medo e sem brinquedo
e enfileiro meus versos para a luta
prontos para ferir como baionetas
prontos a morrer se for preciso.

 

Como guerreiros invisíveis
meus versos se infiltrarão no país dos corruptos
pelas fronteiras das entrelinhas
e renascerão nos lábios dos militantes
ora como uma flor, ora como um fuzil.

 

Ah, que tempos são esses!?

já não reconheço nestes versos os versos de poeta que fui; meu canto é hoje um canto transtornado pelo pacto desumano dos homens,

pelo triste dever de indignar-se,

pela violência estampada nas manchetes dos jornais...

e eis que um poeta não canta sem que seu verso quase
desfaleça.

E hoje...

nestes dias encardidos de atos e decretos,

neste tempo suspenso num mastro sem bandeiras,

nesta nação de homens que ingerem caldo de galinha,

 

neste momento tísico

em que somente os finórios se regozijam,

nestes anos em que o sangue da América é um imenso canto

                                                               de esperanças,

este poema chega assim tão de repente

rogando uma audiência para falar comigo,

como se soubesse que estou para morrer,

e me encontra prostrado num bacanal de coisas fúteis,

um inconsciente talvez...

um homem inútil

quase um desertor

meu Deus, quase um desertor.

 

Ah, meus versos

minha absolvição...

neles renasço transfigurado e forte

e cavalgo o universo inteiro;

e caminho cheio de amor por todos os seres

e por todas as coisas;

cheio de asco pelos tiranos

e pelos homens hipócritas

e sinto o coração limpo e maciço de ternura

meu canto crescer e explodir mais forte que a bomba.

 

Ah, meus versos,

meus versos que não são meus,

que são de todos os homens e de todas as mulheres que eu    
canto;

que são de todos os que se aproximam de mim
e que falam comigo.

Meus versos que afinal nunca serão de ninguém,

caminhando pela terrível solidão branca do papel,
pelo itinerário clandestino das gavetas;
estampados nas palavras escarlates da minha revolta pública, impressos no meu olhar solitário de samurai.

 

Eu canto para todos os homens

contudo, neste tempo,

eu canto para os homens sem face...

aqueles que se perdem na multidão das grandes cidades,

e que amadurecem, a cada dia,

os punhos para a luta.

 

 

 

 

Página ampliada em dezembro de 2020


 

 

 
 
 
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