JOSÉ GERMANO CARDOSO
O poeta catarinense, nascido em São Pedro de Alcântara, município de São José, arredores de Florianópolis, Santa Catarina, em 1954.Graduado em contabilidade. Consta que publicou os livros de poesia Cerco (Joinville, 1979), Ensaiando uma certa poesia (Florianópolis, 1980) ( Via crucis (São José, 1982) e em 1994: Hóspede Inusitado (Florianópolis: Ágape, 1994), dedicado a Mário Quintana, de onde foram extraídos os poemas a seguir. Não conhecemos obras mais recentes do autor.
AO SOM DE RILKE
Meus dois ou três amores
ou quatro ou cinco
antes que a memória vá apagá-los
os deponho
ao som de Rilke.
Foram um amor único
e para além
de todo ensaio
literário.
POSTES
Um após o outro
encontrando na noite.
Vão visitar
lugares escusos.
Desdenhando as estrelas
como velas acesas, fortes
iluminando o cemitério...
FUGA PARA DENTRO
Fugidios em canto escuro
avivar o amor
já todo esquadrinhado
é a prisão que então buscaram
a desufocar a alma
iliberta, solta nos dias
Pequenos ovos estrelados!
nos rostos do sapatos!
Amor morrido
Amor matado
não
Pequenos ovos estrelados!
Nos rostos dos sapatos!
ANDORINHA AGUIOÉTICA
Vamos, companheiro!
A cavaleiro do impossível!
O gesto não ofenda
a mão do afago,
a dança não entorpeça!
É já uma solução
para o nada ter sentido.
É já um rendimento, uma humildade
esta coragem.
Vamos, companheiro!
A este mar em concha
a te levar ao desespero
é visitar o amor com medo.
É apagar-se e não dar chance
que queime, morra e ressuscite.
E embora sofra assim a alma e grite
também murmura uma valsa vienense.
Ao longe em teto azul de céu
que para dançar, companheiro,
não precisa ter pés
para voar... Vamos, companheiro!
Amar não tem forma.
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