EZIO FLAVIO BAZZO
Ezio Flavio Bazzo é um psicólogo e escritor brasileiro. Nascimento: 8 de dezembro de 1949 (68 anos), Santa Catarina.
Neto de comerciantes italianos, mudou-se ainda criança para o estado do Paraná. Possui graduação em Psicologia pelo Centro de Ensino Superior de Londrina (1976), e aperfeicoamento em psicologia pelo Centro de Ensino Universitário de Brasília (1978), mestrado em psicologia pela Universidade Nacional Autonoma do México (1981), doutorado em Filosofia e Letras pela Universidade Autonoma de Barcelona (1984) e pós-doutorado pela Institut dês hautes études de l' Amérique Latine (1994). Atualmente é Psicoterapeuta no Hospital da Universidade de Brasília atuando principalmente nos temas de saúde mental, psicanálise, psicoterapia.
Apesar dessa longa permanência no meio acadêmico, Bazzo considera o estudo formal uma grande fraude, um adestramento desnecessário e inútil que vai deixar limitações e cicatrizes profundas na capacidade de pensar dos estudantes e dos futuros "doutores". Bazzo faz questão de ressaltar e de colocar em primeiro lugar sua bagagem como auto didata e como "viajante inveterado". A maioria de seus vinte e oito livros foi editada e produzida pelo planeta a fora, nas ruas, nas bibliotecas, nos trens, nos navios, nas carroças etc.
Pai de dois filhos, nunca deixou de fazer críticas radicais tanto ao casamento (uma idiotice compulsória) como à família, segundo ele, o mais importante foco de psicopatologias.
BAZZO, Ezio Flavio. Elogio do crápula. Brasília: Tao Livraria e editora, 1977. s.p. ilus. 13,2x20,5 cm. Capa e ilustrações de Wagner Barja (aparece “Vagner Barja”). Col. A.M.
Ezio Flavio Bazzo é um ensaísta atípico. Escreve e edita os próprios livros, cada vez atribuindo um nome diferente para a suposta editora. Apenas recentemente começou a ter a obra republicada por empresa convencional a LGE. Mas em geral o leitor se deparara com nomes como Anti-Editor Publicadora, Bucentauro Publicadora, Narciso Publicadora etc. Nos mais recentes, além da anotação Copyleft, é possível encontrar texto que autoriza "o uso desse material de todas as formas possíveis, menos, claro, para rins mercantilistas".
Mais do que isso: ele e pesquisador claramente antiacadémico que se orgulha dessa condição de produtor à margem das instituições. (Extraído de: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ezio_Flavio_Bazzo)
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"... não te estufes:
a menor picada te esvaziaria."
nietszche
ah;
tão irreal e singular o meu mundo!
e terei que ser para sempre
um solitário...
ser sempre o retrato da estante
necessário apenas
para provar a existência.
e a poeira fará visitas
e o cheiro de uma sala sem sol
viverá no ar
para marcar-me o tempo,
existi apenas para constar
na genealogia e
sem nenhuma pieda-de
farão de meu tempo
a marca de outros tempos...
oh;
que vazio a noite me trouxe!
e as sombras convidam-me a sair
rasgar as trevas das trevas
e encontrar-me
com os duendes invisíveis do além
só que sou niilista...
londrina 1977
um dia falei com as árvores:
antigas moradoras do meu caminho
e elas confirmaram a comédia humana.
uns no papel de bobos, palhaços
imbecis vestidos com a gosma
da responsabilidade.
outros, compulsivamente trancados
no camarote do crápula
de onde jogam confetes
a outros verdugos sádico-anais.
sim; tudo é obsessivo nos homens!
(insistiam as árvores)
e a comédia ilustra a história
sem fim...
a morte rígida
o nascimento flaeido
a desgraça ilusória
a alegria que pincela os aventureiros!
tudo tem a mesma e insigne essência
tudo na caverna da ambiguidade
se faz semelhante
e na tragédia
(diziam as árvores)
as antagonias se abstraem!
a doença
a dor
que são senão puras provocações
agulhadas fantasmas de génios gênios
gozadores que nos espetam a bunda?
sártiro
sártiro é o nome do espetador:
ora
ver um ser perder um braço
ter enxaqueca
diarréia
ir ao incompetente dentista
isto não diverte terrivelmente?
a luta nunca foi para a vida
mas pela vida...
todos estão ai
enchendo as esquinas
na posição real dos plebeus
fazendo gracejos enquanto o ato dura...
a maquilagem
os paletós
os automóveis
as carteiras recheadas dos que roubam
(porque só é possível ser rico roubando)
que são senão o 4° ou 5? ato???
sempre e sempre pelos picadeiros
e palcos da existência
aplaudindo o prêmio nobel
como imbecis...
respeitando os diplomas de brinquedo
e em quantos atos a vida dura?
em quantos atos a vida avança?
uns: terminam a carreira dramática
já amanhã
e o funeral é o último espetáculo
o mais caro e vergonhoso da vida!
ah; se pelo menos os seres
(concluíam as árvores)
conseguissem ter
uma visão global da comédia...
se descobrissem a forma
de se fazer sujeito-objeto
atores-espectadores
protagonistas-antagonistas...
mas poucos vão além;
só mesmo os filósofos...
1976
Página publicada em março de 2017
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