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POESIA SIMBOLISTA ( SIMBOLISMO )
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ARAÚJO FIGUEIREDO

Juvêncio de Araújo Figueiredo (Nossa Senhora do Desterro, 27 de setembro de 1865* — 6 de abril de 1927) foi um poeta simbolista brasileiro. Seus trabalhos numerosos, entre os quais ressaltam Sombras da Noite e Ascetérios, estão esparsos nos jornais da época. Enamorado do mar, das coisas simples, das belezas da paisagem de Coqueiros, bairro onde nasceu e viveu.
             Iniciou sua vida como tipógrafo, passando posteriormente a colaborar em vários jornais, tanto de sua terra como de outros pontos do país. Poeta mavioso, teve a honra de fazer parte de um grupo de beletristas, do qual faziam parte Cruz e Sousa, Santos Lostada, Oscar Rosas, Virgílio Várzea, Horácio de Carvalho e outros. Em 1904, escreveu Ascetérios. Logo após produziu alguns trabalhos inéditos, tais como Praias e Novenas de Maio.
             Foi companheiro e amigo predileto do genial Cruz e Sousa, fazendo parte da Academia Catarinense de Letras, onde ocupava a cadeira de número 17. No exercício de funções públicas, foi secretário do município de São José, em Santa Catarina, galgando posteriormente o cargo de secretário da Assembléia Legislativa de Santa Catarina, em Florianópolis.
              Também foi um infatigável servidor do Espiritismo, devendo-se a ele grande parte dos trabalhos de divulgação que foram realizados em Santa Catarina.

*algumas fontes dão como sendo 1864.   Fonte: Wikipedia


EMPAREDADO

Por planícies e espérrimas montanhas
Andei errando como um beduíno,
E contei ao luar o meu destino,
Velado por dragões de outras entranhas.

E a ti, ó sol, que de purezas banhas
Os campos verdes, num clarão divino,
Contei, também, chorando, o desatino
Das minhas ânsias trágicas, estranhas.

Mas não contei ao mar as minhas ânsias,
Ao largo mar perdido nas distâncias,
Para não vê-lo, dessa vez, cavado.

Pois esse mar é um coração doente,
Igual ao meu, e vive eternamente,
Eternamente triste e emparedado.

         (Praias de minha terra, 1966)


SOMBRAS AMIGAS


Sombras da noite, leves como as aves,
Aconchegos e frêmitos de amores,
Que em nossas asas de esquisitas cores
Subam para o Alto os meus anseios graves.

Sombrfas flébeis, tenuíssimas, suaves,
Emigras de um chão de negras flores,
Levari-me as mágoas e as secretas dores
Pelas mais altas e silenciosas naves...

Ascendendo às alturas das montanhas,
Que os meus anseios de ferais entranhas,
Que todo esse clamor de ansiedade,

Erre junto de nós, sombras da noite,
E numa estrela rútila se acoite,
Em busca de repouso e de piedade.

         (Versos Antigos, 1966)



AS NOSSAS ÂNSIAS

Para as estrelas vão as nossas ânsias;
Todas as ânsias que na Dor sentimos...
São aves que se perdem nas distâncias;
E, nas asas dos sonhos, as seguiram.

E lá, mais delicadas que fragrâncias
Dos liriais que no caminho vimos,
Todas elas, vestidas de flamâncias,
São as árias da luz, que no ar ouvimos.
Mas as ânsias que vão, serenamente,
Para as estrelas, e por lá, na albente
Doçura casta das estrelas ficam.

São, com certeza, aquelas que, no mundo,
Neste sinistro báratro profudo,
Nos cadinhos do amor se purificam.

         (Versos Antigos, 1966)

 

Página publicada em agosto de 2008



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