NAPOLEÃO DE PAIVA SOUSA
Médico, compositor e poeta; natural de Alexandria- RN. Lançou em 1999 o livro de poesia “Apenas Chegaram” em 2006 um conjunto de “petardos” poéticos: Depois Contigo, “com mensagens de texto em livro experimental, digitáveis em aparelho celular, usando em todos os textos o exíguo formato de 160 toques-caracteres, para falar do cotidiano, amor, sexo, humor, poesia.” Tentativa do autor de inserir literatura no mundo virtual, ou seja, “estendendo o livros dos contornos do objeto clássico para a capilaridade instantânea dos meios de comunicação modernos; para isso lança mão de uma linguagem direta, coloquial e poetizada”.
De
DEPOIS COMIGO
Natal (RN): Barriguda Edições, 2006.
ISBN 85-99069-07-1
Foram tantas
cartas & bilhetes
& poemas
(rimados livres
Sonetos). Paixões
Amazônicas
Amores doridos.
Hoje num baú.
Às vezes abro-o
para ver minhas
mulheres de
papel.
Como se
tivéssemos a
tarde toda
A vida
inteira/ Para
desfiar juras &
carícias/ Sobre
lençóis brancos
amarfanhados/
pelos cinco
sentido sem
pudor/ Da
intimidade.
Num ai
a perdi. De esquina
em esquina fui e
voltei. Olhei
sobre as ondas e
nada. Subi
escadas desci a
porões — nem
sombra. Sentei
aqui e ainda
espero. Tem
perdão?
O tempo... não
havia hora,
minuto —
apenas uma
onda amorosa
levava-nos de roldão,
engolfados,
entregues à toda.
Nada se dizia
ou se perguntava.
Estar ali — a sós —
Bastava.
Excitavam-lhe mais
as palavras do que
o sexo em si
e seus alaridos.
Tanto mais chulas,
mais úmida.
Animavam-lhe
o ouvido
com a volúpia
da língua]que se quer
dentro
Só agora chego
às raias do teu
corpo/ Depois de
tanto mar tanto
mar/ Tua nudez
enfim
sitiada/ Trêmula
Alva/ Á sombra
Das minhas
mãos/
Incandescentes/
Alucinadas
Cazuza na tela/
Bacante/
asa/ Salto sem
rede/ Em verso
esplende/ Em
rock Em sexo/
Pressente o
fim/ Apressa/
Meteoro me
leva/ Dessa vida
louca/ Vida
breve?
Faz parte do amor
o esquecimento;
apara-lhe as más
horas;
separa-lhe o
amargo;
para mais tarde,
com retocada
admiração
— a seus pés —
cultuar-lhe como
fetiche, até.
Ia muito bem,
moderníssimo,
com seu jeito de
poeta. Quando
falou “alhures”, a
menina lhe
olhou. Emendou
um “sex appeal”,
aí ela
perguntou:
quantos anos vc
não tem?
Não o amor não
te basta/
Antecipar-me a
teus desejos/
Rastejar/
Despudorar-me
sob eles... é isso?
Então me avassala e
usa como
livre exercício
para aliciar
devaneios.
Foi sobre a tua
superfície
que mais brilhei.
Lavrei
excessos.
A corda tangida
em zil tons.
Ao sol dos
desejos
escancarados.
Longe já longe
de toda noção
de pecado.
Página publicada em maio de 2008
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