MARTINS DE VASCONCELOS
José Martins de Vasconcelos
nasceu na cidade de Apodi, Rio Grande do Norte, Brasil, no dia 11 de novembro de 1874. Ainda muito moço foi para Mossoró a fim de procurar trabalho e estudar. Ali, iniciou sua vida, desenvolvendo atividades modestas; foi vendedor de jornais, alfaiate, músico, para depois ingressar no jornalismo, dedicando-se ao mesmo a serviços tipográficos, instalando uma tipografia, ``O NORDESTE´´, que não existe mais. Participou ativamente de todos os movimentos literários e políticos de sua época, fundou jornais, fez teatro, criou bandas de música, escreveu e publicou os seguintes livros: ``Saltérios de Saudades´´(poesias), ``Renovos D´Alma´´(poesias), ``O Sultão´´(poesias), ``Histórias do Sertão´´(contos), ``Goivos´´(poesias). Faleceu em Mossoró aos 73 anos de idade, onde viveu e desenvolveu suas atividades de jornalista, poeta, músico, comerciante e intelectual dos mais primorosos.
Fonte da biografia: http://blogdomendesemendes.blogspot.com/
Textos do livro Obras Completas, 1956:
SALMO XII
Bem cedo, ao menos, eu serei contigo,
— Na dor do coração a morte leio...
Poderei amanhã, talvez, meus lábios
Da irmã dos anjos encostar no seio...
ALVARES DE AZEVEDO
Deste horroroso tremedal da vida,
Cego às venturas santas, divinais,
Livra-me, Santa, oh, luz indefinida!...
Quero ir contigo às plagas siderais,
Num sonho embora: quero ver querida,
Porque partiste e não voltaste mais...
Já que não vens à evocação do amigo,
Do teu esposo desolado e aflito,
Envia Lígia para estar comigo
Num sonho embora:... me achará contrito...
Quando da vida no torpor medito,
Faz-me tristeza a sombra dum jazigo...
Quero te ver na Luz, anjo bendito,
Leva-me em sonho: quero estar contigo...
MonÓlogo de um verme
(Num cadáver que jaz, apodrecido, imundo).
"Desçamos..." diz o Verme. "Aqui, no crânio, tudo
"É já visto: o encéfalo a fermentar... infunda..
"Vamos ao coração inexplicável mudo!...
"Entremos. Como densa é a treva! Como fundo
"É o mistério da vida.. onde outrora um estudo
"Seria bem fatal! Certamente é profundo
"Sondar o que isto foi!... Vejamo-lo desnudo.
"Em ruturas a aorta.. Um disco de clarão
"É mister, mesmo assim como as tardes no inverno...
"Pois há bastante sangue infecto, coagulado!
"Sorvamos este pus... mas... que profanação!
"De homem, mulher, que o seja, aqui, no céu, no inferno...
"Poupemo-lo: há de um dia, ao menos, ter amado!..."
Página publicada em janeiro de 2020
|