Campina Grade — passagem
Ida e volta de tropeiro...
A tropa, em passo ligeiro
no vai-e-vem da viagem
Vem trazendo na bagagem
um sentimento crendeiro,
Medieval, romanceiro
de antiga e saudosa imagem...
Um mundo sobrevivente
de arcaico rabequeiro,
que no cantar violeiro
ainda hoje se faz presente.
Campina da cantoria,
da louvação transbordante,
da poética marcante
Que a tradição irradia...
Campina Grande, bonita
Campina cosmopolita
de festas, de carnavais
Os que chegam, de passagem
desfazem sua bagagem
não te deixam nunca mais.
RAMALHO, Lourdes. Judite Fiapo em Serra Pelada. [ Cordel ]. Campina Grande, PB: TS Editora e Gráfica, s.d. 11 x 15 cm.
Ex. bibl. Antonio Miranda
[seleção de poemas...]
3 — Apres.
Fui professor da menina,
ensinei do A pra trás,
intelejumenta e ladina
parecia o satanás,
dançava com as pernas finas
um passo adiante, outro atrás!
6 – Jud.
Namorei com dois tenentes,
com três capitães me atraso,
com seis major — fui em frente,
com nove cabos me arraso,
me abandonaram e eu somente
fiquei com um soldado raso...
20 – Apres.
Uns, ganiam, se mordendo
— "ela é minha e eu sou dela"!
— "Se tas quente eu tou fervendo"
— "Meu coração por ti gela!"
— "Caso contigo, correndo,
não importa véu nem capela"!
40 – Jud.
Pode pinto ser doutor,
e galinha deputada,
cachorro comendador,
pata choca advogada,
satanás seu meu senhor
—Não volta a Serra Pelada!
*
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Página publicada em julho de 2021