JOAQUIM DE ARAÚJO FILHO
Nasceu em Macau, Rio Grande do Norte, em 04/12/1885. Exerceu o comércio e a função de guarda-livros [contador] em Recife [PE]. Obras publicadas: Livro de Elza [1907]; Euchologium [1913]; Citharedo [1915], e muitos outros; foi colaborador dos jornais de Recife e do jornal A União da Paraíba. Foi redator do Heliopolis e diretor da revista de artes e letras Vida Moderna.
Extraído de: GÓES, Fernando. Panorama da poesia brasileira. Volume V: O Pré-Modernismo. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 1960.
FATALISMO
Foi meu erro idear maior altura,
para um Sonho tão pobre e pequenino:
— Ninguém torna em ventura a desventura,
que é mais forte o desígnio do Destino.
Ninguém pode mudar a noite escura
em dia azul, sem nuvens, cristalino...
Da vida, a estrada é tão agreste e dura
que leva muita vez ao desatino.
Gira em torno de tudo uma Alta Força,
que, com letras de fogo, escreve a sorte
de cada Ser... Escreve, e passa adiante...
E do que escrito foi, não há quem torça
ou mude uma só letra, nem durante
a vida, nem também depois da morte.
A UM DESESPERADO
Não te apresses. Espera, que o teu dia
chegará. É fatal. Não falha nunca.
— No livro do Destino, a tua lauda
escrita está, clara e precisa...
Clara,
embora ninguém veja, mas se sabe
que a mão de Deus não erra no que escreve.
e na barca que leva a outras paragens
o teu lugar está vazio.
De O Pássaro do Sonho, 1955.
Página publicada em agosto de 2015
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