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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 

JOÃO GUALBERTO AGUIAR

 

Poeta, jornalista, João Gualberto da Cunha Aguiar nasceu em 5 de março de 1947, em Natal, filho de José Nazareno Moreira de Aguiar, escritor e poeta, e Maria do Carmo Cunha de Aguiar. Estudou no Atheneu, tendo integrado, nessa época, o time de basquete do América Futebol Clube.

Trabalhou na Folha de São Paulo, no Correio Brasiliense, e nos jornais natalenses A República, Diário de Natal e Tribuna do Norte.

 

Precursor da geração mimeógrafo, os primeiros livros foram mimeografados, entre eles, Máquina de lavar poemas, que recebeu o prêmio Othoniel Menezes em 1973, Teco-teleco-teco e Napalm.

Recebeu também o troféu Câmara Cascudo de União Brasileira de Trovadores, em 1985, com Contos de reis, e o Prêmio Câmara Cascudo, em 1991.

Com o pseudônimo de Don Sancho publicou, em 1990, Nuvempoema. (LT)

 

Obra publicada: Máquina de lavar poemas. Natal, 1976. (mimeografado, poesia);  Napalm. Natal, 1976. (mimeografado, poesia). Teco-Teleco-Teco: máquina de escrever. Natal, 1979. (mimeografado, poesia). Exposição de Motivos. Natal, 1981. (mimeografado, poesia). Lendas e Mitos. Natal: Cooperativa dos Jornalistas, 1987. (poesia). Nuvempoema. Natal: Fundação José Augusto, 1990. (poesia). Na piscina azul do mar. Natal, 1992. (mimeografado, poesia).

 

 

DE MANHÃZINHA

 

Às vezes, manhãzinha, vou chegando
em casa, após uma noite de orgia
Ouço das árvores a sinfonia
o canto dos pássaros, gotejando

 

Sinto não-sei-o-quê, uma alegria
uma espécie de paz vai me tomando
pois os pardais e os bentevis, em bando
são a eterna presença da poesia

 

Em casa, dou alpiste aos canários
de coloridos gorteios, multivários
e durmo, ouvindo-os, em sono profundo

 

Eles dormem à noite, os passarinhos
eu, boémio, navego bares e vinhos
para viver em paz com o meu mundo

 

(1985)

 

 

 

ODE TEMPORAL

 

Vem, Cidade, toma-me nos braços
e enche minha cara de beleza.
Manda suas ondas de mar a mim,
o seu próximo, adorador de sol e lua.
Abre o verde dos morros em meu nariz
e em meu despetalar de pitangas,
ouça a memória amarela dos cajás
e do vermelho castanho dos cajus.
As mangas doces dos antigos quintais,
onde florescem palmyras e pitombeiras,
repousam solenemente em nossa infância
e sujam mãos e lábios de Eternidade.
Faz-me ouvir os pássaros em canto migrante,
o bem-te-vi de penas livres musicais
e o tímido pintassilgo proibido nas gaiolas,
o canário belga de cores e gorjeios cativo
e o esplendor cósmico do galo de campina.
Há muito de pássaro na sinfonia dos motores,
da eletricidade e dos satélites a domicílio.

 

Vem, Cidade, use e abuse dos meus versos

de simples cantor de aldeia, dessa geografia

abençoada por todos os pólos da Poesia.

Inunde-me dos mais belos equinócios e solstícios,

maravilhas feéricas do nosso encantamento.

E quando a noite lunar cair sobre nós,

fiquemos a sós sob a sombra do coqueiro

no idílio do nosso plenilúnio de amor.

Apalpe-me, Cidade, afague meus cabelos

com os ventos, as algas, as pedras e as dunas,

Cidade, minha praia, a quem me dôo, em vôo e língua.

 

 

Página publicada em fevereiro de 2020

 


 

 

 
 
 
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