|
Foto e biografia:
http://sociedadedospoetasamigos.blogspot.com/
JANIA SOUZA
Jania Souza, escritora, poeta e artista plástica potiguar. Sócia-fundadora da SPVA/RN - Sociedade dos Poetas Vivos e Afins do RN. Sócia da UBE/RN, AJE/RN, APPERJ, Clube dos Escritores de Piracicaba. Participação em várias exposições coletivas e duas individuais. Participação em coletâneas nacionais e internacionais. Organizou os 05 volumes da Antologia Literária da SPVA/RN. Em 2007, lançou Rua Descalça com o selo Edições Bagaço/RE; em 2009, lançou as obras Fórum Íntimo (poemas) e Magnólia, a besourinha perfumada (prosa infantil) na 55a. Feira do Livro de Porto Alegre pela Editora Alcance.
RAPSODIAS. Selección de poesia contemporânea. Montevideo: aBrace editores, 2010. 96 p. 13 x 19 cm. Ex. bibl. Antonio Miranda
MEUS DEMÔNIOS
Enquanto minha pena desliza firme
Sobre o alvo papiro pensamento
No traço de novas galáxias
Para incontáveis aventuras
Apercebo-me que anos passaram
E eu
Desapercebida
Não notei.
Olhei-me no espelho
Busquei meus escondidos mundos
Lendo minhas rugas
Amigas teimosas sempre presentes
Tatuadas em meus duros dias
Pois, os dias felizes
Maquiaram-se em cetim na porcelana
Esculpida do meu semblante.
Meus demônios
(todos sepultados)
Ressuscitaram a fibra do condor
A galgar píncaros de liberdade.
Em suas recente e inconfessáveis jornadas.
Sem culpas, revejo antigo trem
Abarrotado com minhas histórias
Em trilhos de paisagens fogosas
Com velhos e chorosos moinhos de vento.
O CASULO DE CADA UM
Há uma borboleta em meu coração
E sinto todo o céu
E seu colorido d´ouro
Invadi-lo com estrelas e flores.
A felicidade dança e sorri
Num convite ao meu profundo íntimo.
Até mesmo o amor (...)
Há canto de liberdade pelas plagas
Na tessitura de caminhos de sonhos
Jamais navegados por incautos.
Partem-se elos no coração
E os moinhos de vento
Pressagiam nova canção.
Há voltas e voltas na sucessão dos dias (.;..)
Na terra, embora não pareça
O tempo do homem é longo
E as possibilidade inúmeras.
Cada momento compara-se a mais preciosa gota
Colhida no imenso oceano de cada um.
SEGREDOS DA NOITE
Quase num sussurro, geme a noite
Não sei se geme prazer da criação
Ou se geme rio em pranto de dor.
Seus segredos, turbilhões em repressão
Borboletas no mimo de mãe acalento.
Do céu, também, despencam anjos
Anseios em córregos de hormônios
Na quentura da explosão da paixão.
Frágeis riscos, o giz no papel machê
Onda suave ameniza o coração de Adão.
Ah! Os segredos da noite (...)
Sussurros, gritos, melodias
Em rede de saudade ardor
Pesca de sonhos na saia da lua.
O GRITO DA MINH´ALMA
O grito da minha alma
É o eco do teu grito
Acorda a tua criança
Esperança amanhecida.
Ponha nela teu sorriso
E com abraço fraterno
Conduza-a à escola
Berço da ave do saber.
Homem sem trabalho
Panela sem feijão
Criança sem escola
Adeus transformação.
NÓS DA POESIA. – volume 2. Org. Brenda Marques Pena. São Paulo: All Print, 2009. 119 p. Ex. bibl. Antonio Miranda
Nova Premissa
Em trilhas desencontradas
sigo sem saber bem onde aportar
o céu é meu limite
nesse cansado passo sem salto
ao redor de muitos sóis
Palavras são minha âncora
no relógio do sem fim
companheiro solitário em minhas andanças
Na penumbra da neblina
há espectro de harmonia
dança na boca leve sorriso
flor que desabrocha
da entidade que habita em mim
Eis o compasso de incerta jornada
pêndulo no ritmo do acaso
há destino, certo ou incerto
na linha das estrelas zodiacais
Há um bafo de presságios
no berço de cada rebento
seu choro não aplaca
a ira dos ventos
Engatinha na ponta afiada
da adaga do espantalho maldito
a quem tem de vencer
sempre a cada passo do dia
Há sortilégios segregados
no coração de quem passa
pisa pedras macias
e farpas embrutecidas
suas bênçãos são oferendas
aos entes da nova premissa.
CENA POÉTICA 10 - POESIA & PROSA. Adircilene Batista; e outros. Belo Horizonte, MG: RS Edições,
2024. 216 p. Exemplar da biblioteca de Salomão Sousa
Poeta
Poeta
Embarca no vagão
Da velhice
Sem abandonar a essência
Da alegre criança habitante de si.
No obscurantismo da existência
Poeta, esse eterno adolescente
Cre ser cavalo alado
Sombreiro ao sol
Palavras não acabadas...
Poeta é gente sem cor
Dor esguinchada num grito
Mudança à felicidade.
Poeta é sorvete derretido
Na língua que lambe a alma
Mesmo com as frustrações do mundo
Poeta encontra o sentido na luz
E borda versos no peito menino
Poeta navega em asas-palavras e voa
Infinito adentro.
Colibri em ardência reluz
E solta à voz poema.
Útero
Em ti, mãe
Busco o Eterno aconchego
Esse Ninho da minha morada
Guardião e fortaleza
Das minhas idades-sementes
Tecido no perfume
Das pétalas de lírios do campo
Acolchoado no amor do teu afago
Essa Chama de ternura
Advinda da tua alma
Na acolhida do meu ser
Amanhecido em fragilidade.
Útero em que passei
Apenas alguns meses
Recanto de abrigo
Conforto e carinho
Que permanece guardado
Em minha memória
E liga-me no sempre do teu eu.
O passeio
Num passeio sem compromisso
Por ruas de saudades
Redescubro emoções passadas
Do carrinho de sorvete de baunilha
Do amendoim torrado na esquina
Do pirulito açucarado no tabuleiro
Do menino
Da fila do cinema no domingo
Da igreja lotada na pracinha
Do namorado da mocinha.
Brincadeira de esconde esconde
Beijo à porta de prédios no abandono
Escondidos neles, emoções e traumas
Esquecidas no rio dos dias
Em que a ponte do horizonte
Atravessa enviesada
Sobre lágrimas de passado
Aberta em pétalas-sorrisos
Suspensa entre arco-íris
E o avião passa...
E o cachorro ladra...
E o jornal voa
Com a poesia
Que permanece
No arrebol
De cada dia...
*
Página ampliada e republicada em dezembro de 2025.
VEJA E LEIA outros poetas do RIO GRANDE DO NORTE em nosso Portal:
http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/rio_grande_norte/rio_grande_norte.html
Página ampliada em dezembro de 2020
Página publicada em janeiro de 2020
|