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SIMBOLISMO – POETAS SIMBOLISTAS


HENRIQUE CASTRICIANO

 

Irmão de Auta de Sousa, de tão famosa espiritualidade, Henrique Castriciano de Sousa "era de temperamento delicado, um valetudinário perpétuo, e homem de vasta cultura", segundo afirma Andrade Murici. Nascido em Macaiba, no Rio Grande do Norte, em 15 de mar(x> de 1874, Henrique Castridano de Sousa começou a estudar Direito no Ceará, mas formou-se no Rio, em 1904. Tuberculoso aos 18 anos, fez bem sucedidas viagens de cura a Suíça — como então se usava. Ocupou altos cargos públicos na Paraíba e em seu estado natal, de que chegou a Vice-Governador, Foi deputado estadual e aposentou-se como funcionário do Tribunal de Contas da União. Faleceu em Natal, em 26 de julho de 1947.

Silvio Romero não o considerava nem parnasiano, nem nefelibata; tomava-o como poeta de transição. 0 soneto que a seguir transcrevemos é nitidamente simbolista, embora em verdade Castriciano ostente outros traços, como o decadentismo escandalizador em "Monólogo de um bisturi" e mesmo o parnasianismo.

 

Obra poética: Iriações, Natal, 1892; Ruínas, Ceará, Tip. Universal, 1899; Mãe, Natal, 1899; Vibrações, Natal, 1903.

PÉRICLES EUGÊNIO DA SILVA RAMOS, in  POESIA SIMBOLISTA Antologia. São Paulo: Melhoramentos, 1965, p. 373-374.

 

 

FEBRE

 

Por toda a parte rosas brancas vejo...

Rosas na fímbria loira dos Altares,

Coroadas de amor e de desejo...

Rosas no céu e rosas nos pomares.

 

Uma roseira o mês de Maio. Aos pares

Surgem, da brisa ao tremulante arpejo,

Estrelas que recordam, sobre os mares,

Rosas envoltas num cerúleo beijo.

 

E quando Rosa, em cujo nome chora

Esta febre cruel que me devora,

 

De si me fala, em gargalhadas francas,

 

Muda-se em rosa a flor de meus martírios,

0 som de sua voz, a luz dos círios...

0 próprio Azul desfaz-se em rosas brancas.

 

 

 

Os simbolistas, já houve quem o observasse, nutriam o culto da rosa; a par disso, e como Cruz e Sousa, Castriciano mostra a obsessão do branco.

 

 

FREIRE, Laudelino. Pequena edição dos Sonetos brasileiros. 122 sonetos e retratos.  2ª. edição augmentada.  Rio de Janeiro: F. Briguet  e Cia. Editores, 1929. 256 p.  12,5x16 cm.  capa dura  Impresso na França por Tours  Imp. R. et P. Deslis.

 

MONOLOGO DE UM BISTURI

 

« Primeiro o coração. Rasguemol-o. Supponho

Que esta mulher amou : tudo está indicando

Que morreu por alguém este ser miserando,

Mixto de Treva e Sol, de Maldade e de Sonho

 

Isso não me coinmove : adiante! Risonho

Fere, nevado gume! e ferindo e cortando,

Aço, mostra que tudo é lama e nada, quando

Sobre os homens desaba o Destino medonho...

 

Fere este braço grego! E as pomas cor de neve!

E as linhas senhoris que a penna não descrevei

Ë as delicadas mãos que o pó vae dissolver!

 

Mas poupa o ventre nu, onde um feto gerou-se

Porque hás de macular o somno casto e doce

Desse verme feliz que morreu sem nascer? »

 

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LIÇÃO ERRADA

 

       ...E o sábio disse: “Meus senhores, esta
mulher que vemos sobre o laje fria,
foi como a noite vida após um dia
de cerração, num ermo da floresta.

Seus olhos verdes como verde a giesta,
tinham brilhos de fúnebre ardentia,
fosforescentes como a pedraria
de um colar de princesa em régia festa.

Não teve coração!” —E, nisto, o sábio
rasgou-lhe o seio e... recuou... Seu lábio
contraiu-se num gesto estranho e lento...

No peito havia um coração partido,
morto de amor, de lágrima ungido,
e lacerado pelo sofrimento!

 

 

LIVRO DOS POEMAS.  LIVRO DOS SONETOS; LIVRO DO CORPO;  LIVRO DOS DESAFOROS; LIVRO DAS CORTESÃS; LIVRO DOS BICHOS.  Org. Sergio Faraco.   Porto Alegre: L.P. & M., 2009. 624 p.   ISBN 978-85-254-1839-1839-5                   Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

        OLHOS DE DULCE

      
Um quê de estranho, forte e penetrante,
       há neste olhar que as almas dilacera;
       tem um olhar de domador de fera
       esta formosa e pálida bacante.

       Quando ela passa, rindo, triunfante,
       murmuram todos: "Ri-se a primavera!..."
       Um colibri suspira: "Ai, Quem me dera
       beijar-lhe o róseo lábio provocante!"

       Astros malditos, de lampejos vagos,
       têm os seus olhos chamas diamantinas
       e ao mesmo tempo sensuais afagos...

       Como eles matam! Dulce, a que destinas
       estes dois negros, traiçoeiros lagos,
       estas duas estrelas assassinas?

 

*

Página ampliada e republicada em janeiro de 2023.

 

 

 

 

 

Página publicada em setembro de 2009, ampliada e republicada em abril de 2014. 

Página ampliada e republicada em junho de 2020

 


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