|   FELIPE GARCIA DE MEDEIROS Nasceu em Imperatriz, no Maranhão, em 1989. Formado em Letras – Português e  Literaturas pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte mestrando na mesma  instituição (2012).
 Vive em  Caicó-RN, como professor de Língua Português e Literaturas do IFRN e mestre em  estudos da linguagem pela UFRN. (2017)   GARCIA, Felipe.  Morrediço  mar: fragmentos soterrados. Trípticos.   Guaratingueté,  SP: Editora Penalux, 2017.  156 p.  15x21 cm.    ISBN 978-85-5833-196—1  Ex. bibl.  Antonio Miranda   "Nada  exaure esse exercícioledo
 de obstruir palavras
 entre loucura e medo."
 FELIPE GARCIA
   "Essa conceituação de  tríptico, tanto no que diz respeito à forma quanto ao conteúdo, é reelaborada  por Felipe Garcia neste livro que já nos arrebata pela disposição não usual dos  poemas. O poeta lança mão da definição de tríptico proposta por Bacon,  transpondo-a para a folha em branco. Ao mesmo tempo em que procedemos a uma leitura  linear, também fazemos uma leitura global, imagética, já que as partes que  compõem cada tríptico são dispostas lado a lado, e não nos arranjos tradicionais  do poema. Tal escolha já conduz o leitor a um deslocamento do olhar e dos  processos de decodificação e compreensão do texto, o que é reforçado pela ausência  de títulos dos poemas. Um título, por si só, constitui uma via de percepção,  sugerindo, de antemão, uma maneira de apreender os objetos e fenômenos. Ciente  disso, o poeta despoja-se deles para que o olhar do leitor navegue em busca de  sentidos livremente, sem qualquer bússola que o direcione. a não ser suas  próprias experiências de vida e leitura." (...)   
 "(...) sem  pressa,o perpétuo e morrediço
 mar
 que nos atravessa
 antes que possamos navegar."
 
 "Com sua  lírica incisiva, Felipe assume a figura de um oleiro que busca moldar a  liquidez do homem contemporâneo, segredando-nos, poeticamente, que, diante da  fluidez de tudo, é preciso calar-se e agarrar-se à memória para fundar a si  mesmo, nessa procura de equilíbrio entre o imanente e o transcendente." / "E o  que seria a poesia — entenda-se a arte como um todo — senão uma educação dos  sentidos?"                    KALIANE AMORIN, na brilhante apresentação do livro.   "tempopara consumir o corpo
 que nos decompõe."
   Estamos diante de uma poeta em  formação e decomposição, em fragmentos soterrados e redescobertos pela busca do  ser em sua transição. ANTONIO MIRANDA       página  em construção: entrar capa, 2 páginas de tripticos, contracapa e ao final da  página a foto do poeta...       GARCIA. Felipe.  Pó-E.t.  Guaratinguetá, SP: Penalux, 2015. 122 p.  14x21 cm.   ISBN 978-85-69033-30-1  “ Felipe  Garcia “  Ex. bibl. Antonio Miranda   “Poesia monolítica. Os versos que fazem  um lembrete à dimensão imemorial que nos atravessa, a todos, como seres  humanos.” JOÃO LEMOS FRANÇA
                       Futurorefém
 de  si
 mesmo
                hoje —me  sou
 outro
 a  esmo
                e várioatravés
 de  mim
                estudo —o  revés
 assim.
                         *                Aprendia  ser
 íntimo  do
 verso.
                Nele eume  distingo
 dos
 sonhos
                  o idênticome
 rebela
                e o realme
 interna.
                     
   MEDEIROS, Felipe Garcia de.  Cápsula.  São Paulo, SP: Editora Kazuá, 2014.   172 p.   14x20,5 cm. Apresentação: Rudinei Borges.  “Orelha do livro” por André Pinheiro.  Edição: Evandra Rhoden  e Claudia Aguiyrre. Capa: Osvaldo Piva.   Contra-capa:     texto de Antonio Miranda. ISBN 978-85-66179-54-5    “ Felipe Garcia de Medeiros “ Ex. bibl.  Antonio Miranda Não esperem uma linearidade nos poemas de  F.G.M., que confessa: "minha cabeça rolando na lâmina/ opaco/ como os  cacos/ de vidro no olfato". É o que devemos decifrar da leitura dos poemas  deste livro, livre de qualquer presunção de reconhecimento do coloquial e do  convencional.  ANTONIO MIRANDA
 
     MEDEIROS, Felipe Garcia de.  Frio  forte.   Rio de Janeiro: Editora  Multifoco, 2012.  124 p.  14x21 cm.    Capa e diagramação: Guilherme Peres.   ISBN 978-85-7961-833-6    Col.  A.M.     “recolho as  palavrase, fatalmente,
 rogo em silêncio
 pelo verbo
 que será a porta
 de onde
 sairei
 e tu me habitarás”
     O Quarto está Congelado: Plath me Visita com Anel   Tí-  bio/vol-  tei a ser  criança estupidamente.  O meu coração  foi perfurado nessa hora  porque era de leite.  Noites Brancas - que me vi  precipitado de cristais/e estranha nevasca  entupiu as passagens  para os cómodos  da casa   Stasis in darkness.   Ou-  vi trotes  de anjos  no es-  paço  como casca  e meu" coração  acelerou agoniado.  Do leite que escorria no chão surgia  patas de cavalo, ou pernas de mulher  saíam, era uma asa  ou uma fada/olhos de cavalo  o assobio/um lobo  úmido, escorrendo  lactose na pele  vias, dorso,  perfumes/  luz, cumes  esforço  para  criar   era  ela - no auge, a mulher perfeita   a visão me congelou a alma quebrando estalactites de gelo   so-                               brea
                       car-                     ne do me-
                               u   cor-                     pó.     Plath senta a meu lado e re-  cita poemas para  mim feridas/de casa  escorregões na vida  risos/apertados-a-cara-rosada.        E antes que ela ligue o gás peco-lhe continue a me costurar nos poemas   há  cicatriz nos lábios e estigmas nas paredes   ho-                             .  ras de  des-  espero  se-  gundos  de angústia   para tirar  de mim  a gota única  que se  esgota no meu sangue  compondo  a distinta  túnica  que me  despe e ma-  ta  nu   cuspo ossos pedras cascos   para me fazer sumir como a poesia no poema e me misturar à luz   ser o opaco  obstruir  o espaço  onde  vivi  e ver  surgir no mais frio  dos dias  mais  frígidos  o calor  do teu bafo  que estertora  ar-  ranques  estoura  sinos desenterra/corpos  reanima mortos - me entra  por fora  e me  escreve:   a-  corda   a  imagem   ela  é  a porta   que  abre   e  a palavra  a  besta  que  fecha.   Era para tu ires  assim  na boca  de uma  for-  nalha  antes de se des-  pedir  do sono  para acordares  como todos nós  após  outro  dia  no paraíso?   Eras  mais do que capaz para poemas.   Sabias  que  tu quebraste  a película  de a-  crílico dos meus lábios  fugiu/correu  e encheu  de beijo  o cor-  po  que morre  todos os dias  à noite  antes  de se  desfazer  em diversas  po-  si-  ções.   Teu  olho frio me arrancou a fome/e a perdi   não te esqueças de mim que o teu amor não passe como meu corpo que se foina escuridão
 fraturado em tantas peças nem teu passo me aperte no chão quando eu estiver gemendo as dores que pari na vida.   Não, o destino não serve para nós/ há só um abismo que nos cerca   e abre uma fenda entre o céu e o pensamento.   Acaricia  o ven-  to descabele-se  noite  a dentro   e ouça o meu uivo  nos dias de  lua cheia/ que eu sou  a saída  falsa que procura  a  tua alma querida:  tambor  solto na carroceira/a rolar  a inefável dor  de possuir  bra-  ços frouxos peito empolado  pernas  de pino  arreios falsos/atrelados ao cavalo que pousa na xícara  para saciar  a sua  rapidez    Ariel  me olha/bafeja e beija os meus pés.   Nos  olhos do cavalo  a despedida  sangrenta  do Nada  nos  olhos de Plath a felicidade  intrusa/maçã verde  para  a vida  a-  massada.   Ela sorriu  a derreter  a fri-  aldade  da noite  com poemas misturados ao éter e na mesma hora sumiu com Ariel pelas brechas do dia dissipados.   Eu me desfaço  em poesia  todos  os dias  me deparo  com o outro  e  a só   pergunto:   a tua vida não é o maior    que isso?   Formei  a paralisia  no  espelho   e quem escreve se éhomem
 menino/fantasma cavalo ou braço   não sei  porque   se um dia  chover na  minha terra  digam que  já não preciso    mais dela   há um corpo lá fora esmagado/e uma  criança que chora no quarto.
 
 MEDEIROS, Felipe Garcia de.  Frio  forte. Guaratinguetá,  SP: Penalux, 2014.  144 p.  14x21 cm.   ISBN 978-85-66266-70-2   Col. Bibl. Antonio Miranda  “Confesssional,  inquisidor, perquiridor, arauto de nossos sufocos e alucinações, mental e  verbal, venial, sintonizado com os tempos dilacerantes que (re)vivemos ou em  que fenecemos. Poemas longos, desbordantes. Ele sente frio em zona tórrida!”  ANTONIO MIRANDA   3G  (Ultima Geração)   A esta hora em que te escrevo tarda qualquer expressão. Se existir na boca uma sobra de verbo, ou bafo, não saberei te dizer com as mesmas palavras de Eliot ou Svevo. Chorei ao ver e ouvir Le Bateau Ivre de Rimbaud no youtube e o vídeo colorido e animado parecia a realidade da poesia na realidade em que eu vivo.   Tem dia que penso em deixar a  fantasia (não pensar no cosmo à noite e deixar de sonharde dia).
   encerrar a história sem fim que tantas vezes me iluminou na infância. - Bobagem, ou não. Ontem passei o dia em vão como se a alegria se esgotasse na viagem.   Aonde fui me meter ninguém me esconde.   Sabia: hoje, ser poeta é não ser conde nem santo nem padre nem cristo.   Fiz o plano 3G e tenho, durante 24h, noticias  filmes poemas o  diabo-a-sete  por apenas 89 reais mensais acesso à Internet. Imagina como está minha nova vida: madrugadas, estranhas covas, o silêncio — e a solidão.   Quando, de repente, eu ouço rap me anima qualquer rima do Emicida: ele também é um da gente, cara ferida. O que são nossos versos e essa missão a que o profeta alude?   Um dia farão a minha biografia o documentário começará com a chamada   o  poeta e será válida a vida.   Mas que ritmo robusto pode aparecer nos meus braços quando eu abrir as pernas diante de um site para ver os filmes mais quentes não, não sei se vou aguentar passar a vida inteira fingindo como uma Pessoa boa ou fingindoser uma Pessoa
 má - ou rindo dizendo que não sou isto nem aquilo.   Ganharia bem mais se adquirisse um estilo lucrativo clonando ao invés de criar.   A maior obra está por vir.     Página publicada em julho de 2013, ampliada e republicada em março de 2014. Ampliada e republicda em dezembro de 2017;     
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