BARBOSA DA SILVA
(Rodrigo Barbosa da Silva, 1979- )
Autor de Flâmulas, hidras e coquetéis. Natal, RN: Sol Negro Edições, 2011. 54 p.
Poemas extraídos de
SOL NEGRO: ANTOLOGIA POÉTICA: Barbosa da Silva, Márcio Magnus, Márcio Simões, Sopa d´Osso. Natal, RN: Sol Negro Edições, 2011. 100 p. 2ª. Edição. Exemplar n. 04 de uma tiragem de 20 exemplares.
DE POEMAS
I
atravessei o núcleo numa carreira e nasci
dançando
repuxava os bicos seios de minha mãe
atravesso as trevas
escapo longe
o sol doura o corpo quente meu primeiro dia
barrento coração rebenta violentado em luz
III
à noite a dama doce amada suada dorme
ao fogo seus cabelos consolam seus olhos
nublados abrandam meu olhar.
à noite as coisas tiveram num falo de sorte
o entrelaçamento das volúpias
e a pulsação única do mundo.
o talo verde namora o aroma da rosa
essa doce menina de corpo infinito.
IV
GIRA DEUS
Gira deus no dormitório dos monges
no toalete das freiras
nas esquinas dos bêbados
nas tocas dos maconheiros
gira deus nas faces insones
gira deus nas orações da noite toda
nas bundas das desinibidas irmãs
gira no girassol
gira sol e girassol é meu deus
e girassol é meu olho inclinado ao acaso
ao descaso da vigília
gira deus
e me encontra nessa desordem de coisas
onde tudo pira
onde tudo gira
ave maria gira e traz meu espírito de volta
deve tá na china
ou ainda pior deve tá na oficina de deus
concertando o volante
zerando o cronometro e o velocímetro
ou aporrinhando os santos
gira deus na chuva debaixo da luz amarela
por cima da chuva por cima de mim e em mim
gira deus em tudo.
SILVA, Barbosa da. Flâmulas, hidras & coquetéis 2009-2011. Natal, RN: Sol Negro Edições, 2011. 56 p. ilus. 11,5x17,3 cm. 1ª. Edição, primeira tiragem: 30 exs. “ Rodrigo Barbosa da Silva “ Ex. bibl. Antonio Miranda
AURORA NA RUA CHILE...
Aurora na Rua Chile
onde antílopes
nos antípodas nebulosos bateram
tambores da mente & sopraram
[seus trompetes
& cantaram com seus emaranhados cabelos acesos
ao vento no rosto multiforme
das almas variadas do sopro
toques soando sem saber ser totens
pululando
palpitando
nos rios antecedendo ruas descendo
vendo alcoólicos ancorados nos botecos e morre-em-
[pé da vida
com sobrancelhas arqueadas nos olhos a disparar no cais
cremoso luar lodoso escuras gotas
bexiguentas adoráveis e voadoras
tiro azul-negrado de cerveja suja
olhos rubros de prazer
vozes
que hão de se pôr
mais tarde
como o sol
a descer
tântricos que
desabrocham
do cais
no caos
Página publicada em março de 2012; página ampliada e republicada em abril de 2015.
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