ANTONIO SOARES
ANTONIO SOARES DE ARAUJO nasceu na cidade de Açu, Rio Grande do Norte, aos 21 de julho de 1879. Filho do Coronel Pedro Soares de Araújo e de d. Ana Senhorinha Soares de Araújo. Desembargador do Superior Tribunal de Justiça de seu Estado. Da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras e do Instituto Geográfico e Histórico do Rio Grande do Norte.
Bibliografia: — "Dicionário Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte", 1930; • "Lira de Poti". versos, 1950.
REZENDE, Edgar. O Brasil que os poetas cantam. 2ª ed. revista e comentada. Rio de Janeiro: Livraria Freitas Bastos, 1958. 460 p. 15 x 23 cm. Capa dura. Ex. bibl. Antonio Miranda
A FORTALEZA DOS REIS MAGOS
Largas muralhas, rijas e pesadas,
Batidas pelo mar e pelo sol,
Sustendo sobre abóbadas e arcadas
A branca e esguia torre do farol.
No abandono, sem armas nem paiol,
O Forte — lutador de eras passadas —
Vê desfilar, das vagas no lençol,
O pacato cortejo das jangadas.
Em segredo conserva o poema antigo
Das guerras holandesas, das batalhas
Sustentadas com o batavo inimigo...
Vezes, porém, parece que se alteia,
Perdida no silêncio das muralhas,
A voz de Pedro Mendes de Gouveia.
("Musa Potiguar)
AÇU
Do Cabigi além, na sertaneja plaga
Que a estiagem flagela e a chuva enche de vida,
Onde, à tarde, o nordeste acaricia, afaga,
Do verde carnaubal a copa ao alto espia.
Está, florente e bela, a cidade querida
Que é meu berço natal. Por mais singela e vaga,
A memória conserva, em saudade envolvida,
A impressão infantil, que o tempo não apaga.
Recordo a várzea, o rio... Aspectos que vi,
A lagoa Piató, na enchente e na vasante,
O parque e o laranjal da casa em que nasci.
Recordo a voz do sino em vibração feliz
E o cordeirinho branco, esguio e vigilante,
Solitário, a girar, na torre da matriz.
("Musa Potiguar")
Página publicada em dezembro de 2019
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