Parque  Zeferino Brasil, em Taquari, sua cidade natal. 
                ZEFERINO BRASIL  
                  (1870-1942) 
                 
                 
                Nasceu em Taquari, Rio  Grande do Sul. Foi poeta parnasiano e simbolista. Foi membro fundador da Academia Rio-Grandense de Letras. "Foi o maior  poeta parnasiano do sul do país", segundo Manuelito de Ornelas, embora sua  arte tenha tido muito de simbolista. 
                Recebeu a láurea de "príncipe dos poetas do Rio Grande do Sul".  
                Obras publicadas: Alegros e Surdinas, 1890; Traços Cor de  Rosa, 1892; Comédia da Vida, 1896; O Sul na Ponta, 1897; Juca, o Letrado , 1900  ; Na Vida e na Morte, 1901; Ester, 1902; Vovó Musa, 1903; Amores de Velho,  1903; O Outro, 1904; Visão do Ópio, 1906; Na Torre de Marfim, 1910; O Beijo,  1922; Meio, 1922; Teias de Luar, 1924 ; Boêmia da Pena, 1932; Alma Gaúcha,  1935; Hino ao Padre Joâo Cacique de Barros; O Carneiro. 
                  
                TEXTOS EM PORTUGUÊS     /   TEXTOS EN ESPAÑOL  
  
                  
                ZELOS 
                  
                                   De leve, beijo as suas mãos  pequenas, 
                                   Alvas, de neve, e, logo, um  doce, um breve, 
                                   Fino rubor lhe tinge a face,  apenas 
                                   De leve beijo as suas mãos de  neve. 
                  
                                   Ela vive entre lírios e  açucenas, 
                                   E o vento a beija, e, corno o  vento, deve 
                                   Ser o meu beijo em suas mãos  serenas, 
                                   — Tão leve o beijo, como o  vento é leve.. . 
                  
                                   Que essa divina flor, que é  tão suave, 
                                   Ama o que é leve, como um  leve adejo 
                                   De vento ou como um  garganteio de ave, 
                  
                                   E já me basta, para meu  tormento, 
                                   Saber que o vento a beija, e  que o meu beijo 
                                   Nunca será tão leve como o  vento.. . 
                  
                  
                FORMOSURA IDEAL 
                  
                Esta visão que em sonhos me aparece, 
                e que, mesmo sonhando, me resiste, 
                por que foge, por que desaparece, 
                mal eu desperto, apaixonado e triste? 
                  
                Por que, branca e formosa resplandece 
                como uma estrela, e a torturar-me insiste, 
                se é certo, - oh! dor cruel que me  enlouquece!... 
                que ela somente no meu sonho existe? 
                  
                Cheia de luz e de pureza e graça, 
                - alma de flor e coração de estrela - 
                ela, sorrindo, nos meus sonhos passa... 
                  
                E sempre a mesma angústia dolorida: 
                branca e formosa dentro d´alma tê-la, 
                sem poder dar-lhe forma e dar-lhe vida! 
                  
                  
                  
                NA ALCOVA 
                  
                Formosa e diáfana visão de lenda, 
                Elsa, subindo o leito de escarlata, 
                o cortinado cerra, e a rir, desvenda 
                a alva nudez escultural e exata. 
                  
                Antes que o fino laço se desprenda, 
                a loura coma em ondas se desata, 
                e a moça esconde em flóculos de renda 
                o régio corpo modelado em prata. 
                  
                Doce perfume o colo lhe embalsama... 
                Abrindo as asas de rubi e lhama, 
                olha-a, entre flores, um cupido louro... 
                  
                Cerra, afinal, as pálpebras de neve, 
                e o sonho desce, e estende, leve, leve, 
                sobre o leito o estrelado manto de ouro... 
                  
                  
                  
                  
                TUAS MÃOS 
                  
                Tuas divinas mãos de pura neve, 
                  obra-prima de linhas delicadas 
                  artisticamente trabalhadas 
                  em fino mármore, correto de leve. 
                  
                Tão doce perfeição se não descreve, 
                  que tuas mãos fidalgas e adoradas 
                  não são mãos para serem decantadas 
                  nas breves rimas de um soneto breve. 
                  
                Que lindo pregador que se faria 
                  de tuas mãos de exótica magia 
                  e desejadas por quem nem supunhas! 
   
                  Tudo eu daria para serem minhas 
                  essas formosas mãos de puras linhas, 
                  depois... embora lhes sentisse as unhas.  
  
                  
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                TEXTOS EN ESPAÑOL  
  
                ZEFERINO BRASIL   
                [CEFERINO  BRASIL]  
  
                Zeferino  Brasil, natural de Cachoeira, Rio Grande del Sul. Poeta  de  varia inspiración y estro poderoso,  ísimbolista de extraña concepción en Visão de 0pio, es un lírico delicado  que lleva a sus versos fragancia ingenua y campesina. C. B. es tambíen  elegante prosador y vigoroso periodista.  
                  
                Obra poética: Traços côr de rosa, 1893.-A Visão de Opio, 1906. - Alegros  e surdinas; Vovó Musa, 1909. - Na Torre  de Marfim,  1911. 
                  
                  
                  
                  
                LA SANGRE  
                  
                
                
                  iOh,  sangre! Es color sangre la túnica que visto,  
                    sin recamados de oro, ni aplicación de lotos.  
                    Nosotros siempre entramos de otros mundos remotos  
                    con la sangre materna a este mundo imprevisto.  
                    
                  La sangre es savia, vida, fuerza; por ella existo  
                    anunciando no sé que clarores ignotos.l 
                  Refulgen  en altares y en almas de devotos  
                    su sangre redentora; las  heridas de Cristo.  
                  iQué la sangre gloriosa, y aún vírgen de sondas,  
                    sea amada y no brote a golpes inseguros,  
                  de arterias de los buenos,  de arterias de los sanos!  
                  Mas que la sangre corra y que ella corra en ondas,  
                    si tanto es menester para que siendo puros,  
                  los hombres, al final,  sean todos hermanos.  
                 
                  
                
                
                    FLOR  BUCOLICA  
                 
  
  Vas morena a la fuente, y hechícera,  
                    buscas agua y te ves en el cristal  
                  que  copia tu mirada tempranera  
                  sin  sombra de vigilias ni de mal.  
                      
                  Y ordenas de mañana en la tranquera,  
                    y espigas vas quebrando en el maizal,  
                  y  entretíenes la noche a luz casera,  
                  con  la aguja, la almohada y el dedal.  
                      
                  Nada en tí hay de romántica orgullosa,  
                    toda eres bucolismos, ioh, golosa  
                    de  bromelias, pitangas y arazá!  
                      
                  iCígarrilla de un bosque de alegria,  
                    la rosa te enseño coquetería,  
                  y tus cantos aprendiste  del sabiá!  
                    
                  
                  CUATRO SIGLOS DE POESÍA  BRASILEÑA.  Introd., traducción y notas de Jaime Tello.         Caracas:  Centro Abreu e Lima de Estudios Brasileños; Instituto de Altos Estudios de        América  Latina; Universidad Simón Bolívar, 1983.    254 p     Ex. bibl. Antonio Miranda 
                    
                  Traducción de Jaime Tello:   
                    
                                  DE  LEVE BESO SUS MANOS PEQUEÑAS 
                     
                De leve beso sus manos pequeñas, 
               Albas,  de nieve, y luego, un dulce, un breve 
               Fino  rubor le tiñe el rostro , apenas 
               De  leve beso sus manso de nieve. 
   
               Ella vive entre lirios y  azucenas. 
               Bésala  el viento y, como el viento, debe 
               Mi  beso ser en sus manos serenas: 
               —Tan  leve el beso cuanto el viento es leve. 
   
               Que  esa divina flor, que es tan suave 
               Ama  lo leve, como embeleso 
               Leve  del viento o el cantar de un ave. 
   
               Saber me basta, para mi  tormento, 
               Que  el viento es quien la besa, y que mi beso 
               Nunca  será tan leve como el viento. 
                    
                  * 
                    
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                Página  publicada em novembro de 2008; ampliada e republicada em dez. 2011; ampliada em junho 2020. 
                
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